segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A História do Brasil Segundo o Xavante Munhoso - Cronologia de uma Paixão


No início, era o E. C. Pelotas...
E, Deus vendo que precisava fazer alguma coisa para abrilhantar esta festa disse: “Faça-se o G. E. Brasil!” E criou o G. E. Brasil nas cores verde e amarelo tal qual a Nação brasileira... Mesmo assim, Deus sabia que faltava algo... E dotou o novo clube dum espírito guerreiro, desafiador e pioneiro. Deus ainda deu liberdade total aos verde-amarelos para agir segundo sua própria vontade. E a nova agremiação agiu conforme Deus lhe criou. Na primeira batalha, perceberam os líderes do G. E. Brasil, que realmente teriam de ser diferentes se quisessem levar alegria, garra e emoção a todos que torcessem por esse time. A ideia já amadurecera, os atletas estavam a postos, faltava ainda o uniforme para entrarem de vez em campo.
Atentos ao que ocorria na cidade, conheceram uma pessoa fanática por um outro clube. O carnaval estava entranhado em todos que participavam dessa entidade. Foi amor a primeira vista e desde então o Clube Diamantinos estaria intimamente ligado a História do G. E. Brasil.
Rubro Negro de coração, essa pessoa doou as camisetas para o time que ora surgia e fez um pedido: “Quero que vocês tenham garra e ostentem no peito as cores do meu vermelho e preto. Lutem contra os mais fortes e tenham esperança. Agindo desta maneira, terão o seu nome gravado na História.” Eu não participei dessa conversa, pois meu espírito ainda estava junto ao Divino, mas acredito realmente que essa profecia tenha ocorrido, senão nestas palavras, na força da emoção e da paixão.
Não teve dúvidas, e a primeira atitude do G. E. Brasil foi se posicionar desafiadoramente ante os reinantes de então. Adotaram de vez as cores do Rubro Negro carnavalesco e a partir daí a Princesa do Sul nunca mais foi a mesma...
Outro fato que teve significativa importância na decisão dos fundadores do G. E. Brasil com relação a trocar as cores consagradas pela Seleção Brasileira, foi para se destacarem em relação aquele que inegavelmente viria a se tornar o grande rival. Premonizados da confusão que daria cada vez que G. E. Brasil e E. C. Pelotas se enfrentassem nos gramados da vida, visto que este tem em seu uniforme as cores azul e amarelo e o Xavante teria o amarelo e verde, valeu-se o Rubro Negro de sua índole rebelde e incorporou de vez o vermelho e preto que tão bem representam a luta e a vontade de quem quer vencer. Isto, de fato, causou um grande impacto e acirrou de vez a disputa eterna entre os dois representantes maiores da Princesa do Sul. De mais a mais, os áureo-cerúleos têm as cores do Clube Caixeiral e os Xavantes encarnaram o rubro-negro do Clube Diamantinos, outra grande rivalidade de então, donde vem toda esta empolgação a cada Bra-Pel por este mundo de Deus.
Os primeiros anos foram muito difíceis. Os adversários estavam organizados há mais tempo e não queriam saber de ceder terreno. Estávamos em 1911, o futebol era praticado por poucos clubes mas, mesmo assim a briga era aguerrida e ninguém queria perder espaço no cenário de então. O batismo do G. E. Brasil foi determinante para consagrar o espírito guerreiro que marcaria essa agremiação. Muitas derrotas, escores humilhantes até, mas o Rubro Negro ali firme a lutar por suas cores. Sabiam, desde então, que a vitória final chegaria. E ela, de fato, nos consagrou.
Muitos doaram suas vidas pela grandeza do G. E. Brasil, mas vou mencionar aqui apenas três. Breno Corrêa da Silva e Salustiano Brito, estes dois tiveram a graça de receberem a inspiração Divina para dar início a toda esta História. O terceiro, que para mim, foi o mais importante, infelizmente não sei o seu nome. Mas não há como renegá-lo, pois naquele gesto concreto de dar um simples uniforme, mostrou toda a grandeza na doação, marca maior de quem realmente se identifica com esse Clube. Seu anonimato nada mais é do que a identificação que milhares e milhares de pessoas têm para com o Rubro Negro dos Pampas.
Tudo isso aconteceu após uma divergência entre dirigentes e jogadores do Sport Club Cruzeiro do Sul e funcionários da Cervejaria Haertel, berço desta equipe . O campo do Club Cruzeiro do Sul situava-se ao lado da cervejaria e enquanto colaboradores do clube trabalhavam na colocação de uma cerca, chegaram alguns atletas e foram treinar. Nesse instante houve uma discussão e o sangue ferveu nas veias daqueles que viriam a fundar o primeiro Campeão Gaúcho. O treino foi interrompido e a ordem era para trabalhar. Nossos pioneiros não tiveram dúvidas, saíram e foram jogar bola noutras plagas. A reunião de fundação ocorreu na Rua Santa Cruz número 56, na casa de Salustiano L. Brito e que culminou com a nomeação de nosso primeiro presidente, Dario Feijó. Começaria então uma das histórias mais gloriosas de um time de futebol do Interior do Rio Grande do Sul. A necessidade do G. E. Brasil jogar o ano inteiro desde então está entranhada a tal ponto que, quando por motivos de força maior, a realidade nos impele ao contrário, sempre houve e haverá aqueles que, a custa do próprio sacrifício e desafiando toda a lógica de uma boa organização põe o Xavante de volta aos gramados para delírio de sua imensa torcida.
A primeira diretoria do Brasil ficou assim estabelecida:
Presidente: Dario Feijó
Vice-presidente: Silvio Corrêa da Silva
Primeiro secretário: Walter da Rocha Pereira
Tesoureiro: Raymundo Pinto do Rego
Adjunto: Breno Corrêa da Silva
Diretores: Manoel Joaquim Machado, Ulysses Dias Carneiro, Manoel Ribeiro de Souza, Nicolau Nunes, Paulinho Dias de Castro e Mário Reis.
Onde chegar com esta bela história, já conhecida por todos? O G. E. Brasil surgiu de uma divergência. Os Xavantes não concordam com o que é imposto. São diferentes. É uma espécie de religião. Não sabem o porquê, mas acreditam tanto e insistem tanto numa paixão, numa crença, que isto se torna a pura realidade. Durante toda a história o clube foi comandado e dirigido por fanáticos religiosos desta crença Rubro Negra. Os fiéis e também conhecidos como torcedores, construíram tudo o que hoje o G. E. Brasil possui como patrimônio. Não é a toa a famosa frase dita entre os torcedores Xavantes: “O Brasil é uma torcida que tem um time”. Sabem, todos eles, que o real patrimônio desse Clube é a sua Torcida. Ou seja, eu, tu, nós, vós, eles... Enfim, uma Nação inteira a reconhecer e proclamar a Força do Interior que bravamente luta de igual para igual entre os maiores da cidade, do Estado e do País. Isto, é Brasil! Isto, é Xavante!
Do livro em preparo 
"A História do Brasil Segundo o Xavante Munhoso - Cronologia de uma Paixão"
Xavante Munhoso
xavantche@gmail.com

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