segunda-feira, 1 de maio de 2017

Lamentável

É primeiro de maio, Dia do Trabalhador, mas estou desempregado. E o pior, não é só eu. Mais de quatorze milhões de pessoas vivem a angústia, o peso, a atroz marca dessa situação. Este número parece muito, mas é fichinha se somarmos a esta desgraçada estatística a legião de subocupados e os inativos com potencial para trabalhar. Daí a casa pula para o absurdo número de vinte e dois milhões segundo a nova metodologia do IBGE.  A esperança por dias melhores, apregoada por aqueles que compactuam com esses governos é apenas uma teimosa que ainda acredita numa melhora após “ajustes” via Congresso Nacional porque esta terrível realidade não é de agora.

PMDB, PT, PSDB ou outro partido qualquer que tenha chegado ao poder (mesmo que numa coali$ão fajuta) está marcado pelos superfaturamentos em obras inacabadas ou de qualidade duvidosa. Estados e municípios à beira do caos seguindo a cartinha nacional que arrecada cada vez mais imposto numa contrapartida vergonhosa.

Do alto da cadeira presidencial, Temer arrota uma solução messiânica para o Brasil. Mesmo sem opções de trabalho ele e seus comparsas acreditam que aumentando o tempo laboral dos cidadãos brasileiros evitará um colapso na Previdência Social. Após décadas e décadas de más administrações, falcatruas e desvios de verbas, os abastados pela $orte exigem do assalariado mais um sacrifício. Na verdade, o último porque a grande maioria morrerá antes de ver o retorno de seu trabalho numa justa aposentadoria.

E o Congresso Nacional? São quinhentos e noventa e quatro bem-aventurados eleitos por nós brasileiros num descompasso abestado entre o que o povo realmente quer e precisa e o entendimento dessa elite vendida às empresas dominadoras do País. Falar em direita ou esquerda não é a mais pura retórica, mas sim uma grande piada porque pulam de partido e coalizam numa fornicação de dar inveja às velhas pornochanchadas. Quinhentos e treze deputados federais e oitenta e um senadores para nada porque quem vai decidir tudo são os “líderes”. E é aí que o “bicho” pega. As grandes manchetes dos jornais e os alaridos da tv apontam aqueles que mais se beneficiam no jogo corporativo onde a mais valia é representada por cargos e apadrinhamentos a seus cabrestos.

No centro desse furacão pernicioso estão os partidos políticos. Corrompidos por décadas de roubos e safadezas travestidas de peculato partilham a Nação na maior cara de pau. Abençoados pelo acordo maior entre eles, transitam no poder fazendo de conta que são oposição uns aos outros num bate-boca para inglês ver. Papo manjado, surrado e que não cola mais.

“A Justiça tarda, mas não falha” diz o provérbio português. Enfim, um fenômeno desponta aquecendo a esperança perdida. Vem representada na “Lava-Jato”. Sabemos que muitos corruptos conseguirão dar o “jeitinho brasileiro” para se safarem dessa. Alguns inclusive sairão como heróis e dormirão o sono dos anjos, mas outros terão seus podres esparramados Brasil afora numa clara demonstração de que os tempos são outros. Tornozeleiras eletrônicas poderão ser exibidas em rodas sociais ou reuniões poderosas numa inversão de valores onde o escárnio está em quem as usa e naqueles que as admiram. De qualquer maneira, esta tsunami vem para decretar uma nova era e porá sim velhas e novas raposas na cadeia.

A gigante Odebrecht com certeza não é a única nesta ciranda travestida de licitação, terceirização ou coisa que o valha. Quantas mais aparecerão nesta podridão do toma lá, dá cá?

Os políticos devem estar a serviço da sociedade e não acima dela como o status quo vigente mostra. A “Ordem e Progresso” estampada na Bandeira Nacional tem que ser honrada por todos numa busca social constante para que todos tenham vez.

Minha carteira vazia mostra o meu momento. Faz tempo que não festejo um “Primeiro de Maio”. Dia do Trabalhador? Quando voltará?

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