quinta-feira, 20 de abril de 2017

Visão de futuro

Quando Breno Corrêa da Silva e Salustiano Brito, inconformados com o adiamento do treino da equipe de futebol formada por funcionários da Cervejaria Haertel – o Sport Club Cruzeiro do Sul – fundaram o G. E. Brasil evidentemente não pensaram no que esta decisão influenciaria o futuro esportivo da Princesa do Sul. Concentrados apenas em sua paixão pelo futebol queriam mais era correr atrás de uma bola como a maioria dos brasileiros prefere desde criança.

Mas aquele rompante juvenil não ficou acampado na várzea que lhe deu origem e, no dia sete de setembro de mil novecentos e onze formalizou aquele que viria a ser o mais poderoso clube da Zona Sul e um dos principais do Rio Grande do Sul. Tendo Dario Feijó como primeiro presidente abriu uma escalada onde dezenas de abnegados marcariam seus nomes numa História brilhante e apaixonante.

Adir Cunha, André Araújo, Alberto Gigante, Antônio Carapeto Fernandes, Antônio Ferreira Martins, Augusto Simões Lopes, Basileu Campello, Bento Mendes de Freitas, Breno Antônio Nunes, Carlos Giusti, Carlos Marino Louzada, Claer Augusto Borda, Cláudio Fabrício Montanelli, Cláudio Milton Cassal de Andréa, Clóvis Gotuzzo Russomano, Dario da Silva Tavares, Delorges Antônio Horta Duarte, Érico Ribeiro, Flávio de Souza, Frederico Zambrano Siqueira, Giovanni Mattéa, Hamilton Santos, Hélder Lópes, Heleno Aires Coelho, Hipólito J. do Amaral Ribeiro, Humberto Santo, Humberto Zachia Alan, Ildefonso Simões Lopes, Ivânio Branco de Araújo, José Carlos Lima Schuch, João Zabaleta, José Antônio Zaquia Alam, José Delgrande Domingos de Assis, José Francisco Dias da Costa, José Gomes Tavares, José João Bainy, José Mario Manfrin, José Rahal, Júlio de Castilhos, Juvenal Dias da Costa, Lélio José Robe, Luís Leivas Massot, Manoel Ayres Filho Maneca, Manoel de Sá Cordeiro, Manoel Farias Guimarães, Manoel Giampaoli da Silva, Manuel Luíz da Rocha Osório, Marcílio Carvalho, Orlando Brisolara Azevedo, Paulo Vignolo Silveira, Pedro Elba Zabaleta, Pedro Noronha de Mello, Rafael Iório Brandi, Rogério Souza Moreira, Selmar dos Santos Pintado, Sílvio Barbedo, Solon Ferreira de Brito, Sylvio Balverdú, Torquato Nunes Garcia, Ubirajara Pinto Martinez, Vicente Russomano, Wanderley Álbio da Silva e Wilson Francisco Brito Wasielieski sedimentaram o Clube do Povo enfrentando obstáculos mil até chegar aos dias atuais.

Hoje Ricardo Fonseca soma-se a estes valorosos guerreiros completando uma lista de sessenta e cinco Torcedores que vestiram literalmente a Camisa do Brasil rumo ao convívio dos grandes clubes nacionais numa busca sem parar. Apesar de algumas derrotas, natural em se tratando de um clube de futebol, o G. E. Brasil crava o seu nome na história com feitos deveras fascinantes. No meio de tantos méritos, atrevo-me a citar alguns: Troféu Estímulo – (ofertado pela LPF em reconhecimento ao esforço dos atletas – 1913); Primeiro Título de Campeão da Cidade – 1917; Campeão Gaúcho – 1919; Torneio Rio-São Paulo-Rio Grande do Sul – 1920; Paulo Viola cria o Distintivo do G. E. Brasil – 1930; Estádio Bento Freitas – 1943; Brasil 5 X 3 Pelotas – “Eles são uns Xavantes!” – 1946; Vitória contra a Seleção do Uruguai em Montevidéo – 1950; Excursão às Américas – 1956; Penta-Campeão Gaúcho – Futebol de Salão – 1963, 1966, 1967, 1968 e 1969; Torneio Seletivo – 1977; Campeão Gaúcho de Juniores – 1984; Campeonato Brasileiro de 1985; Uma curva da BR-392 põe à prova a Torcida Xavante – 2009; Identidade Xavante – Livro em homenagem ao Centenário do G. E. Brasil – 2011; Ricardo Fonseca assume a Presidência do Brasil – 2012; Campeão da Divisão de Acesso – 2013; Campeão do Interior – 2014; Acesso à Série B do Campeonato Brasileiro – 2015; e “Vai ter estádio, sim!” – 2016.

Evidentemente que, cada gol, cada tijolo das velhas arquibancadas, cada nome confirmado na presidência do G. E. Brasil teve o sopro inigualável do Torcedor Xavante. Nada é obra do acaso e sim a mais pura intenção de partir para a luta em busca de um espaço sonhado por aqueles que um dia largaram tudo para criar o seu próprio clube. Sim porque o G. E. Brasil realmente é nosso. Do Torcedor do bairro, do centro, da esquina, da indústria, do café famoso, do boteco e de todo e qualquer lugar. Ricos e pobres, brancos e pretos fervilham numa paixão desenfreada, avassaladora, que a todos une e iguala.

Hoje estamos noutro patamar. As glórias do passado já não nos bastam e é preciso buscar novos desafios. Esta é a descomunal tarefa de Ricardo Fonseca. Avançar mais e mais sem comprometer o que ele e outros conquistaram.

O Brasil é um clube de futebol, todos nós sabemos e é assim que queremos continuar sendo. Mas tem um mundo voraz a empatar os sonhos de quem não tiver a devida competência para evoluir sem perder seu próprio brilho. Sem sangrar sua identidade.

Vejo que estamos no caminho certo. Não falo em futebol dentro das quatro linhas por que este é efêmero e traiçoeiro. Aliás, Dino Sani já dizia: “Em futebol se ganha, se empata e se perde”. Santa verdade!

Refiro-me a feliz iniciativa do G. E. Brasil aderir ao Profut; à reorganização das Categorias de Base; à heroica reconstrução do Estádio Bento Freitas; à busca constante por um quadro social digno do tamanho da Torcida Xavante; à captação de recursos através das leis de incentivo aos clubes esportivos; à Timemania; à Loteca; à valorização do quadro diretivo e dos funcionários que se doam diariamente para manter em pé o clube de nosso coração; ao acerto com credores; enfim, à saúde financeira do Clube através de recursos via patrocínios e investimentos em novos atletas, além, claro, de um gerenciamento profissional dos recursos tenazmente buscados.

São essas ações que, em última análise, vão dar o suporte necessário para as conquistas dentro de campo. Um passo a passo básico para chegarmos a tão falada estruturação. Algo imprescindível para um enfrentamento de igual para igual com os clubes de porte médio a grande das principais competições brasileiras e num futuro não muito longe, latino-americanas.

Olhar o Clube do alto, valorizando sua História, aprendendo com os erros e apostar nas qualidades e nos pontos fortes. Trazer cada vez mais para dentro do Estádio a Torcida. Coração determinante de tudo que acontece no Bento Freitas.

Este é o caminho, este é o futuro e esta é a grande missão do atual e dos próximos presidentes. Não às dificuldades; não aos medos; não à apatia. Sim, sempre sim ao arrojo, ao planejamento, à congregação com a Torcida Xavante. Guerreira como é, decerto colocará o G. E. Brasil no mais alto do pódio. 

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