sábado, 20 de outubro de 2018

Humanos e animais


“Não pega comida do chão filho porque é feio. Eu já disse!” a frase ecoou em alto e bom tom na Tiradentes hoje à tarde quando eu saia de um sebo repleto de bons livros usados.

Não que eu viva dando fé ao que as pessoas falam em seus colóquios rua afora, mas uma curiosidade estranha se apossou de mim.

Olhei o casario e vi que passava em frente a uma “veterinária” especializada em vender rações e animais de pequeno porte.

O cusco, alheio às ordens de sua dona, lambujava-se nos grãos fartamente espalhados pelo chão que algum coração bondoso estrategicamente espalhara para os animais menos afortunados.

Está certo que conversar com bichos de estimação é normal, mas os humanos estão mesmo é precisando de um bom divã. Ou talvez esta seja uma técnica para libertá-los do exagerado uso de comunicações internéticas onde aparelhos a base de baterias poluidoras toma-nos de assalto.

Ler, escrever ou simplesmente conversar escasseia daí o papo rola mesmo com um cachorro ou com um gato. Até o louro e a cocota perderam espaço. Logo eles, os mais próximos de uma boa conversa.

Antrozoologia à parte não sei se isto é realmente normal porque a contrapartida animalesca carece ainda de maior emparceiramento para um diálogo mais produtivo.

De qualquer maneira não me sai da lembrança a faceirice do cachorro, todo perfumado e de bainho tomado, cheirando, pisando e comendo tudo que podia naqueles poucos instantes de vida natural e a cara de ranzinza da mulher contrariada e frustrada pelos ensinamentos em vão.

Cheguei a imaginar ela na coleira e o vira-lata ditando as ordens (ou desordens), mas a buzina de um motorista maluco me trouxe à tona.

O sol batia em meu rosto e cortei caminho adentrando ao Mercado Público hoje repleto de produtos outros que não os tamancos da colônia e aquelas frutas e verduras fresquinhas de épocas passadas. Bem passadas. Mas aí é outra história. Deixa assim...

Tapioca

Bivas Tom

Grapete

Jacondina

Tadinho


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