quarta-feira, 11 de junho de 2014

Freedom venceu edital do Finep

Republico com muita satisfação esta matéria capiturada de 
http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/noticia/2014/06/cadeiras-de-rodas-da-selecao-de-basquete-serao-feitas-por-fabrica-gaucha-4523436.html

Paralimpíadas 2016
Cadeiras de rodas da Seleção de Basquete serão feitas por fábrica gaúcha
Empresa Freedom, de Pelotas, venceu edital do Finep para produzir os equipamentos em uma tecnologia considerada de ponta no país

por Luísa Martins - 11/06/2014 | 04h01

Empresa gaúcha Freedom, de Pelotas, foi selecionada pelo Governo Federal para fabricar as cadeiras de rodas da seleção paralímpica de basquete para as Olimpíadas de 2016 - Foto: Nauro Júnior / Agencia RBS
Os atletas da Seleção Brasileira de Basquete vão ter energia de sobra para disputar, no Rio de Janeiro, os Jogos Paralímpicos de 2016. Os sensores ergonômicos e a regulagem milimétrica das novas cadeiras de rodas do time prometem lhes exigir menos esforço no deslocamento e, assim, melhor desempenho nos passes e arremessos. A tecnologia, considerada de ponta no país, é desenvolvida por uma fábrica gaúcha. 
Freedom Veículos Elétricos, empresa localizada em Pelotas, no sul do Estado, venceu edital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) voltado à área da tecnologia assistiva para esportes paralímpicos. Deixou para trás mais de cem proponentes ao apresentar uma cadeira de rodas feita com uma liga de alumínio tão leve que, até agora, só havia sido usada no ramo da aeronáutica. 
O projeto recebeu R$ 3,8 milhões em recursos de subvenção econômica - verba pública aplicada diretamente em empresas, sem necessidade de devolução. Para aprimorar o protótipo, que deve ficar pronto em dezembro deste ano, a Freedom tem o apoio da Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas e de atletas paralímpicos - ambos têm dado seus pitacos para que o produto seja desenvolvido de forma a minimizar os gastos energéticos da locomoção. Qualquer detalhe faz diferença:
— É como um violonista afinando seu instrumento — compara o diretor da empresa, Gino Salvador. 
Segundo ele, as cadeiras de rodas que a Seleção usa atualmente até são feitas sob medida, mas não permitem regulagem fina do produto como um todo.
— Refiná-lo milimetricamente é importante para que a cadeira se adeque à postura de cada atleta — afirma.
Oito engenheiros atuam na elaboração do protótipo e são responsáveis pelo desenvolvimento mecânico, elétrico, de computação e de materiais. Importada da China, a liga de alumínio — de dureza e resistência altas, mas com pouca massa — promete oferecer ao atleta um impulso maior, com mínimos riscos de lesão.
Também faz parte do projeto aprovado pelo edital um sistema de monitoramento do desempenho dos jogadores. Em uma parceria firmada com o Centro de Tecnologia da Unicamp, a cadeira de rodas será testada, em 2015, em uma plataforma de ensaios em Campinas (SP), vigiada por câmeras de alta resolução. Com os resultados, vai ser possível, conforme estima Salvador, tornar a prescrição do produto menos intuitiva e mais científica:
— O atleta sabe se uma cadeira está boa ou não para o seu porte apenas pela sua sensibilidade. A partir deste monitoramento, outras variáveis, como velocidade e envergadura, vão poder ser levadas em consideração.
Salvador desenvolveu produto a partir de uma motivação pessoal
Foto: Nauro Júnior/Agencia RBS 
Um desafio 
— Só se enxerga a deficiência quando se convive com ela — sustenta Salvador, ao falar da motivação pessoal para tornar mais fácil o cotidiano dos cadeirantes. 
Há 32 anos, quando cadeiras motorizadas ainda não existiam no Brasil, ele e a mulher tiveram um filho portador de distrofia muscular. Queriam que Otávio fosse livre, que não dependesse de ninguém para se locomover. Salvador soube, então, de um homem que poderia solucionar o problema dos altos preços das cadeiras no exterior (na Alemanha, por exemplo, custavam, à época, cerca de 7 mil dólares). 
Miguel Gonzalez, no maior estilo Professor Pardal, inventou uma cadeira especialmente para Otávio. Aos domingos, o guri era levado para o estacionamento de um supermercado vazio para que testasse a cadeira e a submetesse a várias provas. Ele tinha quatro ou cinco anos. Vários protótipos quebraram.
— Dessa forma, identificávamos o que havia de errado e buscávamos o aperfeiçoamento do produto. Chegou um momento em que qualquer "arte" que as crianças faziam, Otávio fazia também, mas de cadeira de rodas — relembra.
Ver Otávio percorrer quilômetros, subir pequenos degraus e enfrentar qualquer tipo de terreno foi o ponto de partida para que se cogitasse produzir as cadeiras em pequena escala e, assim, facilitar a mobilidade de milhares de outros cadeirantes da região. 
A Freedom - palavra em inglês que significa liberdade - surgiu em junho de 1991, em uma sociedade entre Salvador e Gonzales (o segundo, atualmente, não faz mais parte do negócio). Hoje a única empresa de cadeiras de rodas motorizadas e de veículos elétricos na América Latina conta com 150 funcionários e produz, em média, 1,5 mil unidades por mês.
— Quanto menos esforço o cadeirante despende na mobilidade, mais sobra energia para ele ser feliz e produtivo no dia a dia.

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