domingo, 30 de dezembro de 2012

‎"Alerta 2013". Por Cristovam Buarque

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O ano de 2012 termina com o país apresentando seu menor índice de desemprego da história, os turistas brasileiros gastando 20 bilhões de dólares no exterior, a desigualdade diminuindo e o salário médio do trabalhador subindo.



Quase tudo permitiria fazer do último artigo do ano um momento de celebração. Mas, ao invés de um tradicional Feliz Ano Novo, é mais correto alertar para os riscos adiante.

A inflação mostra sinais de sair do controle. A taxa seria ainda maior se não fossem as medidas artificiais de controle de preços, que não podem durar muito, e vão cobrar um preço alto quando se esgotarem como, por exemplo, a repressão ao preço do combustível, que desequilibra financeiramente a Petrobrás.

Cabe alertar que a inflação sobre os bens de consumo das camadas mais pobres, em quase 8% este ano, reduz substancialmente os resultados da Bolsa Família e os aumentos no Salário Mínimo.

O reduzido desempenho do PIB tem características estruturais que dificilmente serão superadas de maneira estável, se a economia não for capaz de fazer duas inflexões.

Primeira, mudar a exagerada preferência pelo consumo que sacrifica a poupança. O Brasil consumidor de hoje inibe a taxa de crescimento no futuro, por falta de poupança. Esta falta de poupança está vinculada não apenas à preferência pelo consumo, mas também à falta de oportunidades de investimento nos setores mais dinâmicos da economia moderna.

Por isso, a segunda inflexão é desenvolver a capacidade de inovação para a economia brasileira oferecer oportunidades, no setor de produtos de alta tecnologia, o que exige uma revolução educacional ainda não iniciada, nem mesmo anunciada em 2012.

É necessário alertar para o aumento nos gastos públicos que seguirão pressionando ainda mais o risco de elevação da inflação.

Como se não bastassem os alertas sobre a economia, o Brasil precisa ver outros riscos adiante.

O ano começa com enfrentamento entre os poderes: o Poder Executivo demonstra cada vez mais seu poder hegemônico, desrespeitando o Congresso Nacional que, subserviente, aceita aprovar tudo que o governo determina, e acumula 3.060 vetos presidenciais sem votação; o STF tomando medidas que se contrapõem à vontade do Congresso que, por incompetência, inapetência ou descuido para legislar de forma clara, dá a Justiça o poder e a obrigação de interpretar a Constituição, legislando porque os congressistas não legislam.

Não por nossa vontade, poderemos enfrentar a perda de mercados externos dos nossos produtos, majoritariamente primários, pela crise econômica mundial ou por fenômenos naturais, afetando a estabilidade monetária, o crescimento da economia e mesmo a sustentabilidade e a eficiência dos programas sociais.

O ano de 2012 faz parte de um ciclo de 20 anos de contínuo avanço, mas é preciso alertar que os pilares deste período estão a se esgotar.

Por isso, ao lado da celebração do ano que termina, precisamos alertar para o futuro que começa em 2013.



Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF
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Acho que aqui não se trata apenas de PT, PMD, PSB, CBF ou STJD (incluindo estas duas últimas por puro desgosto). Temos que incluir todas as siglas partidárias que, ao longo dos tempos têm nos ludibriado descaradamente. Mas há um detalhe que também não podemos menosprezar: partidos são feitos por gente e gente, vota. É uma roda quadrada que possibilita aos Tiriricas e Cururús chegarem ao poder legislativo faltando dois ou três neurônios. Claro, Malufes são outra espécie e, infelizmente, estes é quem dão as cartas. Voltando ao cerne do discurso de Cristovam Buarque, somos incapazes de economizar um centavo por absoluta falta de confiança na "poupança". Esta foi esbudegada com as inflações galopantes e tiveram o seu golpe de misericórdia através das artimanhas governamentais que simplesmente saquearam os poucos que deixavam de colocar o seu dinheirinho embaixo do colchão e entregavam aos cuidados do Banco do Brasil (não do meu Time), Banrisul (leia-se dupla gre-nal), Bradesco, Itaú e tantos outros que de nacional têm muito pouco. Como se isto não bastasse, temos os camelódromos da vida que de um e um real levam o pouco que sobra em troca de quinquilharias paraguaias que duram dois ou três dias. Mas não pensem que tudo está perdido, afinal, "Somos brasileiros e não desistimos nunca". Feliz 2013 a quem teve saco para ler até aqui.


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