segunda-feira, 14 de outubro de 2019

É HORA DE “VIRAR A CHAVE”

Na minha estante há muitos livros que contam em suas páginas a formação da identidade Xavante: concebida com garra e testemunhada por uma multidão, os ingredientes principais de sua força motriz. Ao folhear tais capítulos noto que, apesar de haver muita história, o clube dos Negrinhos da Estação nem sempre disputou grandes campeonatos ou possuiu calendários tão cobiçados como o que tem hoje.
No entanto, a ausência de grandes competições em boa parte dos 108 anos de fundação não significou falta de ousadia. Sempre houve luta e ambição por mais, de tal modo que todas essas empreitadas foram acompanhadas pela multidão já mencionada; de tal forma que estar entre os 40 principais clubes do país não é obra do acaso. A estrada de pedra foi pavimentada aos poucos, com a colocação ininterrupta de matéria-prima ao longo das décadas.
É possível citar alguns exemplos de matéria-prima. Tornou-se o 1º campeão gaúcho, cedeu o 1º jogador fora do eixo Rio-São Paulo à seleção brasileira, disputou o torneio triangular de clubes campeões organizado pela CDB com Fluminense e Paulistano em 1920, tomou de assalto o protagonismo do futebol pelotense com os inéditos tricampeonatos municipais, venceu a seleção uruguaia no estádio Centenário, tentou trocar Pelé por Joaquinzinho e mais uns pila, organizou uma excursão às Américas, venceu o Seletivo de 1977 e foi semifinalista do futebol brasileiro em 1985, entre outras tão significativas quanto.
Os problemas também sempre existiram e nunca foram capazes de sobrepujar o orgulho de ser Xavante, como às vezes pareceu acontecer de uns anos para cá. Se em outros tempos o apelido pejorativo Xavante se tornou símbolo; se a insinuação de doping se transformou em grito de guerra; se uma “simples” classificação pela Série C contra o Noroeste fez a torcida lotar o aeroporto para cantar “não é mole, não, eu sou Xavante e tô chegando de avião”; por que as coisas mudaram tanto?
É hora de virar a chave. Temos que ressaltar também o que temos de melhor e esse trabalho é tanto do clube, através dos responsáveis pela comunicação e marketing, como nosso. O Brasil não é mais um clube regional – e aqui está a primeira constatação para sentirmos orgulho. As dificuldades agora são do tamanho do país!
Nós não precisamos de nenhuma lição de moral para sabermos o que fazer para virar a chave. Se há uma torcida que tem um time é a do Brasil.
Quando foi preciso construir o estádio Bento Freitas, estávamos lá. Para ampliá-lo em 1977, também. Para concluir o pavilhão social em 2000, de novo. Para enterrar seus ídolos mortos e, em nome deles, saltar da segunda divisão regional à segunda divisão nacional, estivemos unidos. Às lágrimas, derrubamos o que construímos – a própria Baixada – para que fosse reerguida como está sendo.
A estrada de pedras do Grêmio Esportivo Brasil é infinita e aqui estão algumas matérias-primas recentemente utilizadas nela. É para sentirmos orgulho do que construímos na rua João Pessoa.
– No sul do sul do país, estamos há quatro anos entre os 40 principais clubes;
– No ranking da CBF de 2019, estamos na 41ª posição – muito à frente dos nossos vizinhos mais próximos;
– O estádio Bento Freitas é reconstruído com recursos próprios;
– As categorias de base retornaram e os resultados são animadores;
– De 2012 para cá: uma final de campeonato brasileiro (inédita para a zona sul), uma final de Gauchão (que não tinha um clube da zona sul há mais de 60 anos), dois títulos do interior e quatro participações até então inéditas na Copa do Brasil;
– Em 2015, com 7.439 torcedores por jogo, o Brasil foi dono da 13ª maior média de público entre os quatro principais estaduais do país – SP, RJ, RS e MG. Nenhum dos clubes à frente eram do interior;
– Apesar dos pesares, possui um quadro associativo sólido e fiel, que gira em torno de 4 mil sócios e representa a segunda maior fonte de receita do clube (logo após as verbas de TV e à frente de todos os patrocinadores somados);
– Os associados estão se aproximando do dia a dia do clube e, pela primeira vez, houve eleição para o Conselho Deliberativo com duas chapas inscritas (25% foi às urnas);
– Por sua presença no cenário nacional, é um dos clubes presentes no Pro Evolution Soccer 2020, um dos jogos eletrônicos mais populares do planeta – o 6º mais vendido na Europa no mês de setembro; o 2º no Brasil (contabilizando apenas a loja oficial do PlayStation). - Por Pedro Henrique Costa Krüger

Foto: Jonathan Silva

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Nossa Pedro! Nestes tempos de cobranças, cobranças e mais cobranças, esta exortação vem como um verdadeiro "tira vendas". O amor é cego, todo o mundo sabe, mas felizmente tem anjos como tu para nos salvar da cegueira que às vezes nos toma de assalto.

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