sábado, 7 de julho de 2018

Era um celeiro de craques

Nunca fui muito de futebol. Mas me lembro que a copa de 94 me impressionou pra caralho...

Teve um tempo que a seleção brasileira parecia mesmo única. Os jogadores brasileiros encantavam todo o mundo com o tal do futebol-arte. Eles tinham “algo”. Era quase impossível não parar pra ver.

Lembro que na copa de 94 os gringos nos assistiam embasbacados, ‘como é que pode’!?

Após anos de “seca”, o tetra viria. Nossos jogadores eram assim, meio malandros, meio imprevisíveis, diferentes de tudo que tinha lá fora. Davam um verdadeiro show.

O restante das seleções, menos “artísticas”, decerto, já levantaram a orelha perante tamanho sucesso desde lá. ‘Vamos entender o motivo dessa porra. Deve ser o samba no pé. Vai saber. Vamos mandar uns caras estudarem essa gente… Afinal, são só humanos’.

Imagino que alguns países tenham passado a contratar caras só para analisar as jogadas dos brasileiros, como era essa coisa de futebol-arte, de ‘Bebeto e Romário atrás do armário’, enfim, eles quiseram entender “como é que pode” uma coisa dessas - e começaram a entender. Estudar, lapidar, melhorar. Análise da concorrência, em suma.

Já dos lados de cá, começou a se falar que o Brasil era um ‘celeiro de craques’, que não tinha pra ninguém. Depois do tetra, até veio o penta (sofrido que só), mas o hexa, esse tá no papo... somos muito fodas. Depois de derrotar a Itália em 94, ninguém nos segura, afinal.

Aí perderam. Perderam de novo. E de novo...

O que eles não entenderam, é que o futebol-arte tornou-se algo totalmente replicável. Não era mais algo “nosso”. Agora os gringos pernas-de-pau são páreos pra vocês, sabichões!

E o que fizeram com essa informação aqui no Brasil? Aparentemente, não muita coisa. Continuaram enfiando na cabeça desses garotos que eles eram ‘estrelas’. Que eram ‘os melhores do mundo’. E que seus técnicos não precisavam analisar concorrência nenhuma.

Astros multimilionários, passes caríssimos e todo comércio que rola foi só o começo do fim.

Os processos e jogadas ensaiadas dos grandes craques do Brasil, outrora reis da cocada preta, foram estudados e até melhorados pelos gringos. Hoje eles brigam de igual pra igual, às vezes com larga vantagem, até.

Sinceramente, não tô surpresa que esse moleques tenham perdido hoje. Perderam algo muito mais importante lá atrás: humildade, capacidade de improviso, readaptação respeitosa quando pegam um Roberto Baggio pela frente.

Não vai ter Hexa porque uma vez mais subestimaram a concorrência, encheram o toba daquele Neymar de confete e acharam que tava no papo.

Da Copa na Rússia, pro Brasil, fica a lembrança dos torcedores babacas que zoaram a moça russa com o vídeo do “bu*eta rosa”. Do torcedor ‘brasileiro’ mais legal da copa - que não era brasileiro nada e que só foi “tolerado”, com seu fenótipo esquisitão, por ser gringo - pq aqui qualquer um com uma aparência diferente vira o “psicopata da copa”, mesmo.

Ah e o mascote rejeitado que se tornou um sucesso na internet, o Canarinho Pistola.

Que bom que Br gosta de meme, porque hexa mesmo ficou na esperança - e o tal de futebol-arte, uma mera lembrança. - Barbara Martins




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