quinta-feira, 26 de maio de 2016

Na cartilha do Treinador


Tche! Ainda é maio, mas o frio tapeia as orelhas do vivente. Isto é ruim? Depende do lado em que você está no causo que eu vou contar. Para mim está bom porque meu aquecimento dá-se no passo firme rumo ao Estádio Bento Freitas. Agora, para os atletas do Bragantino, acho que nem na base do quentão a indiada paulista vai aguentar. É isto. No País do Futebol hoje tem mais um jogo. Campeonato Brasileiro – Série B, terceira rodada, às dezenove horas e quinze minutos. Por si só, o horário já é uma sacanagem, mas vamos aos fatos.

De cara encontrei uma Torcedora Xavante na arquibancada (Marlene Dornelles). Daquelas que não perde jogo faça chuva ou faça sol. O presságio foi forte. É hoje que o Brasil ganha mais uma. Depois de um abraço bem sinchado me fui ver as Obras. Acho que estou enfeitiçado, por isso mesmo, pode até vir a Seleção Brasileira jogar no Bento Freitas que sempre terei como primeiro plano o “Novo Bento Freitas”. Tudo nos conformes. A peonada da Porto 5 realmente está dando conta do recado. -

Como cheguei cedo me dei ao luxo de escolher o melhor lugar para assistir mais uma apresentação do meu Xavante querido. Minha Canon ali, registrando tudo porque a posteridade merece ver o que ora acontece nas bandas da Princesa do Sul. A Torcida chegava, na maior festa, como sempre. Não tenho certeza se o motivo do embalo era a cerveja ou a batucada da Xaranga Garra Xavanta. Com X mesmo porque aqui é terra Xavante.

Enfim, os dois times perfilados no gramado para o Hino Nacional. (Em época de impeachment, a emoção toma conta a cada verso da oração maior do País). Foi lindo ver a Torcida soltar a voz com respeito e ardor. Mal o juiz deu o apito inicial, Brasil e Bragantino partiram para a peleia com uma garra raramente vista. Com um primeiro tempo alucinante, eu duvidava da capacidade dos paulistas aguentarem o segundo tempo no mesmo ritmo. Quase quebrei a cara. Apesar de estar na lanterna, o Bragantino mostrou ser um time rápido, valente e que sabe jogar. Mas hoje não dava para eles não porque o Brasil estava ligado, decidido, inspirado e, claro, na toada do Rogério Zimmermann.

Afinal, são quatro anos sob o comando de RZ. O beaba está mais do que decorado. Todos os atletas Xavantes sabem o que fazer nas quatro linhas. Nunca assisti uma preleção de nosso Treinador, mas acho que o cara deve ter uma Cartilha. Tipo aquela de Admissão ao Ginásio e antes mesmo do primeiro treino, quem chega ao Bento Freitas tem que ler. Capítulo por capítulo; página por página até aprender tudinho. Só depois se farda e vai treinar com o resto da rapaziada.

Foi assim que vi mais esta vitória Xavante. Dois a zero ao natural e prescrito antecipadamente porque foi este o palpite que dei para a turma do Forum Xavante. Claro, houve destaques como todo o jogo que se preze tem. Neste quesito a estrela maior foi Marlon. Eta lateral bom de bola tche! Gastou a gorduchinha tanto na defesa quanto no apoio. Um show à parte. Finalmente nosso lado esquerdo está bem servido. No miolo de zaga, Cirilo fez Copa do Mundo quando tinha que fazer e não deu mole prá ninguém. Leandro Camilo, se eu não estiver enganado, ganhou todas do ataque bragantino. Deu gosto de ver. E Wender? Nosso lateral direito justificou porque completou a partida de número duzentos no Time Rubro Negro. Num feijão-com-arroz produtivo mandou no pedaço e não quis saber de seus trinta e sete anos correndo do início ao fim do jogo. Outro que completou duzentos jogos pelo Brasil foi Leandro Leite e, mais uma vez, mostrou que conhece o riscado jogando uma grande partida. Tche! E ainda temos Washington, Diogo Oliveira, Marcos Paraná e Ramon a abrilhantar a noite. Ramon inclusive fez um golaço, mas o cara do ataque, para mim, hoje foi o Felipe Garcia. Com dois gols feitos contra o Paraná e mais um hoje, começa a despontar como nosso goleador. Acho que vai brigar pela artilharia do campeonato. Deixei o Eduardo Martini por último de propósito. Geralmente o goleiro é o primeiro numa análise despreocupada se está fazendo média com o Time do coração ou não. Ele também foi bem, mas teve a seu favor a péssima pontaria dos atacantes do Bragantino. Tai uma coisa que não entendi. Se o Bragantino sabe jogar como podem chutar tão mal assim?

Sei que ainda é muito cedo, mas quem dava o G. E. Brasil como candidato ao descenso pode por as barbas de molho. Temos Torcida, temos Time e temos Treinador. Obstinado por organização e trabalho, RZ faz das tripas coração para não fugir de sua cartilha e assim segue o riscado. Um jogo de cada vez decerto deve ser o capítulo número um de seus preceitos. Amém! 

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