sábado, 1 de agosto de 2015

A Torcida que tem um Time

Teve origem em mil novecentos e onze através de Breno Corrêa da Silva e Salustiano Brito ou nasceu a partir dos gritos de um afrodescendente num domingo qualquer de Campeonato Gaúcho? Seria o comerciante português Manoel Ayres Júnior o primaz dessa massa maravilhosa ou tal honraria caberia a Sérgio Andréa, criador da frase “A maior e a Mais Fiel” em 1959, pelas ondas da PRC3 Rádio Pelotense? Não dá para descartar Pedrinho Karini porque, ao compreender a força dessa frase ele a transformou na primeira faixa a acompanhar os jogos do G. E. Brasil.

Desde quando “A Maior e Mais Fiel” é conhecida como “A Torcida que tem um Time”? 1914, quando o Brasil ganhou o seu primeiro  Bra-Pel? Ou foi na conquista do primeiro título Citadino em 1917? Teria a Batalha de Venâncio Aires, ocorrida em 1993, fundamental importância para esse fenômeno ou “A Torcida que tem um Time” é fruto do jogo Brasil dois Flamengo zero em 1985?

É difícil precisar a origem dessa escolha. Uma inversão rara, única, porque “A Torcida que tem um Time” é um fenômeno que ocorre apenas no Rio Grande do Sul e, mais precisamente, na Princesa do Sul. Todo o mundo sabe que “A Torcida que tem um Time” é a Rubro-Negra. Mas quando houve essa apoteose divina?

No Bra-Pel dos 9X11? No Bra-Pel do “O Torino é nosso! O Torino é nosso! O Torino é nosso!”? Quem sabe “A Torcida que tem um Time” germinou quando aquele diretor áureo-cerúleo gritou apavorado: “É a invasão dos Xavantes!”, lá nos idos de 1946 quando revertemos um 3X1 do primeiro tempo para a majestosa vitória do Brasil sobre o Pelotas num glorioso 3X5 com um jogador a menos e em plena Boca do Lobo?

Entre tantos e tantos fatos ocorridos, a célebre Excursão às Américas de 1956 poderia muito bem ter sido o ponta-pé inicial para “A Torcida que tem um Time” tomar conta de todos os cantos, visto que foram vinte e oito partidas das quais dezesseis foram vitoriosas, seis empates e apenas seis derrotas. Com setenta e cinco gols a favor e cinquenta contra com certeza muitas pessoas fizeram sua escolha.

A pergunta inicial ainda não foi respondida. Nem a segunda e nenhuma delas porque “A Torcida que tem um Time” poderia muito bem ter surgido num chute do Samuel Cedário Marques, o filho do Momo, ou de outro garoto qualquer que, ao chutar uma bola gritar: “Gol do Brasiiiiiil!”. Não tem como precisar o seu início e muito menos o seu fim.

"A Torcida que tem um Time" simplesmente passou a existir num ato contínuo à emoção. Em um domingo qualquer no País do Futebol onde a farra, a festa, a batucada se fez necessária. 

“A Torcida que tem um Time” é DNA, é paixão, é sobrenatural. Vai além da lógica futebolística. É fruto de uma escolha única, apaixonante, viral. Visionária até porque não enxerga outro clube. Apenas o G. E. Brasil contagia, apazígua o coração, acalma  alma, supre a vida. “A Torcida que tem um Time” é caminho, para o Céu ou para o Inferno, não importa muito porque a escolha é definitiva.

“A Torcida que tem um Time” é minha, é tua, é de todo Xavante e escolheu o G. E. Brasil para reinar absoluta nas arquibancadas da vida.

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