domingo, 28 de junho de 2015

Co-existência

Tche! Em vez do jogo, eu tinha que ir para um psicólogo, psiquiatra ou sanatório logo. Pela primeira vez na vida, pênalt na Baixada contra o Brasil e eu não vi o batedor chutar. Estava lá no Fundão com meus 1,62 metro sem ver porra nenhuma e, pior, louco de dor. Levei uma eternidade de casa até o Bento Freitas (achei que nem entraria porque os portões já estariam fechados) mas consegui superar a mim mesmo e fui ver, mais a Torcida do que o Time. Tinham de jogo 12 ou 13 minutos quando entrei. De cara a Guarra Xavante e aquelas filas intermináveis de Torcedores grudados na tela ou acotovelados naquele degrau do taboado à frente do Placar. Algo surreal. Uma tristeza temperada com a felicidade de saber que muitos estavam ali coexistindo com os restos de nosso Estádio. Pela minha situação, já sabia que ver o jogo era praticamente impossível mas testemunhar o momento com minha Canon eu podia e assim fiz. Caminhei uns vinte metros em direção à goleira de entrada clicando destemperadamente. Jovens, velhos, crianças e mulheres torciam como se fosse Copa do Mundo. A volta prá Casa, por mais doída que seja, é sempre festejada e foi isto que aconteceu nesta manhã ensolarada do domingo vinte e oito de junho de dois mil e quinze. Tomei o rumo das Sociais. Lotada qual senzala e festiva como festa do Padroeiro. Entre um abraço e outro dois ou três aís sufocados para não dar bandeira. Ninguém precisava saber que eu estava mal. Um mal corpóreo facilmente sufocado pelo prazer de ver toda aquela Torcida. Quase refuguei tal a Massa ali presente. Segui em frente na esperança de ainda achar um lugarzinho para assistir a razão de toda aquela loucura. No campo, os Guerreiros de RZ, representavam muito bem o futebol do Rio Grande do Sul. Nem dava para pensar no vazio do lado de lá onde outrora a grande Geral comandava o espetáculo. Chegando na goleira de fundos um misto de tristeza e alegria. De cara, percebi que, hoje, eu não conseguiria assistir o Xavante mais querido do Brasil. Ali também brancos, negos, cafusos, alemãos e o escambau na ponta dos pés disputavam cada milímetro para poder ver o jogo. A essas alturas já contava com a fiel assessoria de meu rádio. Sem muita concentração no bichinho, tive a impressão que era pênalt para Nós. A algazarra da Torcida confirmou e me preparei para gritar gol. Tche! Nena errou e a ferroada na palheta foi cruel e quase me tombou de vez. Daí continuei até o final da goleira dos Fundos onde parei numa nesga de sombra para me recuperar. Fiquei ali até uns vinte do segundo tempo. Meio amargurado pelo gol dos caras fui costeando o alambrado na esperança de que alguém desistisse de ver o jogo. Devia ser proibido aqueles caras do tamanho de uma porta de ficarem na tela. Ocupam o espaço de cinco igual a mim. Já próximo do grande portão de serviços, me postei atrás de um Torcedor mais ou menos da minha altura. Era em frente à linha da pequena área... Deus teve piedade de mim e possibilitou que eu visse os três gols do Leandrão. É claro que não consigo escrever mais nada. Nem preciso. Brasil 3 X 1 Londrina.  








































Nenhum comentário:

Postar um comentário