domingo, 10 de março de 2019

A vingança


Em tempos de internet a imbecilidade humana não desgruda de corpos atrasados e almas vadias.
Só isto pode justificar o que dois ou três “torcedores” do Avaí F. C. fizeram contra um ônibus que trazia Torcedores do G. E. Brasil na viagem de retorno logo após o jogo em que o time catarinense saiu vencedor por dois a zero.
Florianópolis é uma terra belíssima com praias convidativas e gente prá lá de alegre e hospitaleira.
Literalmente acampamos na Praia do Campeche e a recepção que tivemos foi digna de um povo educado, alegre e receptivo.
Aquele mar azul esverdeado é uma coisa de outro mundo e jamais vou esquecer.
Com água límpida, sal a gosto e a temperatura como todo banhista gosta, foi um convite irresistível e de cara dei uns mergulhos para assinar minha rápida estada por lá.
À tardinha fomos para o Estádio da Ressacada cheio de esperanças, pois a vitória apesar de difícil era possível.
Que engano; aos trinta e dois minutos do primeiro tempo o juiz e o bandeirinha anularam um gol legítimo do Brasil. Um a zero ali seria a consagração e a história do jogo decerto que seria contada de outra maneira.
Desde o início, o estádio inteiro só ouvia o canto da Torcida Xavante. Como sempre, a maior e mais fiel do Interior gaúcho estava presente fazendo a festa com muito grito e batucada. Samba de primeira como é nossa marca registrada.
O gol do Brasil mal anulado deu um safanão, claro, mas não quebrou o ânimo dos Xavantes que de imediato passaram a tecer os tradicionais elogios ao “homem de preto”. Eram 32 minutos e cada vez mais a esperança da vitória consagradora era certa.
Terminou o primeiro tempo e a copa do estádio lotou de Xavantes ávidos por uma boa cerveja geladinha. Até aí ninguém pensava em afogar as mágoas e sim aproveitar para calibrar o gogó para a parte final da peleia.
Coisa estranha isto visto que aqui em Pelotas é proibida a venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios. Proibição inócua visto que os amantes da loirinha enchem a cara fora do estádio e não dá nada.
Recentemente a Assembleia Legislativa gaúcha aprovou um projeto de lei que libera a venda de bebidas alcoólicas em estádios do RS, mas o governador vetou e agora está todo o mundo esperando a Assembleia derrubar o veto para fazer a festa novamente.
Báh! Mas chega de rodeios e vamos aos fatos acontecidos nas terras de Hercílio Luz em sete de março de dois mil e dezenove pela Copa do Brasil.
Mal começou o segundo tempo e o lateral do Brasil deu uma furada desgraçada resultando em seguida no primeiro gol do Avaí.
Foi aí que deu para perceber a torcida do time da casa. Praticamente mudinha desde o início, explodiram na comemoração do gol achado.
Mesmo perdendo por um a zero, a Torcida Xavante tomou fôlego e passou a incentivar mais ainda o Time que lutava bravamente em busca da vitória.
Mas a incredulidade se fez presente quando o zagueiro Nirley foi expulso após uma voadora num jogador do Avaí. Vi o lance de frente e aí até minha alma sentiu que a vaca já já iria pro brejo.
Não deu outra. Aos doze minutos os catarinenses marcaram o segundo gol e agora só os mais empedernidos acreditavam ainda que dava para empatar e fazer o crime nos pênalts.
A maior e mais fiel curtia um misto de dever cumprido por acompanhar o Time em mais um jogo e uma raiva compreensiva contra o juiz algoz que anulara aquele que seria o gol salvador do Brasil.
Terminada a partida chegou a hora de recolher as faixas enquanto os tambores Xavantes ainda embalavam a Massa que se fez presente.
Parecia que tudo tinha terminado ali e Copa do Brasil para nós agora só no ano que vem.
A espera de praxe para a torcida visitante sair do estádio foi exigida pelo policiamento responsável pela segurança. É uma coisa chata, mas plenamente compreensível nos tempos de agora.
Enfim partimos. De cabeça inchada, mas já pensando no próximo jogo do G. E. Brasil.
Na estrada tudo corria normalmente num trânsito calmo e tranquilo. Alguns dormiam enquanto outros remoíam a derrota amarga.
De repente, um estouro. “Quem caiu?”, alguém perguntou. “Foi uma mochila”, respondeu outro. Procura daqui, procura dali e nada de anormal dentro do ônibus.
Paramos à beira da BR-101. Todos desceram e constataram o inacreditável.
Alguns imbecis apedrejaram o ônibus. Foram de uma gana e crueldade sem tamanho. Atiraram direto no motorista. A intenção era diabólica mesmo. Coisa de quem já entregou a alma para o Diabo há muito tempo.
Decerto que este ato horrível foi planejado muito antes do jogo porque a peleia transcorreu dentro da zoeira normal e aceitável quando duas torcidas se encontram num estádio a lutar por seus times.
Acredito que isto foi vingança. Vingança covarde visto que cometida contra pessoas que nada fizeram contra esses ordinários travestidos de “torcedores do Avaí”.
De resto é agradecer a Deus. Um milagre nos salvou e estamos prontos para a próxima peleia.
Não mais pela Copa do Brasil. É Gauchão. Campeonato raiz como diz a mídia do momento.
São Luiz, Pelotas e Veranópolis estão no nosso caminho e precisamos de toda energia para enfrentar esses adversários gaudérios.
Se na Copa do Brasil éramos franco atiradores agora a responsabilidade é muito maior.
Ainda mais que o G. E. Brasil é o atual Vice-Campeão Gaúcho. Não dá para errar mais e três vitórias são necessárias para passar à próxima fase. Depois veremos como fica.




Um comentário:

  1. Sábias palavras meu nobre amigo
    Infelizmente ainda tem em todas as torcidas marginais travestidos de torcedores!
    Por sorte foi apenas dano no ônibus
    Para quem sofreu com a nossa tragédia qualquer transtorno em ônibus nos remete aquele momento amargo das nossas vidas!
    Parabéns a maior e mais fiel torcida que mais uma vez honrou o manto RUBRO NEGRO!
    AVANTE XAVANTE!

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