sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Ainda as águas da Cândido Portinari

Pois é! (Como diria o áureo-cerúleo aquele)

Não é de hoje que clamo na questão dos alagamentos desta pacata ruazinha. São apenas duas quadras. Uma, Sequinha da Silva e a outra, coitada, mais molhada que mijão inveterado.

Respondendo o questionamento de um amigo, vou situa-la porque muita gente não sabe onde ela fica. Eu poderia dizer que fica na Vila Cascaes, mas aí só os da antiga saberiam que lugar encantado é este. Daí então, direi que minha rua abraça a Barros Cassal. Para quem vem pela av. Domingos de Almeida rumo ao Bairro Cruzeiro (parece que mudaram de nome) é só prestar a atenção à descida porque logo após está este tesouro dilapidado.

Tendo como referência “os fundos” do Cartório Eleitoral, podemos achar a Cândido Portinari via av. Ferreira Viana. É só entrar na bela Barros Cassal e, já na primeira quadra, encontraremos esta que homenageia um dos maiores pintores deste País.

Ah! A Cândido Portinari fica no Areal, bairro onde pelo amanhecer ainda se ouve o canto da passarada. Por questão de consciência, nem sei se estamos no bairro ou no Centro da cidade porque em dez ou quinze minutos a pé chegamos ao Parque Dom Antônio Záttera, à Catedral, ao calçadão e até ao antigo Cine Capitólio.

Agora que podem nos achar vou abordar o real motivo dos rabiscos de hoje. Em minhas lamúrias sempre fiz questão de apartidarizar isto e tenho citado em igual reclamo PMDB, PDT, PPS, PT, PP, PSDB e as coalizões mil. Irajá, Pedro, José, José (outro), Otelmo, Fernando, Bernardo, Adolfo, Eduardo e Paula (atual Prefeita) passaram a lo largo em se tratando de estancar o aguaceiro sorrateiro que destrói camas, guarda-roupas, geladeiras e pinicos sem cerimônia aqui na zona.

Acontece que este martírio começou na verdade (salvo falha memorial, claro) quando a Cândido Portinari foi calçada. Na época jogaram um amontoado de paralelepídedos irregulares num supetão justificado apenas no provável voto em futuras eleições. Aos fundos da rua havia campos verdejantes onde floriam Bem-Me-Quer e as abelhas fartavam-se no néctar a céu aberto.

Ora, qual foi a ideia dos engenheiros da época? Fazer o nível da rua “cair” em direção à várzea ali existente. Hoje ainda tem os campos lá. Na verdade estão mais para matagal devido ao abandono dos donos,

O complicador disso tudo foi a construção (legítima) de diversos edifícios de frente para a av. Ferreira Viana. As águas das chuvas, coitadas, ficam represadas e, à revelia dos moradores, tentam chegar à única saída possível que seria a Barros Cassal. Com a diferença de nível não preciso desenhar para dizer onde essas águas passam a noite. Pátios, salas, quartos, cozinhas e banheiro são banhados de tempos em tempos em que pese o atendimento emergencial de bombeiros e Sanep.

E quem calçou a Cândido Portinari? Foi o José. Num desgovernaço encharcado tanto quanto a visão de seus engenheiros. Na época houve aplausos, mas a natureza não perdoa e cá estamos a sofrer as consequências.

O pior de tudo não é uma obra ser mal feita, mas a incapacidade dos outros governos para corrigi-la. Não falo de um ou dois anos, um ou dois governos, um ou dois partidos, mas de décadas de sofrimento por algo possível de ser consertado.

Sei que a cidade tem problemas tanto ou muito mais graves, mas quantos deles poderiam ser resolvidos com ações que visem o bem-estar além-período administrativo? As águas que hoje nos stressam, amanhã farão falta nas torneiras. Com o fim de nossas várzeas não estaria na hora de pensar em micro estação de água nos bairros? Incluir no Plano-Diretor a construção de grandes reservatórios subterrâneos? Enfim, fazer deste limão uma limonada.
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Desde ontem os funcionários do Sanep desdobram-se no socorro aos moradores da Cândido Portinari e como medida emergencial, abriram uma vala na rua para a água escorrer rumo a Barros Cassal.






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