quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Questionamento


Tens Orgulho de ser Xavante?
Esta pergunta, só aceito de quem não me conhece. Há muito tempo sou louco, fanático e sem vergonha de ser Xavante. Meu orgulho está estampado em minha cara 24 horas por dia. Sei que isto é um amor exagerado e procuro ser um apologista dos feitos deste Rubro Negro querido. Enfrento qualquer situação com altivez e alegria porque assim demonstro não só minha coragem como a responsabilidade de carregar o nome glorioso da “A Maior e a mais Fiel”. Meu orgulho é transformado em luta, esperança e motivação para que possamos enfrentar todo e qualquer adversário de igual para igual. O limite de meu orgulho é meu próprio coração. No dia em que ele arrebentar sei que outros Torcedores Xavantes seguirão esta mesma sina.
O que o G. E. Brasil significa em sua vida?
Uma bandeira de luta. Nas arquibancadas do Bento Freitas, aprendi a enfrentar não só adversários fortes e igualmente aguerridos, mas juízes mal intencionados dum passado que forjou a disparidade da dupla Gre-Nal em relação aos clubes do Interior. É esta luta que me mantém vivo e ferve meu sangue. Só descansarei no dia em que voltarmos a ser campeões gaúchos.
Conta alguma história emocionante que o G. E. Brasil te proporcionou.
Existem muitas, mas destaco aqui o inesquecível Bra-Pel do “O Torino é nosso! O Torino é nosso! O Torino é nosso!” Final da década de 70, valendo uma vaga para o campeonato Nacional de 1978. No apogeu de meus vinte e poucos anos, vi-me literalmente esmagado pela multidão Rubro Negra que se espremia nas arquibancadas do Bento Freitas num domingo inesquecível.
Nunca neguei que Bra-Pel é o jogo mais importante, vibrante e emocionante de se assistir e, portanto, vencendo ou perdendo, sempre deixa alguma marca para sempre.
Naquele longínquo 9 de outubro de 1977, aconteceu de tudo: um barulho ensurdecedor, torcida áureo-cerúlea vibrante; Torcida Xavante com seu grito esmagador; sol escaldante e dois times em campo dispostos a vencer de qualquer maneira.
Tadeu Silva um especialista em levar a Torcida Rubro Negra do Céu ao Inferno num passe de mágica (ou numa furada espetacular) teve a honra de marcar um bendito gol ainda no primeiro tempo. Tudo indicava que este controvertido ponteiro teria a glória maior da partida. Mas veio o segundo tempo e, no apagar das luzes, Euclides, estupendo lateral do G. E. Brasil comete pênalt e o Estádio emudece num pesadelo colossal. Um golzinho àquela altura determinaria um quarto Bra-Pel visto que o E. C. Pelotas havia vencido o primeiro por 1 X 0 e o G. E. Brasil vencera o segundo também por 1X 0.
A crueldade do destino estava selada. A torcida do Lobão cantava na certeza da perna esquerda de Torino. De minha parte, eu indagava: “Como pode meu Deus? Logo o Torino?” Este atleta era cria do juvenil Rubro Negro, numa era de grandes nomes surgidos no barro da Baixada. Torino não foge à responsabilidade e calmamente pega a bola e a aquieta na marca branca. Olha para a grande arquibancada, olha para o pavilhão e sente uma Nação em prantos. De repente, um sussurro: “O Torino é nosso!”. Mais adiante outro grita: “O Torino é nosso!”. E, segundos antes da corrida fatal, a Nação Xavante rende sua homenagem àquele que estava prestes a sepultá-la e num magistral cântico de esperança começa a gritar: “O Torino é nosso! O Torino é nosso! O Torino é nosso!” Até hoje sinto a emoção daquele momento. Vejo o riso, o choro, a explosão de daqueles que estavam ao meu lado. Não sei se por acaso, não sei se por bênção, não sei porquê, mas a bola não entrou. Passou rentinha à trave dando adeus aos áureo-cerúleos que teimaram em querer ver o desfecho final do lance. O Torino, evidentemente, saiu cabisbaixo. Pagou um preço muito alto ante a indolência da avenida. Eu, até hoje festejo este momento. Tenho-o como uma grande lição e por isso mesmo não esmoreço diante das adversidades. Sei que, na hora H, o lance nos favorecerá.
Xavante Munhoso
110112

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