Após a goleada histórica
sofrida pelo Brasil diante da Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo, o
ex-jogador e deputado federal Romário desabafou. Através das redes sociais,
afirmou que José Maria Marin, presidente da CBF, e seu vice e sucessor eleito, Marco
Polo Del Nero, deveriam estar na cadeia. O parlamentar fez duras críticas à
corrupção e à gestão no futebol brasileiro, e falou em "falência" do
esporte no país.
"Passado o luto das primeiras horas seguidas da derrota,
vamos ao que verdadeiramente interessa! Quem tem boa memória, vai lembrar da
minha frase: Fora de campo, já perdemos a Copa de goleada!
Infelizmente, dentro de campo, não foi diferente.
Ontem foi um dia muito triste para nosso futebol. Venceu o melhor
e ninguém há de questionar a superioridade do futebol alemão já há alguns anos.
Ainda assim, o mundo assistiu com perplexidade esta derrota, porque nem a
Alemanha, no seu melhor otimismo, deve ter imaginado essa vitória histórica.
Porém, se puxarmos da memória, vamos lembrar que nossa seleção já
não vinha apresentando nosso melhor futebol há muito tempo. Jogamos muito mal.
Infelizmente, levamos sete e, por mais que isso cause mal-estar, devemos
admitir que a chuva de gols foi apenas reflexo do pânico, da incapacidade de
reação dos nossos jogadores e da falta de atitude do treinador de mudar o time.
Vivemos uma crise no nosso esporte mais amado, chegamos ao auge
dela. Acha que isso é problema só dos jogadores ou do Felipão? Nem de longe.
Nosso futebol vem se deteriorando há anos, sendo sugado por
cartolas que não têm talento para fazer sequer uma embaixadinha. Ficam dos seus
camarotes de luxo nos estádios brindando os milhões que entram em suas contas.
Um bando de ladrões, corruptos e quadrilheiros!
O meu sentimento é de revolta.
Estou há quatro anos pregando no deserto sobre os problemas da
Confederação Brasileira de Futebol, uma instituição corrupta gerindo um
patrimônio de altíssimo valor de mercado, usando nosso hino, nossa bandeira,
nossas cores e, o mais importante, nosso material humano, nossos jogadores.
Porque não se iludam, futebol é negócio, business, entretenimento e move rios
de dinheiro. Nunca tive o apoio da presidenta do País, Dilma Rousseff, ou do
ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Que todos saibam: já pedi várias vezes uma
intervenção política do Governo Federal no nosso futebol.
Em 2012, eu apresentei um pedido de CPI da CBF, baseado em um
série de escândalos envolvendo a entidade, como o enriquecimento ilícito de
dirigentes, corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e desvio de verba
do patrocínio da empresa área TAM. O pedido está parado em alguma gaveta em
Brasília há dois anos. Em questionamento ao presidente da Câmara dos Deputados,
sr. Henrique Eduardo Alves, mas ouvi como resposta que este não era o melhor
momento para se instalar esta CPI. Não concordei, mas respeitei a decisão. E
agora, presidente, está na hora?
Exceto por um vexame como o de ontem, o Brasil não precisaria se
envergonhar de uma derrota em campo, afinal, derrotas fazem parte do esporte.
Mas vergonha mesmo devemos sentir de ter uma das gestões de futebol mais
corruptas do mundo. A arrogância dessa entidade é tão grande que até o chefe da
assessoria de imprensa chega ao absurdo de bater em um atleta de outra seleção,
como fez o Rodrigo Paiva contra um jogador do Chile Pinilla. Paiva pegou quatro
jogos de suspensão e foi proibido de acessar o vestiário dos jogadores. Este
ato foi muito simbólico e diz muito sobre eles. O presidente da entidade, José
Maria Marin, é ladrão de medalha, de energia, de terreno público e apoiador da
ditadura. Marco Polo Del Nero, seu atual vice, recentemente foi detido,
investigado e indiciado pela Polícia Federal por possíveis crimes contra o
sistema financeiro, corrupção e formação de quadrilha. São esses que comandam o
nosso futebol. Querem vergonha maior que essa?
Marin e Del Nero tinham que estar era na cadeia! Bando de
vagabundos!!!
A corrupção da CBF tem raízes em todos os clubes brasileiros, vale
lembrar que são as federações e clubes que elegem há anos o mesmo grupo de cartolas,
com os mesmos métodos de gestão arcaicos e corruptos implementados por João
Havelange e Ricardo Teixeira e mantidos por Marin e Del Nero. Vale lembrar, que
estes dois últimos mudaram o estatuto da entidade e anteciparam a eleição da
CBF para antes da Copa. Já prevendo uma possível derrota e a dificuldade que
eles teriam de se manter no poder com um quadro desfavorável.
E os clubes? Sim, eles também são responsáveis por essa crise.
Gestões fraudulentas, falta de investimento na base, na formação de atletas.
Grandes clubes brasileiros estão falindo afogados em dívidas bilionárias com
bancos e não pagamentos de impostos como INSS, FGTS e Receita Federal.
E toda essa má gestão que tem destruído o nosso futebol,
infelizmente, tem sido respaldada há anos pelo Congresso Nacional com anistias
e mais anistia destes débitos. Este ano tivemos mais um projeto desses
vexatórios para salvar os clubes. Um projeto que previa que clubes pagassem
apenas 10% de suas dívidas e investissem 90% restante em formação de atletas.
Parece até deboche. Uma soma de aproximadamente R$ 4 bilhões ou muito mais, não
se sabe ao certo. Corajosamente, o deputado Otávio Leite, reconstruiu o texto e
apresentou uma proposta honesta estruturada em responsabilidade fiscal,
parcelamento de dívidas e a criação de um fundo de iniciação esportiva, com
obrigações claras para clubes e CBF.
Em resumo, a nova proposta além de constituir a Seleção Brasileira
de Futebol e o Futebol Brasileiro como Patrimônio Cultural Imaterial – obrigava
a CBF a contribuir com alíquota de 5% sobre as receitas de comercialização de
produtos e serviços proveniente da atividade de Representação do Futebol
Brasileiro nos âmbitos nacional e internacional. O tributo também incidiria
sobre patrocínio, venda de direitos de transmissão de imagens dos jogos da
seleção brasileira, vendas de apresentação em amistosos ou torneios para
terceiros, bilheterias das partidas amistosas e royalties sobre produtos
licenciados. O valor seria destinado a um fundo de iniciação esportiva para crianças
e jovens de todo o Brasil. Esses e outros artigos dariam responsabilidade à
CBF, punição à entidades e outros gestores do futebol, a CBF estaria sujeita a
fiscalização do TCU e obrigada a ter participação de um conselho de atletas nas
decisões.
Mas este texto infelizmente não foi para a frente. Sete deputados
alemães fizeram os gols que desclassificaram nosso futebol e nos tirou a chance
de moralizar nosso esporte. Estes deputados, como todos sabem, fazem parte da
Bancada da CBF, mudei o nome porque Bancada da Bola é muito pejorativo para
algo que amamos tanto. Gosto de dar os nomes: Rodrigo Maia (DEM -RJ), Guilherme
Campos (PSD-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), José Rocha (PR-BA) , Vicente
Cândido (PT-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Valdivino de Oliveira (PSDB-GO).
Essa partida ainda pode ser revertida com a votação do projeto no
Plenário da Câmara. Será que esses sete deputados voltarão a prejudicar o nosso
futebol?
O futebol brasileiro tomou uma goleada e a derrota retumbante,
infelizmente, não foi só em campo. Nem sequer tivemos o prazer de jogar no
Maracanã, um templo do futebol mundial, reformado ao custo de mais de R$ 1
bilhão. Acha que foi porque não chegamos a final? Não. Poderíamos ter jogado
qualquer outro jogo lá. A resposta disso é ganância e arrogância. É a CBF que
escolhe onde o Brasil vai jogar, mas, obviamente, poderia ter tido
interferência do Ministério do Esporte e da presidência da República, mas
nenhum destes se manifestou. Quem levou com essas escolhas?
Para fechar com chave de ouro, a CBF expulsou do vestiário Cafú,
capitão de seleção do pentacampeaonato. Cafú foi expulso do vestiário enquanto
cumprimentava os jogadores ontem. Este é o retrato do nosso futebol hoje, não
honramos a nossa história.
Dilma tem sim que entregar a taça para outra seleção. Este gesto
será o retrato do valor que ela deu ao nosso futebol nos últimos anos! Eles
levarão a taça e nós ficaremos com nossos estádios superfaturados e nenhum
legado material, porque imaterial, mostramos para o mundo que com toda nossa
dificuldade, somos um povo feliz"
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