quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Ressaca da boa

“Eeeeeeêe Rubro Negro vem aí! Eeeeeeêe Rubro Negro vem aí!”
“Vai dar trabalho! Vai dar trabalho!”
“Hah hah hah hah, se roubar vai apanhar!”
“Rubro Negrooooooôo! Rubro Negrooooooôo!”
“A e i a o u...”

São cantigas, jargões, gritos de guerra ou o que quer que seja que caracterizam as torcidas como a do G. E. Brasil e a de tantos outros clubes em nosso País. O mais pacato cidadão transforma-se ao entrar em um estádio de futebol. Em se tratando de Estádio Bento Freitas, então, é um colosso.

Mas os tempos são outros e a tv paga para os cidadãos ficarem comodamente em suas casas bebericando e comendo sanduíche (aí RZ) enquanto o ostracismo toma conta das Arquibancadas. Salvo um jogo ou outro, vemos um deserto de concreto enquanto os atletas digladiam nas arenas modernas e apáticas. Em que pese as linhas arquitetônicas modernas, bem construídas e caras, disputam o espaço apenas com propagandas e astros da mídia engravatados e cheios de empáfia.

Cadê o Marcola, o Ordinário, o Andrezinho, o Fon-Fon e tantos outros personagens tão importantes quanto os atletas em campo? No caso do Estádio Bento Freitas, estão apartados por um ingresso a sessenta reais. Até o quadro social mingua nuns quatro mil e pouco, graças ao check-in pago em tempos de desemprego geral.

Só que não! Ontem foi diferente. A sinergia tomou conta da cidade e “A Maior e Mais Fiel” desceu a Princesa Isabel. Brancos, pretos, ricos, pobres e todas as castas da sociedade se fez presente no Caldeirão da Baixada. Do Areal ao Fragata, do Navegantes à Santa Terezinha, da Praça Cel. Pedro Osório à Curva da Morte, vinham num desatino sem igual. Também, a dez reais quem ficaria enclausurado à tv?

O fenômeno provou. A Torcida Xavante não esmoreceu, apenas está inviabilizada financeiramente. Bastou um facho de luz iluminar nosso Presidente para a resposta ser em alto e bom tom. Sei que Ricardinho não pode manter o preço a dez reais eternamente, mas não precisa voltar aos angustiantes sessenta contos por um jogo de futebol. Mesmo que este jogo seja do G. E. Brasil, a sessenta reais não tem como o Bento Freitas lotar nos dias atuais.

Tudo tem um preço, eu sei. O meu hoje é esta ressaca. Garganta seca, voz rouca e as dores pelo corpo todo mostram que já estou queimando óleo. Afinal, só de Torcedor, tenho mais de cinquenta anos. Desde os nove acompanho o Xavante e o que eu vi, torci e senti ontem não é a qualquer instante que acontece.

Time à antiga; Torcida à antiga; claro, só podia dar vitória do Brasil. Estádio lotado, Brasil dois, Paraná Clube zero e a Torcida Xavante feliz é tudo que precisamos nestes tempos bicudos. Mais uma vez parabéns Ricardinho por atender o apelo da Nação Xavante.











“Não é só futebol; é nossa vida!”

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