quarta-feira, 12 de julho de 2017

Um Torcedor infiltrado na Diretoria do G. E. Brasil

Tche! A gente vive, vive e não vê tudo. Em plena época da profissionalização dos clubes de futebol em sua parte administrativa e de dirigentes ainda vemos casos que saltam aos olhos de tão amador.

Alguém comparável ao Ordinário, ao Andrezinho ou mesmo ao lendário Marcola desliza qual bolacha em boca de véia por entre os mais diversos cargos da diretoria desafiando o bom senso e as mais elementares teorias de Fayol, Weber, Taylor para ficar apenas neste trio manda chuva.

Com um poder bélico muito acima da média, ele guerreia em pé de igualdade contra qualquer adversário que ouse enfrentar o G. E. Brasil. De posse da latinha então, é covardia e não tem para ninguém. Acostumado a transformar limão em limonada, por centenas de vezes foi capaz de motivar a Torcida Xavante em momentos de dificuldades.

Sua maior dor é ver um Torcedor do Brasil impossibilitado de entrar no Estádio por falta de condições financeiras para comprar o ingresso. Ele mesmo disse: “Torcedor na frente do Bento Freitas com radinho sem poder entrar não está certo. Quando fui presidente, abria os portões aos vinte minutos do segundo tempo”.

Esta declaração foi de arrepiar. Transportou-me a uma época em que senti na pele este martírio e, por diversas vezes, míseros trocados lançados no “garrafão verde” recompôs o meu sorrido numa corrida alucinada rumo às Arquibancadas.

Hoje os tempos são outros. A tv dita novos parâmetros e a estruturação dos clubes empurra uma legião de apaixonados para a berlinda num caminho injusto para com aqueles que foram o bastião maior na origem e crescimento de clubes como o G. E. Brasil.

Amador! Quem pensa que o diminui quando o chamam de amador engana-se. É aí que ele cresce e o orgulho transborda aos quatro cantos.

Sem perder sua origem, lidou e lida com quem quer que seja em busca do melhor para o Xavante e seu tino e capacidade colaboraram para inúmeras conquistas do Brasil dentro e fora das quatro linhas.

Enfim, como aqueles que muito fizeram pelo G. E. Brasil, ele tem o seu nome gravado na História. Não pelos cargos que ocupou, mas mais, muito mais, pelo tanto que luta, pelo temperamento e pela convicção absoluta de ser amador, numa paixão rara e muito pouco igualada.

Este Torcedor infiltrado na direção há muito tempo, teve acertos e desacertos como todo e qualquer mortal, mas jamais foi dúbio nas decisões e sempre mostrou a disposição necessária àqueles que se entregam a uma missão.

Claudio Fabrício Montanelli é o nome dele. MONTANELLI, verdadeira bandeira a tremular tanto na arquibancada lotada quanto naqueles jogos em que apenas os mais fanáticos vão, em cumprimento a um desiderato inquestionável e perene.

Presidente em duas ocasiões, títulos conquistados e uma infinidade de horas a serviço do G. E. Brasil, Montanelli destaca-se por transitar em todos os momentos com desenvoltura e arrojo na defesa daquilo em que acredita e em especial quando tratar-se do Xavante. Não é de se mixar e tem argumentos mil quando quer alguma coisa.

Mas a vida é inexorável e o tempo cobra a cada um independente de nossa vontade. Tal qual o acontecido lá em mil novecentos e onze, uma discórdia gerou esta guinada e o Torcedor camuflado de dirigente pegou suas tralhas e enveredou Arquibancada adentro.

De certo a família festeja a decisão tomada. Mas que o coração corcoveia, corcoveia. Fecha-se um ciclo. Será?

De minha parte só posso dizer: Que Amador... Obrigado Montanelli!


Cláudio Fabrício MONTANELLI - Amador
foto: Xavante Munhoso

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