Tche! A gente vive, vive e
não vê tudo. Em plena época da profissionalização dos clubes de futebol em sua
parte administrativa e de dirigentes ainda vemos casos que saltam aos olhos de
tão amador.
Alguém comparável ao
Ordinário, ao Andrezinho ou mesmo ao lendário Marcola desliza qual bolacha em
boca de véia por entre os mais diversos cargos da diretoria desafiando o bom
senso e as mais elementares teorias de Fayol, Weber, Taylor para ficar apenas
neste trio manda chuva.
Com um poder bélico muito
acima da média, ele guerreia em pé de igualdade contra qualquer adversário que
ouse enfrentar o G. E. Brasil. De posse da latinha então, é covardia e não tem
para ninguém. Acostumado a transformar limão em limonada, por centenas de vezes
foi capaz de motivar a Torcida Xavante em momentos de dificuldades.
Sua maior dor é ver um
Torcedor do Brasil impossibilitado de entrar no Estádio por falta de condições
financeiras para comprar o ingresso. Ele mesmo disse: “Torcedor na frente do
Bento Freitas com radinho sem poder entrar não está certo. Quando fui
presidente, abria os portões aos vinte minutos do segundo tempo”.
Esta declaração foi de
arrepiar. Transportou-me a uma época em que senti na pele este martírio e, por
diversas vezes, míseros trocados lançados no “garrafão verde” recompôs o meu
sorrido numa corrida alucinada rumo às Arquibancadas.
Hoje os tempos são outros. A
tv dita novos parâmetros e a estruturação dos clubes empurra uma legião de
apaixonados para a berlinda num caminho injusto para com aqueles que foram o
bastião maior na origem e crescimento de clubes como o G. E. Brasil.
Amador! Quem pensa que o
diminui quando o chamam de amador engana-se. É aí que ele cresce e o orgulho
transborda aos quatro cantos.
Sem perder sua origem, lidou
e lida com quem quer que seja em busca do melhor para o Xavante e seu tino e
capacidade colaboraram para inúmeras conquistas do Brasil dentro e fora das
quatro linhas.
Enfim, como aqueles que
muito fizeram pelo G. E. Brasil, ele tem o seu nome gravado na História. Não
pelos cargos que ocupou, mas mais, muito mais, pelo tanto que luta, pelo
temperamento e pela convicção absoluta de ser amador, numa paixão rara e muito
pouco igualada.
Este Torcedor infiltrado na
direção há muito tempo, teve acertos e desacertos como todo e qualquer mortal,
mas jamais foi dúbio nas decisões e sempre mostrou a disposição necessária
àqueles que se entregam a uma missão.
Claudio Fabrício Montanelli
é o nome dele. MONTANELLI, verdadeira bandeira a tremular tanto na arquibancada
lotada quanto naqueles jogos em que apenas os mais fanáticos vão, em
cumprimento a um desiderato inquestionável e perene.
Presidente em duas ocasiões,
títulos conquistados e uma infinidade de horas a serviço do G. E. Brasil,
Montanelli destaca-se por transitar em todos os momentos com desenvoltura e
arrojo na defesa daquilo em que acredita e em especial quando tratar-se do
Xavante. Não é de se mixar e tem argumentos mil quando quer alguma coisa.
Mas a vida é inexorável e o
tempo cobra a cada um independente de nossa vontade. Tal qual o acontecido lá
em mil novecentos e onze, uma discórdia gerou esta guinada e o Torcedor
camuflado de dirigente pegou suas tralhas e enveredou Arquibancada adentro.
De certo a família festeja a
decisão tomada. Mas que o coração corcoveia, corcoveia. Fecha-se um ciclo.
Será?
De minha parte só posso
dizer: Que Amador... Obrigado Montanelli!
Cláudio Fabrício MONTANELLI - Amador
foto: Xavante Munhoso
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