terça-feira, 4 de julho de 2017

Reflexão_FERNANDO MARQUES


Pois bem Sr. Rogério Zimmermann, vou te contar uma historinha e depois vou me permitir algumas considerações, que obviamente você não dará a mínima importância…
Sou xavante há 53 anos. Meu pai (que ainda vai aos jogos) hoje com 86 anos me levou à baixada desde meu primeiro ano de vida. Como ele fez, também fiz com meus filhos, xavantes de família, de coração, de amor e paixão.
RZ, você ouviu falar do histórico jogo em Estrela – a invasão xavante que em 1977 contou com 84 ônibus e centenas de automóveis contabilizando mais de 5 mil torcedores? Eu e meu pai estávamos lá! Você ouviu falar do famoso Brapel do seletivo? Eu e meu pai estávamos lá! Você ouviu falar da vitória do Brasil contra o Flamengo em 85? Eu e meu pai estávamos lá! Você ouviu falar que fomos 3º lugar no campeonato brasileiro da série A em 85 e não fomos a final porque perdemos para o Bangú no estádio Olímpico em Porto Alegre por 1 a 0 de depois no RJ? Eu e meu pai estávamos lá! Você ouviu falar quando eliminamos nas quartas de final, no Campeonato Gaúcho de 1998 o Grêmio de Roger, Ronaldinho e Danrlei? Pois eu e meu pai estávamos lá! Assim, prezado treinador, não só conheço a história do meu clube como desde pequeno participo dela.

Nesse tempo, vivi alegrias e tristezas, sem querer contabilizá-las, até porque ainda que com toda a tecnologia que temos hoje, amor, paixão, alegria, entusiasmo, tristeza e frustração não se mede, se sente! Pelo que sei, antes de ser treinador de futebol você atuou como jogador nas divisões de base do Cruzeiro-RS e São José-RS, ambos da capital gaúcha, não chegando a se profissionalizar como atleta. Ainda na sequência de sua carreira esportiva atuou como gerente de futebol do Brasil (o time do meu coração), em 2004.
Creio que também trabalhou em outros clubes do Rio Grande do Sul, como Canoas, Santa Cruz-RS e Pelotas, e também na Cabense, de Pernambuco. Em 2012, voltou ao Xavante, quando ele amargava a permanência na 2ª divisão do estado, durante os sofridos anos após a infeliz tragédia de 2009. Naquele momento, seu trabalho foi fundamental para que reconquistássemos um espaço que já tínhamos, já que outros treinadores também tiveram a capacidade de nos colocar lá.
Extraordinária também foi sua atuação na campanha que conduziu o nosso (meu, do meu pai, dos meus filhos e de toda fantástica torcida) xavante às séries C e B do campeonato brasileiro. Você tem e merece todos os méritos por todas essas conquistas, contudo, é preciso entender que você faz parte da construção da história de um clube ímpar, de uma torcida apaixonada, mas que já ocupou posições de destaque no cenário brasileiro, bem antes de você. Assim, depois dessa historinha, me permito algumas poucas e breves considerações, não na qualidade de sócio e conselheiro do clube, mas de torcedor!
Sr. Rogério, não tente matar a alma de nosso clube. Somo movidos a emoção e paixão e, como pessoais normais temos acertos e enganos, fazemos e recebemos críticas, adequadamente ou não, somos humanos, com nossas virtudes e imperfeiçoes. Sua conduta nos últimos tempos não representa o respeito que temos pelo nosso clube, não condiz com o sacrifício que nosso torcedor faz para acompanhar e empurrar seu time, seja ele qual for.
Assim, depois de perder vexatoriamente para o Passo Fundo, ter que contar com o Caxias para não sermos rebaixados no Gauchão 2017 e ouvir você dizer que aquela seria a noite mais feliz da sua vida, é sim frustrante. Falar do nosso torcedor, de cueca, controle remoto ou sanduíche é desdenhar da nossa capacidade de merecer algo melhor que sua arrogância. Punir um jogador com a ausência do maior jogo na Baixada esse ano e no jogo seguinte colocá-lo de capitão é não saber que o exercício da liderança se dá pelo exemplo.
O sucesso de qualquer profissional depende tanto de sua técnica quanto, principalmente, do seu comportamento, e é esse último que difere os homens de sucesso dos fracassados. Você passará, assim como outros treinadores de muito mais sucesso profissional que você até agora teve, basta lembrar que Felipão e Mano Menezes também já treinaram o meu xavante, por isso, respeite um clube que não é seu, você está Brasil de Pelotas e eu sou Brasil de Pelotas, frustrante ou não, será assim qualquer que seja a divisão que ele esteja.
Você pode mudar meu ânimo mas não vai mudar a minha paixão, porque tanto eu quanto você, quanto meu pai passaremos, meus filhos, quem dera possam levar seus filhos ao Maracanã e não a Estrela como o me levou, mas uma coisa eu tenho certeza, independente do palco, meu Xavante sempre será um verdadeiro espetáculo e nesse espetáculo precisamos de artistas e não de frustrados. Boa sorte e bom trabalho!

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