domingo, 16 de novembro de 2014

Somos muito mais do que isto!

É possível que este tribunal raivoso nos vença. Mas uma coisa há de ficar bem clara para "O País do Futebol": não nos mixaremos para esses julgamentos infestados de interesses dúbios e perniciosos que sempre prejudicam agremiações aguerridas e apaixonadas que lutam, mesmo em desigualdade, para alcançar o topo e o convívio com os grandes.

Ainda em 1911, no nascedouro de nosso Clube, enfrentamos a primeira grande polêmica quando optamos pelas cores Vermelho e Preto. É possível um Brasil em Vermelho e Preto? Sim. E o G. E. Brasil há mais de um século vem provando que ser Rubro Negro é ser lutador. Ter garra, paixão e viver vinte e quatro horas esse amor desenfreado por um Clube que não foge do enfrentamento é nossa principal característica. Aprendemos isso ainda criança. Sem sequer andar com as próprias pernas. Ali, no colo materno, no abraço do pai, no carinho do vô, recebemos esse suspiro maravilhoso que nos fez Xavantes. Essa graça não tem volta e nos faz acreditar sempre.

Já em 1919, em pleno Porto Alegre, conquistamos nossa primeira estrela e arrebatamos o inigualável título de Primeiro Campeão Gaúcho. Isto marcou fundo e desde então a Capital do Rio Grande do Sul cerra fileira com todos os interesses no combate aos clubes do Interior. Um verdadeiro dogma que raramente é quebrado por uma ou outra briosa agremiação de terras pampeanas.

Depois veio 1985. Um inigualável Flamengo com Zico, Zagalo e tantas outras estrelas de invulgar brilho no Campeonato Nacional é vencido inapelavelmente sob o grito da Torcida Xavante. Mais uma vez os incrédulos donos do futebol orquestram mil artimanhas para nos vencer e encarnam Castor de Andrade como o novo ceifador de sonhos. Nunca a Libertadores de América esteve tão próxima, mas nos tiraram a oportunidade sabe-se lá a que preço. Como se isso não bastasse, vieram anos turvos e tendenciosamente arbitrados.

Emocionante também foi 2004 onde uma vitória surreal entrou para a História do Brasil. Um adversário desde sempre foi batido em seu próprio estádio naquela decisão de campeonato citadino. Ah, campeonato da cidade... Parece pouco, mas põe nisso os ingredientes de um grande clássico. Sem dúvida nenhuma, o maior do Interior gaúcho onde, por si só, qualquer jogo é disputado numa intensidade dezenas de vez maior do que os jogos do centro do País. Como se não bastasse a vantagem de jogar em casa, os áureo-cerúleos tinham os onze atletas em campo enquanto o Xavante dispunha de apenas nove jogadores naquela partida. Os motivos das expulsões Rubro Negras pouco importa e talvez tenham sido pela notória vontade de vencer mais e mais que levou Claudio Milar (o maior artilheiro de uma competição gaúcha com 34 gols num único campeonato) a ir mais cedo para o chuveiro (17 minutos do 1º tempo). Neuri, um zagueiro no autêntico estilo gaúcho também carimbou as canelas do adversário e, nove minutos após a saída de Milar, também foi esfriar a cabeça com uma boa ducha d’água. Para mim, este jogo é um divisor de águas e tenho o Bra-Pel dos 9 contra 11 como a maior prova de superação do G. E. Brasil. Mesmo com dois jogadores a menos e na casa do adversário, saímos ganhando. Um a zero aos trinta e um do primeiro tempo. Aos 42 o Pelotas empatou dando os números do primeiro tempo. Logo aos 3 minutos do segundo tempo o lobão fez 2X1. Eu, tomado de emoção, suava na arquibancada e rezava para tudo quanto era santo. Achava que a desgraça da derrota poderia ser acachapante principalmente pela perda do Eterno Ídolo. Este segundo tempo foi o mais longo de minha vida e muitas vezes pensei que não ia aguentar partindo de vez para o além. Lá em cima, de certo, todos os santos pressionavam Deus que, rendendo-se às minhas preces, deu-nos a graça do segundo gol do Brasil. O tempo regulamentar terminou no maior 2X2 que eu já vi. A arquibancada Xavante festejava e tinha esse resultado como uma verdadeira vitória. Eu ali, estranho comigo mesmo. Enxergando o Paraíso e, claro, temendo a própria morte. A FiFA, a CBF ou a FGF, sei lá quem, tinha inventado um tal de “Gol de Ouro”. Uma prorrogação diferente onde tanto poderíamos ter os dois tempos suplementares jogados ou - Aja coração! – tudo acabaria em favor do time que fizesse o primeiro (e único, claro) gol. Em ninguém fazendo o gol, a decisão se consumaria nas tradicionais disputas por pênalts. E era aí que eu tinha apostado as minhas fichas. E tome reza para garantir aquele 2X2 maluco. Olhando quinhentas vezes para o Céu eu estava ali, incrédulo diante da resistência do Brasil e da comoção que começava a tomar conta da Torcida Xavante. Num verdadeiro orgasmo explodi aos doze minutos com o gol de Tiago Rodrigues para o G. E. Brasil. É Campeão! É Campeão! É Campeão! Todo o mundo gritava e ainda hoje rezo em agradecimento a Deus por esta verdadeira graça alcançada por este Clube que sempre joga com destemor, garra e uma vontade muitas vezes invejada.

Já 2009 foi um ano de extrema tristeza e aquela curva deixou marcas profundas na alma da Nação Xavante. Perder Milar, Régis e Giovani é algo irrecuperável e por mais que o tempo passe jamais vamos esquecer esta terrível tragédia. Apesar do apoio de um ou outro, sofrer o escarro de adversários insensíveis e bestas fez-nos balançar muitas vezes.

Outro golpe traiçoeiro foi a decisão do STJD em 2012. Num ardil armado, o Santo André, a FPF e alguns políticos nos surrupiaram a vaga da Série C do Campeonato Brasileiro. Passado o impacto inicial da torpe decisão, vem-nos a consciência de que muitos querem nos derrubar e tomar o que é nosso. Isso, ao contrário de nos abater, impulsiona-nos à luta.

Ainda sob os trancos e barrancos daquela queda da C, eis que surge o Londrina F. C. a querer intimidar quem está acostumado a grandes peleias. Este clube não perde por esperar porque o próprio estado dele há de julga-lo e colocá-lo na vala dos desleais. O triste disso tudo é que, mais uma vez, o STJD dá um mal exemplo a Nação e injustiça o G. E. Brasil de duas maneiras. Uma aplicando pena a quem se defendeu honradamente, outra deixando escapar ileso os verdadeiros culpados pelas brigas no campo paranaense.

Ao mesmo tempo que tem aí um quê de interesses outros, tem um doping que nos fará lutar muito mais. Embora sacados de alguns guerreiros, aqueles que vierem em substituição honrará este Manto Sagrado em busca de mais essa Taça. Está em jogo não apenas uma partida, uma decisão de campeonato e sim a paixão de uma Torcida que não para de cantar. Tudo isso que acontece não é em vão porque, como o aço, sairemos mais fortes e mostraremos não só para o País, mas para o mundo todo que “Somos muito mais do que isto!”


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