“Ontem, 7 de setembro de 2014, o GEB completou 103
anos. 103 anos de glórias, dirão alguns. Eu vejo como 103 anos de lutas, muitas
lutas. Luta para pagar as contas, para não cair para a segundona, para colocar
um bom time em campo, para trazer felicidade e emoção às almas dos milhares de
Torcedores Xavantes espalhados por este Brasil e pelo mundo. Nunca fui
dirigente, mas pelo que se pode acompanhar, mesmo a distância, dá bem para
saber que “não é mol”. Independente de todas as dificuldades, não dá para deixar
de admitir o orgulho, a felicidade e o prazer de ter nascido Xavante. Chego a
ter pena de quem não teve esta bênção. Meus parabéns e sinceros agradecimentos
a todos aqueles que, de uma forma ou outra, participaram e participam da
construção deste clube que tanto amamos.
Em meu nome, e em nome dos milhares
que não participaram deste momento infeliz, peço desculpas ao Rogério
Zimmermann e em especial ao nosso goleiro Eduardo Martini.
E foi um dia perfeito. Depois de muita chuva no dia
anterior, São Pedro nos presenteou com um belo dia de sol e uma temperatura
amena. Se me perguntassem como deveria ser um dia bom para a prática do futebol
eu escolheria o dia de ontem com exemplo. Com o sol brilhando, aniversário do
GEB, apresentação decisiva, muito tempo sem apresentações em casa, o resultado
não poderia ter sido outro: Caldeirão com bom público. Não lotado, como eu até
imaginava(desejava) que fosse estar, mas um bom público. Um dia para rever
amigos, rememorar histórias e sentir-se feliz por poder estar ali, em meio aos
seus, na Baixada.
Com o bom time do Maringá – sim, o time deles é bem
bom – precisando desesperadamente da vitória, jogando o tudo ou nada, e o GEB
precisando apenas de um empate para se classificar com duas, eu disse DUAS,
rodadas de antecipação, o nosso comandante Rogério Zimmermann, de forma
inteligente, optou por fechar a porta na intermediária e esperar pelas
oportunidades de contra-atacar.
Deu muito certo. Só não foi perfeito, porque o gol
não veio. Erramos muitos passes também. O bom time do Maringá – não esqueçamos,
um bom time – não teve nenhuma chance clara de gol e o GEB teve, ao menos,
três. Em duas destas oportunidades, saiu trocando passes de forma rápida e
eficiente do meio de campo até dentro da área adversária. Uma aula de futebol
coletivo e moderno. A segunda delas, no segundo tempo, resultou em um belo
chute do Alex Amado que explodiu na trave, deixando o grito de gol trancado na
goela. Acho que o Pepe Guardiola vai requisitar o vídeo para ver esta jogada e
aprender como se contra-ataca. Chora corneteiro!
Quando o tempo corria para o final do espetáculo e
eu me preparava para a festa, veio um dos momentos mais insólitos que já presenciei
na Baixada. Ao invés da Torcida Xavante botar para fora a sua alegria e
satisfação de ver o seu time classificado com duas (DUAS!) rodadas de
antecedência, e com grandes chances de terminar em primeiro lugar em uma chave
onde estão presentes o campeão paulista e o vice-campeão paranaense, o que se
viu e ouviu em alto e bom som foram vaias. Vaias! De verdade, me caíram os
butiás do bolso. Não sobrou um só butiazinho. Eu estava em pé – Torcedor
Xavante não assiste apresentação do GEB sentado, pronto para vibrar com o final
da partida e a consequente classificação, e sentei. Não sentei, desabei. Pela
primeira vez senti vergonha de fazer parte da Torcida Xavante, de estar no
Bento Mendes de Freitas, o Templo Sagrado Xavante. Que momento triste.
Foi vergonhoso. Foi triste ver A Maior e Mais Fiel
Torcida do Interior do RS se comportando de forma tão mesquinha, covarde, com
atitude pequena, despropositada e com tamanha falta de reconhecimento de um
trabalho que tem sido feito com competência, seriedade e que tem alcançado
todas as metas propostas. Todas as metas! Juro que, mesmo depois de algumas
várias décadas frequentando a Baixada, há situações em que eu fico perplexo e
sem entender coisa alguma. Que mais querem?
Em meu nome, e em nome dos milhares que não
participaram deste momento infeliz, peço desculpas ao Rogério Zimmermann e em
especial ao nosso goleiro Eduardo Martini. Certamente não há nenhum motivo para
nos deixar saudosos do nosso ex-goleiro – excelente, mas ex-goleiro – Luiz
Müller. Foi uma grosseria desnecessária. Há quem ache graça neste tipo de
atitude, eu considero falta de respeito. E respeito é bom.
Aos que vaiaram, digo-lhes: vão carpir! Mas também
peço-lhes que repensem suas atitudes e reflitam sobre o que querem para o GEB.
Estamos, mais uma vez, na fronteira entre o atual lodaçal de esterco fresco, um
verdadeiro purgatório repleto de almas sofridas, e a possibilidade de passar
para um lugar onde teremos, ao menos, a chance de vislumbrar um mundo melhor,
de sonhar com melhores dias, de ver a luz do sol. Se conseguiremos, não sei.
Estou confiante, mas, obviamente, não posso afirmar. O que sei, é que as nossas
possibilidades de vitória aumentarão, será menos doloroso, com a Torcida
apoiando, vibrando e empurrando o time Xavante. Este mesmo time, que tem nos
deixado tão orgulhosos nestes últimos 2 anos. Vaiar não contribui em nada.
Ainda mais sem motivo e sem propósito.
A hora é de união, de comprometimento e de
participação. É foco e apoio total para conseguirmos atingir mais esta meta, que
é a de subirmos para a Série C do Campeonato Brasileiro. A menos que achem que
o bom mesmo é ficarmos eternamente nos apresentando em Camaquã, Rio Grande,
Bagé, Livramento ou participando de “emocionantes” campeonatos citadinos. O que
vai ser?
Abs.
Ivan Schuster
Onda xavante”
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