“Não pega comida do chão
filho porque é feio. Eu já disse!” a frase ecoou em alto e bom tom na
Tiradentes hoje à tarde quando eu saia de um sebo repleto de bons livros
usados.
Não que eu viva dando fé ao
que as pessoas falam em seus colóquios rua afora, mas uma curiosidade estranha
se apossou de mim.
Olhei o casario e vi que
passava em frente a uma “veterinária” especializada em vender rações e animais
de pequeno porte.
O cusco, alheio às ordens de
sua dona, lambujava-se nos grãos fartamente espalhados pelo chão que algum
coração bondoso estrategicamente espalhara para os animais menos afortunados.
Está certo que conversar com bichos de estimação é normal, mas os humanos estão mesmo é precisando de um
bom divã. Ou talvez esta seja uma técnica para libertá-los do exagerado uso de
comunicações internéticas onde aparelhos a base de baterias poluidoras toma-nos
de assalto.
Ler, escrever ou
simplesmente conversar escasseia daí o papo rola mesmo com um cachorro ou com
um gato. Até o louro e a cocota perderam espaço. Logo eles, os mais próximos de
uma boa conversa.
Antrozoologia à parte não sei
se isto é realmente normal porque a contrapartida animalesca carece ainda de
maior emparceiramento para um diálogo mais produtivo.
De qualquer maneira não me
sai da lembrança a faceirice do cachorro, todo perfumado e de bainho tomado,
cheirando, pisando e comendo tudo que podia naqueles poucos instantes de vida
natural e a cara de ranzinza da mulher contrariada e frustrada pelos
ensinamentos em vão.
Cheguei a imaginar ela na
coleira e o vira-lata ditando as ordens (ou desordens), mas a buzina de um
motorista maluco me trouxe à tona.
O sol batia em meu rosto e
cortei caminho adentrando ao Mercado Público hoje repleto de produtos outros
que não os tamancos da colônia e aquelas frutas e verduras fresquinhas de
épocas passadas. Bem passadas. Mas aí é outra história. Deixa assim...
Tapioca
Bivas Tom
Grapete
Jacondina
Tadinho
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