Um dos principais destaques do
noticiário da semana, em nível nacional, foi o anuncio pelo deputado federal
Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), popular Tiririca, de que estará
deixando a política após o final de seu mandato no ano que vem. O antigo
palhaço, durante os dois mandatos que o povo lhe outorgou deu algumas
entrevistas sempre afirmando não possuir o “jogo de cintura” exigido para ser
político.
Em seu primeiro e último discurso o
deputado fez pesado, quiçá pesadíssimo, pronunciamento afirmando: “Saio
totalmente com vergonha. Não são todos, mas eu queria que vocês tivessem um
olhar pelo nosso país, a nossa saúde”. Acrescentou: “É uma vergonha”
Lembre-se que Tiririca foi o deputado
federal mais votado do país, em 2010, com 1,3 milhão de votos, mas admitiu ter
se candidatado apenas para aumentar sua visibilidade como artista. Em 2014 foi
reeleito com 1,016 milhão de votos.
Em questões polêmicas votou pelo
impeachment de Dilma Roussef e pela abertura de investigação contra Michel
Temer, mesmo com a pressão da direção partidária sobre ele. E nada mais.
Nos últimos cinco meses Tiririca
reassumiu sua função de palhaço realizando espetáculos pelo país de sexta a
domingo. De segunda a quinta-feira, o parlamentar permanece em Brasília.
Com o indispensável pedido de escusas
aos divergentes, em especial àqueles que tem louvado a manifestação do
parlamentar, ela não me merece nenhuma confiança e, menos ainda, qualquer
aplauso.
E por que penso assim?
Por várias razões. À uma: Tiririca
está em segundo mandato, portanto teve tempo de sobra para conhecer o
Parlamento e nele não continuar, buscando, como o fez, à reeleição em 2014.
Tenho para mim que sete anos é demasiado tempo para conhecer uma realidade em
se tratando de uma pessoa normal, o que ele o é. Quem sabe mesmo bastante
esperto. À duas: o parlamentar sempre soube que o partido desejou apenas sua
popularidade para formar legenda e garantir mandato para àqueles repudiados
pelo povo. Não foi inocente, deixou-se usar. À três: anuncia sua decisão em um
dos momentos mais difíceis da recente história pátria e, certamente, não quer
sair como alguém que tenha tomado alguma decisão que contrarie o apelo popular
ou indispor-se com seus companheiros. É, em síntese, uma atitude oportunista e
que me deixa a grande dúvida de quais serão seus reais interesses, além de
ocupar o picadeiro com sua atividade de palhaço. Por conferir!
De qualquer modo, lembre-se, por igual, que quando de sua primeira eleição
afirmava: “Pior do que está, não pode ficar”. Enganou-se e feio. Ficou pior,
bem pior.
O solitário pronunciamento de Tiririca talvez sirva de alerta ao eleitor
brasileiro para que em 2018 não vote em aventureiros ou oportunistas,
principalmente para a Presidência da República. Afinal, convém não esquecer que
o eleitor sabia que ao eleger Dilma estaria também elegendo Temer e que no
impedimento daquela, inclusive em razão da sua doença, ele seria o primeiro
mandatário. É melhor investigar antes, para não chorar depois.
Memória curta é um perigo em política.
Renato Varoto - jornalista e advogado
Publicado no jornal DIÁRIO DA MANHÃ
de 9-10/12/2017 – p. 04
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Reproduzi este texto do meu Mestre Varoto que o publicou no facebook. O tema aqui é político mas não tem como eu não lembrar dos tempos de Gato Pelado e das eternas discussões por uma nota um pouquinho "maior".
foto: 06:32 - 07/12/17 POR NOTÍCIAS
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