Trinta anos depois da
grande vitória do Brasil sobre o Flamengo, eis que estes dois rubro-negros
voltaram a se confrontar em uma competição nacional. A cidade, o Estado e até o
País não falavam noutra coisa a não ser no épico 2 X 0 dos idos de 1985. Zico,
Adilio, Tita, e tantos outros daquele timaço tombaram diante de Bira e Junior
Brasília. Zagallo teve que engolir Louruz e o Mengão conheceu a força da
Torcida Xavante.
O clima realmente era de festa. Não do tipo já ganhou, mas de uma alegria sem par por reeditar uma partida que já desponta como um clássico nacional. A Torcida Xavante, como sempre, tomava de assalto as arquibancadas na esperança de ver mais uma grande apresentação do G. E. Brasil.
Tudo fora feito para este grande jogo. Melhorias no Estádio, um gramado de primeira linha, novo vestiário para a equipe visitante e até um camarote exclusivo para seus dirigentes. Nova iluminação, poltronas especiais na casamata das duas equipes, construção de novos banheiros, enfim, um esforço danado para receber com satisfação e orgulho os adversários no Estádio Bento Freitas.
Como cereja do bolo, a maciça adesão dos Torcedores ao quadro social do Clube atingindo a marca significativa de uns oito mil Sócios. Tudo corria como um sonho, mas a vitória não veio e o time da Gávea ganhou esta partida por dois a um.
Apesar da derrota em campo, ainda havia motivo para festejar e muito. Ao contrário do que alguns agouravam, não saímos eliminados porque aquele golzinho salvador do Nena ao apagar das luzes carimbou nosso passaporte para uma revanche no Maracanã dia dezoito de março.
Essa História não aconteceu apenas nas quatro linhas. Um infortúnio tratou de apimentar as emoções e pôr em polvorosa toda a Nação Xavante. Antes mesmo de terem certeza do ocorrido, alguns torcedores alardeavam que a arquibancada tinha caído. Não tem como negar que o susto foi grande. Felizmente o estrago não chegou a tanto.
No dia seguinte a discussão em torno dos lances da partida, dos gols, do juiz e do grande público deu lugar à temeridade pela perda de mando de jogos futuros. E agora? Onde o Brasil vai jogar?
Muito provavelmente a direção e os bastidores do Brasil trabalharam brilhantemente para minimizar os prejuízos advindos da queda de pedaços do espelho de um ou dois degraus da arquibancada de entrada próximo à primeira curva. Não resta dúvida que tudo será recuperado e reforçado para evitar novos problemas, mas isto é um prato cheio para os áureo-cerúleos e a corneta vai correr solta.
À tardinha, a notícia correu quentinha dita pelo presidente da FGF: “O Brasil mandará seus jogos na Boca do Lobo até que atenda os requisitos necessários para a liberação de seu campo”. É evidente que isto terá como contra partida um pagamento pelo aluguel e ambas as torcidas terão mil e um argumentos para zoar uns aos outros.
De outro lado, isto
enriquecerá ainda mais o imaginário existencial entre Xavantes e áureo-cerúleos.
Enquanto a torcida do Pelotas aproveitará a oportunidade para mostrar que a
Boca do Lobo é feita de concreto e coisa e tal, os Rubro-Negros vão deitar e
rolar na eterna cantoria que define o campo da avenida como nosso “Salão de
Festas”. Enfim, um prato cheio para corneteiros e gozadores de ambos os lados. Que
bom que é assim. Isto nos oxigena e imuniza contra os grandões de Porto Alegre.
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