segunda-feira, 17 de março de 2014

O Brasil é Campeão do Interior

Grande jogo apesar desse juiz que errou muito acima da média contra o Brasil. Mesmo diante dos gols perdidos, sentia o gostinho da vitória a qualquer momento. Um espetáculo onde há duas opções de felicidade: ver o Time em campo ou assistir a Torcida na geral. Em alguns momentos senti saudade de meus vinte e poucos anos. Não canso de falar em pertencimento, em sentir-se dono, em fazer parte do todo. Isto não é um prêmio nem uma concessão, é uma obrigação de todo e qualquer Torcedor Xavante. Daí o acerto da Diretoria que bateu pé na campanha de Sócios. Como pode ainda hoje um número significativo de Rubro Negros não serem Sócios? E os que não foram ao jogo? O verdadeiro futebol não é espetáculo, como a mídia televisiva apregoa. Futebol é uma luta organizada onde a bola serve apenas para alegrar a uns e entristecer a outros quando entra no gol. Quem não foi perdeu a magia de Nena; a simplicidade do Foster; a suprema felicidade; a coroação de um trabalho espetacular. Estou extremamente agradecido a este Time miraculoso que tapou a boca de muita gente. Na real. ainda estou tremendo, emocionado, quase chorando. Fiquei assim a partir do momento em que a Torcida começou a gritar "Milar! Milar! Milar! Milar!". Daí a minha dúvida: o que é melhor, este Time ou a Torcida? Estou quase na turma da "Velha Guarda" e grandes vitórias ou grandes derrotas me põe de molho uns três ou quatro dias para a adrenalina baixar. Mas é disso que eu gosto e por isso estou sempre lá, na Baixada; a casa dos Xavantes.

Pois é!

O Brasil é Campeão do Interior do Rio Grande do Sul. Um Estado apaixonado por futebol, mas que tem os clubes interioranos massacrados por uma mídia grenalista, parcial e nefasta na desigualdade de distribuição de imagens e informações. Sem meias palavras, a RBS incorporou Grêmio e Internacional e tudo faz para mantê-los no topo da informação. Esta política destruidora não começou agora e por isso muitos clubes sucumbiram ao longo da história. Soma-se o mando e desmando de nossa Federação Gaúcha de Futebol com o poder centrado na pessoa do presidente que tudo pode e tudo faz. Não me refiro apenas ao atual mandatário porque os anteriores também vestiam Porto Alegre descaradamente.

Daí fica difícil vencer a dupla gre-nal em final de campeonatos e a diferença vergonhosa de títulos Interior X Capital é descomunal. Das noventa e três decisões, Internacional de Porto Alegre ganhou quarenta e duas vezes e o Grêmio Porto-Alegrense ficou com trinta e seis. Só com a dupla gre-nal, o Gauchão ficou setenta e oito vezes. Tudo bem que, historicamente, eles são mais poderosos economicamente, mas esta conquista de recursos não seria justamente pela maior exposição na mídia?

Já no Interior, o Guarany de Bagé tem a honra de ser o maior vencedor com seus dois títulos conquistados (1920 e 1938). Da parte do G. E. Brasil ostenta a façanha de ser o Primeiro Campeão Gaúcho (1919) quando golearam o Grêmio Porto-Alegrense em plena Capital do Estado. Daí, segue um rosário de apenas um título também: Bagé (1925), Americano (1928), Cruzeiro (1929), Pelotas (1930), São Paulo/RG (1933), Farroupilha com o seu Campeão por Cem Anos (1935), Rio Grande (1936), Grêmio Santanense (1937), Rio-Grandense/RG (1939), Renner (1954), Juventude (1998), e finalmente o Caxias (2000).

Quatorze anos após a conquista do último Título Gaúcho por um clube do Interior eis que nova oportunidade surge. Mas é uma luta totalmente desigual tamanho é o poder de Grêmio e Internacional. Realmente estes dois grandes clubes souberam canalizar o prestígio que a exposição na mídia lhes deu ao longo da história e somaram em suas fileiras de torcedores governadores, senadores e deputados que também agem na hora em que interesses grenalísticos estão em jogo.

Em defesa da honra do Interior está Brasil, Caxias, Cruzeiro, Juventude, Novo Hamburgo e Veranópolis. Desses, apenas o Veranópolis ainda não conseguiu o seu título gaúcho e os outros podem se igualar ao glorioso Guarany de Bagé com um Bi-Campeonato. Em destaque ainda a situação do Cruzeiro que, para fugir da sombra de Grêmio e Inter, mudou-se de mala e cuia para Cachoeirinha.

Os números e o noticiário dão mostra de que não é fácil ganhar um campeonato enfrentando, além de adversários em campo, toda uma mídia que impõe seus interesses em detrimento da paridade de oportunidades. Mesmo assim o fascínio por este esporte nos dá esperança. Esperança essa reforçada na briosa conquista do nosso Xavante que mais uma vez é Campeão do Interior e como tal vai em busca de mais essa Taça.
















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