Domingo, 17h30. Assim que foi definido o confronto entre Brasil x São Paulo pela final da Série A2 do Gauchão, eu percebi, em meio ao trabalho, que estaria de férias na quinta-feira do primeiro jogo. E pensei comigo mesmo “bah, será que eras um pulo em Pelotas pra ver isso aí?” Segui meu trabalho e continuei matutando.
Quinta-feira, 18h58. Entro no Bento Freitas completamente tomado e percebo que sim, a razão estava comigo, por mais que isso talvez seja difícil de explicar para quem não tem no futebol um dos grandes prazeres da vida.
Nesse meio tempo, foi preciso gastar muito latim para explicar aos amigos, família e namorada o que levaria a mim, que não sou do sul do estado e nem tenho afeição a nenhum dos times, a gastar (algum) dinheiro e (muito) tempo para fazer isso. E foi tudo desnecessário, percebo bem.
Porque Brasil e São Paulo são o Rio Grande do Sul que funciona nos campos. Pode parecer estranho dizer isso de dois times que estão na segunda divisão gaúcha, mas é verdade: por conta do calendário pessimamente feito pela FGF, não é de se duvidar que os times que batalharam ontem cada pedaço de grama do Bento Freitas eram do mesmo nível – ou até melhores – do que alguns dos quadros que duelaram na elite estadual.
Mas isso quem viu o jogo pode perceber, afinal.
O que não tem como se descrever é o ambiente absurdamente alucinante em Pelotas. Desde a saída de Porto Alegre, as camisas (e casacos, devido ao frio) xavantes começavam a tomar conta do ambiente. Em Pelotas, o jogo da noite era um só, e quase não se viu camisas de Grêmio e Inter – e os cidadãos que portavam algo da dupla, nas proximidades do estádio, foram devidamente xingados.
Isso, pra quem é acostumado apenas a Beira-Rio e Olímpico e a times pequenos do interior – como é o meu caso, com o Novo Hamburgo -, chama muito a atenção. Todos, absolutamente todos, estavam fardados de rubro-negro. Não só camisas: casacos, cachecóis, um lunático estava de regata… e isso para todos, homens, mulheres, crianças. Simplesmente sensacional.
E esperado. De tanto que se fala do Bento Freitas e da massa xavante, não houve aí nada além de admiração. A mesma coisa em relação à torcida rubro-verde: a torcida do São Paulo também apareceu em volta da Praça Central de Pelotas tranquilamente, xingando e sendo xingada, como deve ser. Ocupou o seu canto nas arquibancadas e fez uma bela festa também.
Sobre o jogo: é difícil fazer qualquer tipo de análise mais abalizada tendo o pouco de informação que eu tive antes da partida. Sem rádio e sem ter lido nada sobre a partida, só conhecia os jogadores que passaram pela dupla e pelo Noia – os mitos Márcio Hahn e Luciano, Luiz Müller e Russo -, além do Alê Menezes, xingado sem cerimônia absolutamente todas as vezes na Baixada.
O Brasil foi superior, e mostrou isso desde o início. Luciano teve muito trabalho contra Alex Amado e El loco Eder Machado, que desperdiçaram chances de colocar o Brasil com uma vantagem ainda maior. A torcida xavante estava impaciente e corneteava bastante os seus jogadores, mas ao final a festa foi confirmada e todos deixaram o Bento Freitas felizes.
Inclusive este escriba, que sabe que precisará voltar mais vezes à zona sul para este tipo de indiada.
Abraços,
Chico Luz
Chico Luz
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