terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O delírio Xavante em palavras e imagens

http://impedimento.org/2012/01/03/delirio-xavante-em-palavras-e-imagens/#comment-165311



O vermelho do sangue e o preto da raça, que vêm marcando e caracterizando não só as cores do time, mas o espírito do time e a sua própria constituição primordial. E que nos remetem ao tempo em que o estigma do preconceito e da intolerância via o Grêmio Esportivo Brasil como o time “da negrada” – um time que, apesar da deliberada exclusão, foi se impondo e se impondo, vitória a vitória, conquista a conquista, até que se abrandasse a intolerância, mas, mantido o preconceito, apelidassem nossos craques de “negrinhos da Estação”.
Pois o clube da “negrada”, o clube dos “negrinhos da Estação” chega, agora, aos cem anos, na superação de todas as dificuldades, inclusive do criminoso preconceito, não só racial, mas, também, social, de que foi vítima.

Trecho do texto de Aldyr Schlee presente no Identidade Xavante, livro oficial do Centenário do Brasil de Pelotas.
Lançada no último dia 9, a vistosa BÍBLIA xavante que comemora 100 anos de fidelidade em todas as divisões e dimensões possíveis do futebol brasileiro, entre glórias, barro, tragédias e arquibancadas latejantes de vermelho e preto, é organizada por Claudio Milton Cassal de Andrea. Considerando o tempo em que o SÓLIDO volume foi concebido e parido, até onde sei desde o início do ano passado, é de se elogiar o comprometimento, a agilidade e o envolvimento da comissão, pois se trata de volume antológico do futebol brasileiro, que certamente deve cair nas graças não apenas dos torcedores, mas de ESTUDIOSOS, colecionadores e apaixonados por tudo que envolva uma esfera de couro rolando pela América do Sul.
Lançada pela Editora Textos, a obra conta com colaborações de convidados como Aldyr Garcia Schlee, Clayton Rocha, Ruy Carlos Ostermann e Paulo Sant’Ana. O Impedimento também foi convidado a participar, e jamais conseguirei manifestar minha alegria por assinar um texto em um projeto de tamanha envergadura, em um par de páginas lindamente concebido, diga-se, com meus singelos escritos acompanhando uma enorme foto da massa xavante.
Com 228 páginas (30cm x 30cm) e mais de 300 imagens belíssimas e extremamente representativas da cultura rubro-negra, o livro tem um projeto gráfico da mais fina categoria, cheio de referências visuais que contam a história do Brasil, como a evolução do distintivo, flâmulas, bandeiras e registros jornalísticos de fatos notórios ao longo das décadas. Minha coleção de livros de futebol pode ser considerada MÓDICA, levando-se em conta a importância desta cachaça na minha vida, mas arrisco dizer, sabendo que no mínimo estarei PARCIALMENTE certo, de que pode haver obras tão bonitas quanto o Identidade Xavante; que existam mais belas, no entanto, eu duvido bastante.
Os textos são diretos e informativos, com a indispensável dose de emotividade que a empreitada sugere e necessita, relatando os grandes feitos do centenário, os inúmeros títulos e as adversidades, tão importantes para a afirmação do clube quanto os jogos históricos e as derrotas inesquecíveis. Foram contemplados, ainda, os deslocamentos massivos de um sempre RETUMBANTE contingente xavante pelo Estado e pelo Brasil, além de uma épica viagem de três meses pela América do Sul, após o Tetracampeonato Citadino conquistado de 1952 a 1955. Lá estão fotos em Quito, Cochambamba e AREQUIPA que não nos deixam mentir. E, claro, o Pelotas, cuja presença na vida xavante é constante, está devidamente presente – respeitosamente abordado, é bom ressaltar – no capítulo dedicado ao clássico Bra-Pel, um clássico que precisa ser assistido por qualquer pessoa que se julgue entendedora de alguma coisa envolvendo bola, grama e rivalidade.
A iniciativa do livro é da Cresce, Xavante, associação composta por torcedores do Brasil que já promoveu diversas melhorias na Baixada, entre elas o sistema de drenagem do gramado e a colocação de novos alambrados. O livro custa R$ 100 (R$ 80 para sócios) e vale cada centavo aplicado, ainda mais nesta época em que costumamos usar o 13º para banalidades, como passar o final de semana em QUINTÃO ou pagar o IPTU. O lucro obtido com as vendas será revertido para novas obras no Bento Freitas.
Em menos de um mês após o lançamento, foram vendidos aproximadamente 700 livros. É possível comprar a obra pelas ONDAS da internet na Livraria Mundial, na Livraria Vanguarda ou no site do Identidade Xavante, onde estão disponíveis um PREVIEW e informações sobre o projeto.
Saudações,
Douglas Ceconello.
Publicado em Clubes, Literatura, Pela América, Pelo Interior. ligação permanente.

3 Respostas a O delírio xavante em palavras e imagens

  1. Fabio diz:
    Parabéns, Ceconello, pela excelente crítica (análise e síntese) do livro “Identidade Xavante”. Parabéns pela tua participação, sempre criteriosa. Realmente, esta obra preocupou-se em expor, de forma singela, uma história recheada de “emoções”, tal como a “massa” que dá vida ao GEB, sem, no entanto, desrespeitar ou agredir os adversários. Concordo, trata-se de um belo livro, recomendável a todos os colecionadores.
  2. Xavante diz:
    Shorey litros. Eterna gratidão ao Impedimento.
    Feito totalmente pela torcida, custeado por alguns patrocinadores e vendas antecipadas, não custou um real aos cofres do clube.
    E modéstia às favas, quem já teve esse livro em mãos sabe que se trata de uma obra diferenciada.
  3. Xavante Munhoso na área… Gol do Brasil!
    Obrigado!
    Esta é a palavra de tantos quantos pesquisaram e rabiscaram o Identidade Xavante. A experiência vivida pelos liderados de Claudio Andrea foi algo transformadora. Como pode um Xavante tornar-se mais Xavante ainda? Pois este sentimento abrasou o coração daqueles felizardos que abraçaram esta causa. Passado o instante derradeiro, chegado às mãos a Obra consagradora, eis que começam os aplausos. Sim, este foi mais um aplauso e dos melhores. Obrigado Douglas Ceconello.

 


 

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