Descoberto por Cabral em mil
e quinhentos, o Brasil é um país abençoado com praias, matas e carregado de
minérios em seu subsolo.
Mas só em mil oitocentos e
vinte e dois alcançou a independência política e passou a reger o seu próprio
destino.
Foi em sete de setembro que
D. Pedro I, de espada em punho, bradou: “Independência ou morte!” decretando a
tão esperada libertação do Brasil de Portugal encerrando a luta de um povo
sedento por novos tempos. Contam ainda os livros didáticos que tudo isto
aconteceu às margens do Riacho Ipiranga.
Falar do povo brasileiro é
falar de alegria, coragem, resistência e luta de norte a sul. Pacífico e
ordeiro abraça a todos que aqui aportam numa mistura humana pouco comum em
outras nações. Topam qualquer parada com brio e determinação, mas é no futebol
que sua entrega é total.
Já em mil oitocentos e
noventa e quatro, através do paulista Charles William Miller, aportou em terras
brasileiras as primeiras bolas de futebol (duas) juntamente com um conjunto de
regras dando origem a este esporte avassalador onde a paixão, não raramente,
sufoca todo e qualquer sentimento mais equilibrado.
Em seguida, mil e novecentos,
o esporte bretão deu o ar da graça no Rio Grande do Sul através do S. C. Rio
Grande da vizinha cidade de Rio Grande/RS.
Além do “Vovô” ser
reconhecido como o mais antigo clube de futebol em atividade no País, motivou o
surgimento de outras agremiações que vieram a consagrar a garra e a força do
esporte aqui praticado.
Dentre estas equipes,
destaca-se o G. E. Brasil fundado também num abençoado sete de setembro do ano
de mil novecentos e onze.
Tal qual a Nação, o Brasil
de Pelotas (assim dizem os gentios) nasceu de uma revolta.
Não foi revolta armada onde
espadas e soldados deram o tom da ruptura. Mas sim uma revolta de sentimento,
entrega e necessidade de fazer algo acima de todas as forças.
Para quem não sabe, havia na
Cervejaria Haertel, em Pelotas, um clube de futebol chamado Sport Club Cruzeiro
do Sul. Certa tarde quando os atletas do Cruzeiro do Sul iam treinar foram
impedidos com o argumento de que teriam de colocar uma cerca ao redor do
gramado. Mesmo sendo funcionários, o pedido imposto não agradou os jogadores
que, incomodados, foram embora.
Dois daqueles jogadores/funcionários
que jogavam no Cruzeiro do Sul saíram a caminhar remoendo o descontentamento
pelo treino suspenso e pararam num terreno para discutir a ideia de criarem um
novo clube de futebol.
Um se chamava Breno Corrêa
da Silva e o outro Salustiano Brito. Sem imaginarem a importância de tamanha
decisão, marcaram uma reunião na casa do pai de Salustiano a rua Santa Cruz,
número cinquenta e seis.
Outros chegaram e aquela primeira
reunião deu origem a uma, duas, várias assembleias até que em sete de setembro
de mil novecentos e onze foi fundado o G. E. Brasil tendo como seu primeiro
presidente Dario Feijó.
Daí em diante o futebol do
Rio Grande do Sul nunca mais foi o mesmo. O Clube nascido às margens do Canal
do Pepino cresceu. Foi o primeiro Campeão Gaúcho. Aventurou-se a vapor até São
Paulo numa época em que as águas eram o caminho a percorrer. Varou a América do
Sul e Central na maior excursão já feita por um clube brasileiro. Conquistou o
Seletivo/78 no famoso Bra-Pel do “O Torino é nosso! O Torino é nosso!” onde o
eco d’A Maior e Mais Fiel fez valer a sua força. E ainda tem o Bra-Pel do 9X11
quando o brioso G. E. Brasil foi campeão em plena Boca do Lobo com dois
jogadores a menos em campo. Em oitenta e cinco bateu o Flamengo de Zico e
Zagalo.
Estas são algumas glórias do
G. E. Brasil. Importantes, mas não a maior. A maior está na boca de todos os
gaúchos que acompanham futebol e atestam sem medo de errar.
É a Torcida Xavante. Uma
massa irreverente que, qual Breno Corrêa da Silva e Salustiano Brito não se
cala na adversidade. Vai a luta. Aventura-se em busca do melhor. Em busca de mais esta taça. Em busca da felicidade. Custe o que custar. Afinal, isto é Brasil. Um sonho acima de qualquer realidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário