É primeiro de maio, Dia do Trabalhador,
mas estou desempregado. E o pior, não é só eu. Mais de quatorze milhões de
pessoas vivem a angústia, o peso, a atroz marca dessa situação. Este número
parece muito, mas é fichinha se somarmos a esta desgraçada estatística a legião
de subocupados e os inativos com potencial para trabalhar. Daí a casa pula para
o absurdo número de vinte e dois milhões segundo a nova metodologia do
IBGE. A esperança por dias melhores, apregoada
por aqueles que compactuam com esses governos é apenas uma teimosa que ainda
acredita numa melhora após “ajustes” via Congresso Nacional porque esta terrível
realidade não é de agora.
PMDB, PT, PSDB ou outro
partido qualquer que tenha chegado ao poder (mesmo que numa coali$ão fajuta)
está marcado pelos superfaturamentos em obras inacabadas ou de qualidade
duvidosa. Estados e municípios à beira do caos seguindo a cartinha nacional que
arrecada cada vez mais imposto numa contrapartida vergonhosa.
Do alto da cadeira
presidencial, Temer arrota uma solução messiânica para o Brasil. Mesmo sem
opções de trabalho ele e seus comparsas acreditam que aumentando o tempo
laboral dos cidadãos brasileiros evitará um colapso na Previdência Social. Após
décadas e décadas de más administrações, falcatruas e desvios de verbas, os
abastados pela $orte exigem do assalariado mais um sacrifício. Na verdade, o
último porque a grande maioria morrerá antes de ver o retorno de seu trabalho
numa justa aposentadoria.
E o Congresso Nacional? São
quinhentos e noventa e quatro bem-aventurados eleitos por nós brasileiros num
descompasso abestado entre o que o povo realmente quer e precisa e o entendimento
dessa elite vendida às empresas dominadoras do País. Falar em direita ou
esquerda não é a mais pura retórica, mas sim uma grande piada porque pulam de
partido e coalizam numa fornicação de dar inveja às velhas pornochanchadas.
Quinhentos e treze deputados federais e oitenta e um senadores para nada porque
quem vai decidir tudo são os “líderes”. E é aí que o “bicho” pega. As grandes
manchetes dos jornais e os alaridos da tv apontam aqueles que mais se
beneficiam no jogo corporativo onde a mais valia é representada por cargos e
apadrinhamentos a seus cabrestos.
No centro desse furacão
pernicioso estão os partidos políticos. Corrompidos por décadas de roubos e safadezas
travestidas de peculato partilham a Nação na maior cara de pau. Abençoados pelo
acordo maior entre eles, transitam no poder fazendo de conta que são oposição
uns aos outros num bate-boca para inglês ver. Papo manjado, surrado e que não
cola mais.
“A Justiça tarda, mas não
falha” diz o provérbio português. Enfim, um fenômeno desponta aquecendo a
esperança perdida. Vem representada na “Lava-Jato”. Sabemos que muitos
corruptos conseguirão dar o “jeitinho brasileiro” para se safarem dessa. Alguns
inclusive sairão como heróis e dormirão o sono dos anjos, mas outros terão seus
podres esparramados Brasil afora numa clara demonstração de que os tempos são
outros. Tornozeleiras eletrônicas poderão ser exibidas em rodas sociais ou
reuniões poderosas numa inversão de valores onde o escárnio está em quem as usa
e naqueles que as admiram. De qualquer maneira, esta tsunami vem para decretar
uma nova era e porá sim velhas e novas raposas na cadeia.
A gigante Odebrecht com
certeza não é a única nesta ciranda travestida de licitação, terceirização ou
coisa que o valha. Quantas mais aparecerão nesta podridão do toma lá, dá cá?
Os políticos devem estar a
serviço da sociedade e não acima dela como o status quo vigente mostra. A
“Ordem e Progresso” estampada na Bandeira Nacional tem que ser honrada por
todos numa busca social constante para que todos tenham vez.
Minha
carteira vazia mostra o meu momento. Faz tempo que não festejo um “Primeiro de
Maio”. Dia do Trabalhador? Quando voltará?
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