Os olhos
daquele guri que nos idos dos setentas entrou pela primeira vez no Bento
Freitas e foi engolido pela emoção de estar pela primeira vez na casa do time
do seu coração, do coração de seu pai, são os mesmos que hoje avidamente não
desgrudam da tela do computador ou do celular (porque moro longe) acompanhando
cada centímetro da nova casa que se constrói.
Não tenho
dúvidas que essa emoção que, ainda bem, substitui aquela de ver nossas velhas
arquibancadas indo ao chão, é sentida por todos aqueles que começam a saborear
a Baixada já na descida da Princesa Izabel quando a fumaça do churrasquinho
começa a tomar conta do ar fazendo parte do ritual de amor e expectativa de
mais uma vitória. Essa emoção histórica, tenho certeza, não se perderá na nova
casa. Pelo contrário, se intensificará pelo orgulho de conseguirmos acompanhar
estruturalmente aquilo que vem acontecendo nas quatro linhas.
Como não se
emocionar vendo aquilo que foi construído pelo esforço de nós mesmos indo
abaixo mesmo que, em nossa racionalidade há muito tempo, a mensagem era de que
mais dia, menos dia, algo aconteceria? Eu estava com minha família na mesma
arquibancada, a poucos metros de distância (no jogo contra o Flamengo em 2015)
quando nosso alquebrado Bento Freitas acusou pela última vez o golpe daquele
povo ensandecido pulando em suas costas. Por sorte Bento, lá de cima, cuidou
para que ninguém se machucasse. Foi um susto, mas daqueles que precisam
acontecer para que a vida mude o rumo.
É certo que
o Thiago Perceu e outros grandes xavantes envolvidos nesse projeto tiveram a
mesma crença de todos, presentes ou não naquele dia, de que fomos abençoados
com o não acontecer de uma tragédia e que não se adiasse por mais nenhum dia a
busca de construir um novo estádio compatível com nossa grandeza.
Diferentemente de muitos que há muito falam, criticam, cobram, mas que por anos
nada fizeram, Perceu e sua equipe saíram em busca de resolver o problema. Se
não cabemos em nós pela alegria desse momento, imaginem eles.
Agora é
interessante e triste ver como a natureza humana se manifesta em momentos como
esses. O que é para ser orgulho e felicidade comum parece ferir o ego de alguns
que, mesmo sabendo que essa necessidade se avizinharia, não tiveram a
preocupação de arregaçar as mangas e fazer tornar possível aquilo que parecia
não ser. Eles têm seus méritos e que não tem por que se sentirem excluídos desse
processo. São Xavantes e, mesmo não estando à frente daquilo que o esforço de
uns está alcançando, o sucesso será incorporado por todos nós como se
repetíssemos aquele mutirão dos anos setenta quando cada um ajudava como podia
e ninguém se chateava se o outro podia mais.
Quem sabe se
essa vontade de estar no lugar onde estão Perceu e a turma envolvida nessa
grande e sonhada nova casa, não tome o peito dessas pessoas e os faça ir atrás
de novas obras e atitudes que continuem nos levando a sermos o que queremos
ser. Tem aí um Centro de Treinamento para acontecer, o resgate das categorias
de base e uma série de outras coisas em que precisamos evoluir e que, por
certo, precisarão de pessoas abnegadas e tão apaixonadas pelo no querido Grêmio
Esportivo Brasil como as que temos agora.
Esse é, mais do que um momento de regozijo e
felicidade, o momento de refletirmos e deixarmos orgulhos pessoais de lado. – por Antonio Roxo
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