Ganhamos por dois a
zero, mas não posso deixar de registrar aqui algo absurdo que aconteceu
momentos antes da partida. Vinha eu próximo do Bento Freitas e fiz um self de
minha própria pessoa já ao som da Torcida Xavante que tomava conta das
arquibancadas provisórias. De repente, do nada, algo sussurrou em meu ouvido:
"Tu não pegou o check-in e nem a Carteirinha de Sócio." "Puts!
Que merda!", esbravejei contra eu mesmo. Tche! Acho que até as bactérias do
Pepino riram de mim sem dó e sem piedade. Dei meia volta tossindo como um louco
(faz horas que esta danada me acompanha). Deve ser NH1, 2, 3, mil. Duas quadras
caminho inverso amontei num moto-táxi e deitei o cabelo rumo às casas em busca
do documento mais importante naquele momento. Além de morrer em dez contos,
tive que ouvir o Hino Nacional ainda pelo lado de fora do Estádio. Esbavorido e
tossindo, entrei no Bento Freitas com o juiz trilando o apito para iniciar a
partida. Só em ver o que jogou o Leandro Leite hoje valeu o perrenho. Que jogo!
Que Time! Que Torcida!
Agora, do jogo em si,
dizer o quê? Só “As Feras de Saldanha” fariam melhor. Isto porque tinham Pelé.
Bastou o juiz apitar o início da partida para o Brasil começar a triturar o
Paraná Clube. A sorte deles é também entenderem do riscado, pois caso contrário,
estariam buscando a bola nos barbantes até agora. Confesso que fiquei surpreso
diante do que fazia o Time de Rogério Zimmermann. Velocidade, cadência, força e
conjunto ditavam o rumo da peleia e a cada jogada a Torcida Xavante ia ao
delírio. Para quem dizia que nosso Plantel está velho, Eduardo Martini, Wender,
Cirilo, Leandro Camilo, Marlon (Brock), Leandro Leite, Washington, Diogo
Oliveira, Felipe Garcia, Marcos Paraná (Marcão) e Ramon (Nathan) correram feito
guris em futebol de areia.
Ao final da partida as
rádios da Princesa do Sul escolheram Felipe Garcia como o craque do jogo.
Acredito que foi determinante os dois gols que nosso atual camisa sete fez
porque teriam que decidir entre cinco ou seis de tanto que o Time jogou. Não
seria nenhuma surpresa se Cirilo, Leandro Camilo, Wender, Leandro Leite, Diogo
Oliveira ou Marcos Paraná levasse o troféu para casa. De lambuja, incluo nesta
lista Eduardo Martini porque, como eu disse, o Paraná sabe jogar e com certeza
estará junto com o Brasil na ponta da tabela ao chegar a 38ª rodada da
competição. A defesa que Martini fez no segundo tempo foi daquelas de valer o
ingresso.
Não pensem que Brasil 2
X 0 Paraná foi só maravilha não. Mais do que o adversário em campo, tinha o
peso de uma longa história. Lutas contra tudo e contra todos. Como é comum para
os clubes que brigam por um lugar ao sol da Série A do Campeonato Brasileiro. Nossa
caminhada começou em 1978, chegou ao apogeu de 85 e levou um tranco no canetaço
de 86 quando nos surrupiaram a vaga entre os grandes do futebol brasileiro. Além
disso, teve aquela safadeza liderada pelo time do Santo André e a Federação
Paulista nos derrubando da Série C para a D, mas esta nos será recompensada nos
tribunais. Pelo menos é o que espero, já que a Justiça está tomando as rédeas no
País do Futebol.
Outra questão que deu
um toque especial a este jogo foi a esperança brotando da terra rumo aos céus.
Ali, no que chamamos de “Goleira do Placar Eletrônico”, nasce heroicamente o
novo Bento Freitas. Um passo gigante a somar na hora que os adversários
chegarem aqui na Baixada. Para mim, esta é a maior jogada e, com certeza, a
mais bela vitória que esta geração verá. Daqui há um ano, dois, no máximo três,
se o Paraná Clube voltar ao Bento Freitas não verá um público de sete mil
pessoas mas uma Massa fanática e apaixonada composta por mais de vinte e dois
mil Torcedores a gritar como nunca: “Dá-lhe! Dá-lhe! Rubro Negro!”. Será a
apoteose e o G. E. Brasil nunca mais sairá do convívio dos grandes.
Enfim, ganhamos por
dois a zero. Com garra, com técnica, com sabedoria e com esperança, muita
esperança. Motivos mais do que justos para eu sonhar com o meu Time entre os
quatro finalistas porque sabemos que continuamos no caminho certo.
Fotos de Xavante Munhoso
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