Fundado em sete de
setembro de mil novecentos e onze, o G. E. Brasil conquistou uma Torcida
apaixonada, inconsequente e, acima de tudo, defensora das cores vermelho e
preto. Batem no peito para dizer diariamente: “A Torcida que tem um Time” numa
mensagem clara e inequívoca da opção pela Camisa Rubro Negra. Esta luta, esta
gana, já se manifestou na origem do Clube visto que surgiu no instante em que
alguns atletas preparavam-se para um simples e corriqueiro treino. Eram os
jogadores do Sport Club Cruzeiro do Sul, formados pelos operários da Cervejaria
Haertel. Impedidos de treinar, alguns funcionários reuniram-se num campo da
várzea e resolveram formar um novo clube. Pela época do ocorrido, era óbvio o
nome e as cores da agremiação que surgia e o Brasil foi anunciado em verde e
amarelo. Mas a intempestividade e o inusitado manifesta-se e o time fundado por
Breno Corrêa da Silva e Salustiano Brito contrariou o riscado. Uma das primeiras
dificuldades a enfrentar era arranjar dinheiro para comprar o primeiro uniforme
e, com um “Livro Ouro” na mão, saíram em busca dos recursos. Eis que surge o
comerciante português Manoel Ayres Júnior, sócio e ferrenho defensor do Clube
Diamantinos, que concorda em patrocinar o uniforme da nova entidade desde que
tivesse as cores vermelha e preta tal qual o seu clube carnavalesco. Deu samba
na hora! E o Rubro Negro deu o seu primeiro grito de liberdade em alto e bom
tom.
Logo após sua fundação, o Brasil não tinha um lugar para mandar os seus jogos, mas isto foi resolvido pelo dr. Augusto Simões Lopes em 1916 que cedeu um campo em sua propriedade ao lado da Estação Férrea. Ali foram travadas partidas memoráveis onde a garra do Time e da Torcida já deixava bem claro quem mandaria na Princesa do Sul. Nesta época e por muito tempo o Rio Grande do Sul conhecia a Torcida e o Time do Brasil como “Os Negrinhos da Estação” com seu futebol aguerrido, competitivo e mágico. Mas, pesar do aconchego e da mística do primeiro estádio, o Brasil e sua maravilhosa Torcida precisava de mais. Muito mais.
Para o futebol Rubro Negro, 1939 não foi um ano de destaque, mas aconteceu a grande conquista do G. E. Brasil, ou seja, a compra de um terreno a rua 13 de Maio, atual Princesa Isabel, para a construção do seu novo estádio. Bento Mendes de Freitas era o presidente e, com arrojo e persistência, agitava seus diretores e torcedores no sentido de darem o início as obras tão almejadas. De 1939 a 1943 muito trabalho e verdadeiras batalhas tiveram os Rubro Negros liderados por Bento Mendes de Freitas. Na verdade, muitos não acreditavam ser possível concretizar tamanho sonho e a luta interna era a mais acirrada. Vencidos os obstáculos, os torcedores Xavantes assistiram a inauguração do Estádio Rubro Negro no dia 23 de maio de 1943, num jogo amistoso do G. E. Brasil com o Força e Luz, de Porto Alegre, considerado, na época, um grande acontecimento esportivo. A emoção tomou conta tanto dos Rubro Negros quanto da própria cidade que assistia envaidecida a afirmação de seu grande representante na seara esportiva. Coube a Birilão a felicidade de fazer o primeiro gol do G. E. Brasil no Estádio que nascia para a glória da Nação Xavante.
A
partir daquele jogo intermunicipal inaugural não pararam de acontecer grandes e
memoráveis vitórias do Rubro Negro em seus redutos. De lá para cá, muitas
partidas aconteceram no Estádio Bento Freitas, nome que recebeu em homenagem a
seu grande idealizador e ferrenho batalhador por sua construção. Já no primeiro
Bra-Pel realizado na Baixada, apelido carinhosamente atribuído a esta praça de
esportes, com um placar de G. E. Brasil 3 X 1 E. C. Pelotas ficou bem claro
quem mandaria nesses domínios. Há uma grande controvérsia sobre o maior público
presente neste ninho de sonhos. Uns dizem que foi no jogo G. E. Brasil 1 X 0 C.
R. Flamengo no dia 21 de março pelo Campeonato Nacional de 1984, numa das mais
lindas vitórias Xavantes que se tem conhecimento. Assistiram essa memorável
partida 21.115 pessoas. Outros afirmam ser o maior público ocorrido num jogo
contra o Grêmio onde cerca de vinte e dois mil torcedores testemunharam mais
uma apresentação Xavante.
Há
muito para falar do que eu chamo carinhosamente de Bento Colosso de Freitas,
mas as palavras que um dia Ruy Carlos Ostermann publicou no jornal Zero Hora
soam como uma oração: “Se
pudesse e não parecesse um incômodo ou impertinência, estaria no Bento Freitas
esta tarde. Foi lá que que tive as mais profundas experiências de um estádio de
futebol. Já os vi(estádios) de todos os tamanhos e os senti. Wembley é o mais
solene, grandeza como a do Maracanã não há outra, em Turim cravaram no meu
coração o Delle Alpi de Maradona e Caniggia, o Sarriá ainda dói, e o estádio do
Everton, em Liverpool, será sempre a minha maior vergonha. Mas o Bento Freitas
é uma experiência de elevação, dor e alegria, de superação dos indivíduos
convertidos numa massa se movendo para cima e para baixo, para os lados, ao som
dos trompetes e dos tambores, com todos os gestos, como na noite do jogo contra
o Flamengo, ou tantas outras, bem menos glamorosas, mas de febre alta e tensão
de pele. É ISSO, NÃO HÁ ESTÁDIO MAIS HUMANO!!”
“Virou pó!”, disse-me um amigo
áureo-cerúleo zombando a destruição das arquibancadas do Bento Freitas. Não
gastei meio segundo na resposta: “Mas o Espírito permanece”. E é isso mesmo. O
espírito permanece e a Torcida Xavante, mais uma vez, vai dar a resposta. Como
já deu em 1977 quando o Estádio foi praticamente duplicado às pressas para
cumprir as exigências determinadas pela então CBF. Gente trabalhando dia e
noite. Indo direto do serviço para ajudar nas obras em busca da primeira
participação em Campeonato Nacional. Doações de cimento e tijolo chegavam de
todos os cantos da cidade numa verdadeira comoção banhada a sangue e suor.
Hoje os tempos são outros e a
batalha é muitíssimo maior. Mas isso não me aflige. Pelo contrário, tenho a
mais absoluta certeza de que o velho Bento Freitas resplandecerá num verdadeiro
monumento ao futebol brasileiro atestando a garra e a paixão d’A Maior e a mais
Fiel Torcida do Interior do Rio Grande do Sul. Alicerçado numa Comissão de
Obras séria e comprometida com o Clube as obras caminham no ritmo necessário
para que tudo seja feito dentro do que há de mais moderno e atualizado em
termos de normas e exigências para um bom estádio de futebol. Como se não
bastasse, o diferencial fica por conta da Associação Cresce Xavante. Uma
entidade sonhada e formada pelos mais guapos Torcedores do Brasil. Este é o
nosso selo. Esta é a garantia de que “o Brasil será do tamanho que nós
quisermos”.
A disposição existe, o trabalho
está sendo feito e a colaboração, claro, virá de todos os cantos da Nação
porque temos Torcedores do Oiapoque ao Chuí. Siga o seu coração. Acesse http://www.novobentofreitas.com.br/ e faça parte dessa grande
batalha.
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