“Virou pó!”, disse-me
um amigo áureo-cerúleo zombando a destruição das arquibancadas do Bento Freitas.
Não gastei meio segundo na resposta: “Mas o Espírito permanece”. Pode parecer
blasfêmia, mas ser Xavante é uma religião. Tem romaria, dízimo, sacrifícios,
graças e, claro, pecados. E tudo isso gira em torno de um espírito guerreiro
inconfundível. Não sei se Deus, Tupã ou Milar governa o Bento Freitas. Aliás,
sei lá se algum Ser nos governa tamanha a loucura reinante na Nação Xavante.
“Virou pó!” e mesmo
assim é infinitamente maior do que o adversário; decerto que voltará num brilho
esplêndido. Daí, todas as lágrimas cessarão e um novo Bento Freitas reinará no
Sul.
“Virou pó!”, este que
outrora fora construído na força braçal de uma raça. Exauriu-se em gloriosas
lutas na certeza de um futuro ainda maior. Tombou num regozijo efêmero de seus
contrários.
“Virou pó!”, mas está
mais vivo do que nunca em lembranças gloriosas de sua Torcida.
“Virou pó!” para
multiplicar a capacidade de acolher seus fiéis seguidores que, num impulso só,
O colocará em pé novamente.
“Virou pó!”, mas a
primeira batida de velhos tambores O colocará de pé novamente. Este pó não é
páreo para a Nação Xavante que está pronta para reerguer um Bento Freitas muito
maior e capaz de, num sopro, reassentar a esmagadora hegemonia na Princesa do
Sul.
“Virou pó!”, mas um
canto já ecoa em toda a parte: “Eeeeeeeê! Bento Freitas vem aí! Eeeeeeeê! Bento
Freitas vem aí!”.
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