sexta-feira, 6 de junho de 2014

Que tempo é esse?

Sem barracas a vender cerveja. Sem o homem do churrasquinho com o seu braseiro fumegante. Nem refri. Nem quentão. Nada. Nada. Um silêncio absoluto na Princesa Isabel.
Estranhamente, ouço batucada de malho a derrubar paredes. Roncar de caçambas. Ronronar de retro-escavadeiras. Alaridos. Caminhadas apressadas. A João Pessoa dá sinal de vida numa mudança alucinante.
Em vez de bandeiras, trenas medindo cada centímetro desse solo sagrado. Máquinas digitais registrando a mudança. Homens com carrinho-de-mão a transportar móveis, ferramentas, areia, tijolo, esperança.
Finalmente entendo o que está acontecendo. É o Campeão do Interior num agito novo. Depois da conquista nos gramados chega a vez da infra-estrutura. Os jogadores estão na serra se preparando para novas batalhas enquanto os peões põem a mão na massa e transformam desejos em realidade.
Uma academia de primeiro mundo. Nova sala de imprensa. Espaço adequado para o administrativo. Central de Sócios para atender os milhares de Rubro-Negros que despertam para a nova realidade. Gramado massageado como nunca. E, claro, a transformação da antiga cancha de sete num magnífico campo reduzido para atender os clamores do grande treinador.
Esse é o tempo. Sem futebol na Baixada, mas com muito barulho. A argamassa toma forma. A tinta renova. A areia é espalhada para um novo tapete. O suor assina a obra que se ergue. E, claro, o desejo se realiza: “Cresce, Xavante!”. 










Fotos de Thiago Perceu



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