sen._cristovam_buarque_‑_j.freitas
O ano de 2012 termina com o país apresentando seu menor índice de
desemprego da história, os turistas brasileiros gastando 20
bilhões de dólares no exterior, a desigualdade diminuindo e o salário médio do
trabalhador subindo.
Quase tudo permitiria fazer do último artigo do ano
um momento de celebração. Mas, ao invés de um tradicional Feliz Ano Novo, é
mais correto alertar para os riscos adiante.
A inflação mostra sinais de sair do controle.
A taxa seria ainda maior se não fossem as medidas artificiais de controle de
preços, que não podem durar muito, e vão cobrar um preço alto quando se
esgotarem como, por exemplo, a repressão ao preço do combustível, que
desequilibra financeiramente a Petrobrás.
Cabe alertar que a inflação sobre os bens de
consumo das camadas mais pobres, em quase 8% este ano, reduz substancialmente
os resultados da Bolsa Família e os aumentos no Salário Mínimo.
O reduzido desempenho do PIB tem
características estruturais que dificilmente serão superadas de maneira
estável, se a economia não for capaz de fazer duas inflexões.
Primeira, mudar a exagerada preferência pelo
consumo que sacrifica a poupança. O Brasil consumidor de hoje inibe a taxa de
crescimento no futuro, por falta de poupança. Esta falta de poupança está
vinculada não apenas à preferência pelo consumo, mas também à falta de
oportunidades de investimento nos setores mais dinâmicos da economia moderna.
Por isso, a segunda inflexão é desenvolver a
capacidade de inovação para a economia brasileira oferecer oportunidades, no
setor de produtos de alta tecnologia, o que exige uma revolução educacional
ainda não iniciada, nem mesmo anunciada em 2012.
É necessário alertar para o aumento nos
gastos públicos que seguirão pressionando ainda mais o risco de elevação da
inflação.
Como se não bastassem os alertas sobre a
economia, o Brasil precisa ver outros riscos adiante.
O ano começa com enfrentamento entre os
poderes: o Poder Executivo demonstra cada vez mais seu poder hegemônico,
desrespeitando o Congresso Nacional que, subserviente, aceita aprovar tudo que
o governo determina, e acumula 3.060 vetos presidenciais sem votação; o STF
tomando medidas que se contrapõem à vontade do Congresso que, por
incompetência, inapetência ou descuido para legislar de forma clara, dá a
Justiça o poder e a obrigação de interpretar a Constituição, legislando porque
os congressistas não legislam.
Não por nossa vontade, poderemos enfrentar a
perda de mercados externos dos nossos produtos, majoritariamente primários,
pela crise econômica mundial ou por fenômenos naturais, afetando a estabilidade
monetária, o crescimento da economia e mesmo a sustentabilidade e a eficiência
dos programas sociais.
O ano de 2012 faz parte de um ciclo de 20
anos de contínuo avanço, mas é preciso alertar que os pilares deste período
estão a se esgotar.
Por isso, ao lado da celebração do ano que
termina, precisamos alertar para o futuro que começa em 2013.
Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo
PDT-DF
-------------------------- x --------------------
Acho que aqui não se trata apenas de
PT, PMD, PSB, CBF ou STJD (incluindo estas duas últimas por puro desgosto).
Temos que incluir todas as siglas partidárias que, ao longo dos tempos têm nos
ludibriado descaradamente. Mas há um detalhe que também não podemos
menosprezar: partidos são feitos por gente e gente, vota. É uma roda quadrada
que possibilita aos Tiriricas e Cururús chegarem ao poder legislativo faltando
dois ou três neurônios. Claro, Malufes são outra espécie e, infelizmente, estes
é quem dão as cartas. Voltando ao cerne do discurso de Cristovam Buarque, somos
incapazes de economizar um centavo por absoluta falta de confiança na
"poupança". Esta foi esbudegada com as inflações galopantes e tiveram
o seu golpe de misericórdia através das artimanhas governamentais que
simplesmente saquearam os poucos que deixavam de colocar o seu dinheirinho
embaixo do colchão e entregavam aos cuidados do Banco do Brasil (não do meu
Time), Banrisul (leia-se dupla gre-nal), Bradesco, Itaú e tantos outros que de
nacional têm muito pouco. Como se isto não bastasse, temos os camelódromos da
vida que de um e um real levam o pouco que sobra em troca de quinquilharias
paraguaias que duram dois ou três dias. Mas não pensem que tudo está perdido, afinal,
"Somos brasileiros e não desistimos nunca". Feliz 2013 a quem teve
saco para ler até aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário