Xavante Munhoso
Como muitos de vocês viram, tive a honra de participar do DVD "Xavante - O Centenário Rubro Negro". Inicialmente, foi proposto três perguntas/temas para mim ao que preparei um pequeno texto. Evidentemente a emoção do momento modifica o que planejamos e, no meu caso, aquela chuvarada fez com que eu tivesse que repetir a entrevista por três vezes. Emoção, chuva e inexperiência são temperos que alteram nossas respostas e a partir daí o coração é o mentor de tudo. A seguir, minha história (publicada neste blog em 11 de janeiro) que tentei passar atendendo o pedido de Felipe Fabião:
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"... Conta
alguma história emocionante que o G. E. Brasil te proporcionou.
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Existem muitas, mas
destaco aqui o inesquecível Bra-Pel do “O Torino é nosso! O Torino é nosso! O
Torino é nosso!” Final da década de 70, valendo uma vaga para o campeonato
Nacional de 1978. No apogeu de meus vinte e poucos anos, vi-me literalmente
esmagado pela multidão Rubro Negra que se espremia nas arquibancadas do Bento
Freitas num domingo inesquecível.
Nunca neguei que
Bra-Pel é o jogo mais importante, vibrante e emocionante de se assistir e,
portanto, vencendo ou perdendo, sempre deixa alguma marca para sempre.
Naquele longínquo 9
de outubro de 1977, aconteceu de tudo: um barulho ensurdecedor, torcida
áureo-cerúlea vibrante; Torcida Xavante com seu grito esmagador; sol escaldante
e dois times em campo dispostos a vencer de qualquer maneira.
Tadeu Silva um
especialista em levar a Torcida Rubro Negra do Céu ao Inferno num passe de
mágica (ou numa furada espetacular) teve a honra de marcar um bendito gol ainda
no primeiro tempo. Tudo indicava que este controvertido ponteiro teria a glória
maior da partida. Mas veio o segundo tempo e, no apagar das luzes, Euclides,
estupendo lateral do G. E. Brasil comete pênalt e o Estádio emudece num
pesadelo colossal. Um golzinho àquela altura determinaria um quarto Bra-Pel
visto que o E. C. Pelotas havia vencido o primeiro por 1 X 0 e o G. E. Brasil
vencera o segundo também por 1X 0.
A crueldade do
destino estava selada. A torcida do Lobão cantava na certeza da perna esquerda
de Torino. De minha parte, eu indagava: “Como pode meu Deus? Logo o Torino?”
Este atleta era cria do juvenil Rubro Negro, numa era de grandes nomes surgidos
no barro da Baixada. Torino não foge à responsabilidade e calmamente pega a
bola e a aquieta na marca branca. Olha para a grande arquibancada, olha para o
pavilhão e sente uma Nação em prantos. De repente, um sussurro: “O Torino é nosso!”.
Mais adiante outro grita: “O Torino é nosso!”. E, segundos antes da corrida
fatal, a Nação Xavante rende sua homenagem àquele que estava prestes a
sepultá-la e num magistral cântico de esperança começa a gritar: “O Torino é
nosso! O Torino é nosso! O Torino é nosso!” Até hoje sinto a emoção daquele
momento. Vejo o riso, o choro, a explosão daqueles que estavam ao meu lado. Não
sei se por acaso, não sei se por bênção, não sei porquê, mas a bola não entrou.
Passou rentinha à trave dando adeus aos áureo-cerúleos que teimaram em querer
ver o desfecho final do lance. O Torino, evidentemente, saiu cabisbaixo. Pagou
um preço muito alto ante a indolência da avenida. Eu, até hoje festejo este
momento. Tenho-o como uma grande lição e por isso mesmo não esmoreço diante das
adversidades. Sei que, na hora H, o lance nos favorecerá..."
Agradeço ao Bruno
Frantz, Felipe Fabião e a Camila Ferreira a oportunidade para transmitir para a
posteridade esta verdadeira epopéia do G. E. Brasil e sua maravilhosa Torcida
Xavante.
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