sábado, 8 de setembro de 2012

Desde os tempos de Sepé

Pedro Ortaça

"Seu gringo, faça silêncio
Vai cantar um missioneiro
E prá não dar entrevero
E o baile ficar suspenso
Pode guardar seu dinheiro
Que eu vou falar o que penso!"


          Lá da América do Norte
          Se vieram para os confins
          Trazendo a fome e a morte
          Muito pior que graxaim
          E hoje, por toda parte
          Mudam tim - tim por tim - tim
          Palheiro tem fumo "lights"
          E a bombacha virou "jeans"
          Palheiro tem fumo "lights"
          E a bombacha virou "jeans".


Trazem o povo à cabresto
Pela tal televisão
A ganância não tem preço
Nessa maldita invasão
Viram o mundo do avesso
Pesticida, poluição
E se dizendo progresso
Querem tomar o galpão
E se dizendo progresso
Querem tomar o galpão.


          A evolução sem limites
          É que arrebenta a represa
          Levando tudo que existe
          Na força da correnteza
          Onde o "tio Sam" dá palpite
          Não resta pão sobre a mesa
          Pois nenhum povo resiste
          À morte da natureza
          Pois nenhum povo resiste
          À morte da natureza.


Há muito sobem a rampa
Tapados de cerimônias
Nossa conta virou trampa
Sem a menor parcimônia
A mesma história se acampa
Onde a gringada se adona
Estão com um pé na pampa
E as duas mãos no amazonas
Estão com um pé na pampa
E as duas mãos no amazonas.


          Seu gringo, perca o entono
          Pois mate não é café
          E o cepo nunca foi trono
          De misterzinho qualquer
          Por isto, não perca o sono
          E pode ir dando no pé
          Porque esta terra tem dono
          Desde os tempos de Sepé
          Porque esta terra tem dono
          Desde os tempos de Sepé
          Porque esta terra tem dono
          Desde os tempos de Sepé.



http://letras.mus.br/pedro-ortaca/1169867/


Nenhum comentário:

Postar um comentário