domingo, 22 de março de 2020

O dia que fiquei velho

Tchê! Eu não tive culpa. Eu juro.

Foi a pandemia dum tal corona vírus a responsável. Oficialmente Covid-19 é o nome do bicho, mas isto pouco importa diante do poder letal da fera.

Também, vinte e quatro horas a dizerem que os “maiores de sessenta anos” tinham que se recolher em suas casas e não poderiam mais andar na rua.

Tchau praça! Tchau bar! Tchau mulheres do Calçadão!

Até os jogos do G. E. Brasil foi suspenso!

Hoje, com sessenta e seis anos, passo a viver um dia de cada vez.

É melhor respeitar e contar com a felicidade de brevemente poder abraçar e beijar meu neto, filha e filhos. Quanto a nega véia, vida que segue e de dormir abraçadinho eu não abro mão.

O título destas linhas tem muito a ver com Raul Seixas. Cantor, poeta ou profeta sei lá, mas prestem atenção na música dele em que relata “O dia em que a Terra parou”.

A profecia dele não é restrita aos velhos não. Tu jovem, sai da rua, sai da noite e passa a viver direto com pai e mãe, irmão e irmã enquanto é tempo. Isto passará e, queira Deus, daqui a pouco a Terra voltará a ter aquele balanço, aquele swing característico da raça humana.

Do estrago que está acontecendo mundo afora preciso nem falar. Tá na cara!

China, Itália, França e, pasmem, até a poderosa nação americana acusou o golpe. Não escapa pobre, não escapa rico. Vai tudo para a mesma vala se não se cuidarem.

É, “O dia em que a Terra parou”, eu acordei velho. Mas vivo! Que assim seja por muitos anos porque não tenho pressa de encontrar o povo lá de cima.

Ti amo família!

Ti amo alma nova!

Dá-lhe Brasil!


Xavante Munhoso - Rio de Janeiro - 1983














Um comentário:

  1. Parabéns pelo post, amigo xavante, com saudações tricolores desde Niterói, RJ.

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