As mulheres da minha família me ensinaram que se eu quero, devo lutar e assim as conquistas vem. Eu quis muito assistir um jogo do Xavante, era só ir ver como era e ter uma história para contar. Lutei por anos e finalmente no dia 15/06/1997 entrei na Baixada pela primeira vez, mas não consegui que fosse apenas uma vez, a paixão me pegou de jeito e aquele passou a ser o MEU LUGAR.
Ali eu aprendi que nem tudo são vitórias e que uma paixão não depende de série, divisão e muito menos de taças e troféus. Na Baixada eu aprendi que a união constrói uma história sólida, que eu posso discordar de uma pessoa, mas se a ideia dela for boa para o meu clube, vou apoia-la até o fim, pois o que importa é o Grêmio Esportivo Brasil ser forte.
Essa semana a Torcida Xavante viveu momentos de ansiedade, pois mudanças sempre são acompanhadas de incertezas, mas especialmente esses últimos cinco dias foram carregados de simbologias e lições, a fase não era boa e precisávamos resgatar a raça rubro-negra da baixada e para isso foram convocados o Rogerio Moreira (o presidente dos presidentes) e o Seu Peto, para trabalharem junto do futebol, e para comandar o time, na casamata da baixada, dois ídolos conhecidos da torcida o Gustavo Saibt Martins e o Cirilo Cristiane.
Eu poderia encerrar aqui e dizer que esses já eram motivos suficientes para a superação Xavante, mas na semana que jovens brasileiros, disfarçados de torcedores, envergonharam uma nação ao humilharem uma mulher, usando o futebol como pano de fundo para tais atitudes, aqui em Pelotas, uma cidade, que apesar de ser de porte médio, possui apenas um time em evidência nacional, eu pude fazer parte do resgate da nossa identidade.
Meus companheiros de diretoria do Conselho Deliberativo do Grêmio Esportivo Brasil, Claudio De Andrea, Peto e Rogerio, todos com mais de seis décadas de vida e que poderiam usar a desculpa que na época deles mulheres não participavam de ações futebolísticas, foram na contramão do machismo, compraram (e venderam) a ideia de que eu poderia estar dentro do vestiário na apresentação do Professor Gustavo e que merecia estar na chegada do Professor Gilmar.
Sempre sonhei que o dia que eu entrasse no vestiário, eu diria para os jogadores que a camisa que eles vestem por 90 minutos, para mim e mais um monte de gente (e uma monte MESMO), é uma segunda pele. Eu ainda diria que qualidade técnica é importante, mas que se algum dia eles não estivessem bem taticamente, que apenas demonstrassem garra dentro de campo e a Maior e Mais Fiel torcida do interior do Brasil, não deixaria que eles perdessem, mas não falei nada fiquei só observando o Pulu e o Rogerinho, vendo o que eles faziam e como eu deveria fazer.
Para alguns poucos, esses momentos vividos por mim são insignificantes, mas eu vejo diferente, pois pude piscar o olho para o Papa e receber um sorriso de volta, pois ele entendeu que nesse piscar de olhos eu queria dizer “confio em ti”, eu tive a oportunidade de apertar a mão do Gilmar e tenho certeza que ele entendeu que o Brasil é a minha vida e que o meu humor e a minha felicidade agora dependem do trabalho dele, eu abracei o Cirilo, falei para o Capitão Leandro Leite que a má fase já era passado e mostrei para os conselheiros que confiaram em mim para dividir com eles a mesa diretiva, que sempre que eles me chamarem, estarei lá para aprender e lutar pelo nosso Xavante.
Coisa boa sentir que o Grêmio Esportivo Brasil, o meu Xavante, é um clube que enaltece dirigentes que ajudaram a construir o clube do povo, que prestigia profissionais que gravaram seus nomes na história rubro-negra e, através de uma apaixonada torcedora, valoriza e respeita a força das mulheres.
Condutas positivas, só poderiam gerar resultados positivos, portanto acrescenta três abençoados pontos na conta e vamos em frente, trabalhando em prol da nossa paixão.
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Ah Janaína Dos Santos Motta! Ah Janaína Dos Santos Motta! O que dizer diante desta verdade que bate em teu coração. Somente obrigado! Tu é de fé! Tu é Xavante! Tu é Nós na multidão! Dá-lhe Brasil!
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