A noite vai ser longa
novamente, mas já faz parte da rotina dos Torcedores do G. E. Brasil. Quantas
terras visitadas? Quantas batalhas? Quantas brigas desiguais sendo decididas na
mais pura paixão da Nação Xavante?
Do abestado Lazaroni a esta
vergonhosa atitude da atual diretoria do Grêmio de Porto Alegre há um ranço
próprio daqueles que fazem tudo para defender o seu território custe o que
custar, doa a quem doer.
Como se não bastasse a ótima
condição técnica do time da Capital o “Tricolor do Olímpico” tem que usar de
subterfúgios baixos e intempestivos. Tudo no afã de garantir uma vantagem a
mais perante um adversário que ousa enfrenta-lo de igual para igual.
Determinar apenas oitocentos
ingressos à Torcida Xavante nesta hora é um insulto porque todo o mundo sabe
que “Somos muito mais do que isto”. Em um estádio com capacidade próxima a
sessenta mil lugares o lógico seria reservar de cinco a seis mil lugares aos
torcedores visitantes. Se não, de que adianta um flair play jogando a bola para
a lateral em plena partida para atender atleta adversário?
E nesta hora FGF e RBS calam
como sempre calaram quando algum clube do Interior ousa desafiar seus
protegidos. Patrocínios e espaços midiáticos endeusam dois e jogam ao
purgatório, dezenas de clubes interioranos. É sempre assim. Pode ser o Brasil,
o Caxias, o Juventude, o Novo Hamburgo, o São Luiz, o Avenida ou qualquer outra
equipe que se atrever a brilhar mais do que a dupla gre-nal.
Parece haver um artigo na
lei maior do Estado determinando a presença de Grêmio e Internacional na
decisão do campeonato regional. Diuturnamente a imprensa porto-alegrense trata
o futebol gaúcho como uma laranja partida ao meio.
Só enxergam a dupla
rapineira dos sonhos do Interior e a qualquer um que entrevistam perguntam:
“Grêmio ou Inter?”. Como se não existisse o São Paulo, o Cruzeiro, o Ypiranga,
o Esportivo, o Glória, o Pelotas e tantos outros que, na Primeira ou na
famigerada Segundona, tem sim seus torcedores e merecem um lugar no coração daqueles
que amam o verdadeiro futebol.
O episódio de agora fez eu lembrar
dos acontecimentos de dois mil e quatorze quando, sem o ingresso e enfrentando
barreiras da polícia militar, aventurei-me a esta mesma arena para torcer pelo
Time do meu coração. Na época o Grêmio tinha "liberado" uns duzentos e poucos ingressos para a Torcida Xavante se não me falha a memória e perdi o jogo para um gol com a mão de Luan que o árbitro
não viu...
Foi uma insanidade minha, eu
sei, mas que Xavante aguenta ficar de fora de decisões como estas? Vi o jogo da
“Geral do Grêmio” rezando para tudo quanto era santo diante do risco de ser
reconhecido. Sobrevivi e cá estou. Pronto para mais uma batalha.
Futebol é apaixonante
justamente porque tem malucos que torcem pelos mais diversos clubes e aqui no
Rio Grande do Sul não são apenas dois não. Como querem fazer crer lá na
Capital.
Logo amanhecerá e o ronco
dos motores dará o ritmo até à tarde. A partir das dezesseis horas a toada será
uma só e a Arena da AOS ouvirá o que todos nós Xavantes cantamos desde o
amanhecer até o findar do dia: “...
Muito mais que um vício/Muito mais que amor/É meu Xavante querido/A raça do
Interior...”.
Será dois, talvez três mil
Xavantes a torcer e gritar em Porto Alegre, mas poderia ser mais. Muito mais,
não fosse esta decisão repugnante, mesquinha, desproporcional, covarde tomada
pelo Tri-Campeão da América.