quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Comando Rubro Negro

Ufa! Enfim a primeira vitória de dois mil e dezessete aconteceu. Foi pela Primeira Liga, num jogo contra o Criciúma de Santa Catarina, no Estádio Bento Freitas, por dois a um. Sua Santidade, o Papa, abençoou-nos com dois gols em noite festiva para a Torcida Xavante.

Do Time, ainda há pouco a falar e a premissa de uma zaga formada por Evaldo e Leandro Camilo pode trazer noites de sono mais tranquilas. Nas laterais, eu ficaria com Marlon e Wender e fincaria Leandro Leite como um destroier à frente dos defensores. Podem mandar fazer as figurinhas de Nem, Lenílson, Aloísio e Jean Silva também. Se corrigir os chutões em direção ao nada, é claro que Eduardo Martini continuará a ser o número um do Brasil. Quanto ao centro-avante, bem, não tem outra, tem que ir às compras.


Quando o Time não encanta em campo, sobra tempo para observar outras coisas. Sim, porque não é à toa que o Bento Freitas é o Estádio mais humano que existe. De rondão vejo os treme terra da Garra Xavante rompendo caminho em direção à arquibancada “provisória” no seu ritual de décadas.

No vácuo do ritmista deslizo feito bolacha em boca de véia e chego num segundo ao lugar mais alto da Arquibancada. Ali é meu altar. Ali sou canonizado como membro inconteste d’A Maior e Mais Fiel Torcida do Interior. Da panorâmica, vejo que ainda é cedo e poucos estão no Estádio.


Uma luz ofusca minha vista deixando-me como morcego em pleno meio-dia. O que é isto? Pergunto a mim mesmo num monólogo finito e sem resposta. Restabelecido do clarão, vejo a realidade e sorrio satisfeito com a novidade. São os novos refletores do Estádio Bento Freitas. Sei que a parceria foi grande, mas só consigo lembrar nesta hora de Carlos Renato Costa Moreira. Ele vai ficar “puto da cara” comigo por citá-lo, azar, ele merece os créditos numa justa gratidão por seu trabalho a favor do G. E. Brasil ao longo dos anos.

Com a bola rolando, as atenções passam para o Onze Rubro Negro e ganhar é a única possibilidade que eu admito para esta noite. Não quero ver o circo pegar fogo, antes pelo contrário, só estou a fim de farra e de comemorar. Sem um pila no bolso, a cerveja foi dispensada e o bom e velho churrasquinho de gato está longe do meu alcance então o negócio é xingar bem o juiz. Não sou de ver o jogo “técnico ou taticamente”. Isto é coisa para europeu ou assinante de “pei-per-viu”. Daí, para mim, o Brasil tem que ganhar, ganhar ou ganhar.


O time de Santa Catarina veio com uma gurizada sub-20. Sabem jogar direitinho, bonito até, mas tropeçaram na experiência de Gustavo Papa que estava em noite diferenciada. Aos trinta e aos quarenta e um minutos do primeiro tempo Sua Santidade estufou as redes fazendo-me sorrir de orelha a orelha num prazer aprisionado desde o início do ano. Foi de lavar a alma e restabelecer o corpo para as próximas partidas. É assim que eu sou, sem firulas, só paixão.

No intervalo do jogo foi só contemplação. Na minha cabeça, a rapadura estava liquidada e era hora de observar o movimento da Torcida. O auê de quem está ganhando é bem diferente e as preocupações somem como dinheiro antes do mês findar.


Como tem ido mulheres e crianças aos jogos do G. E. Brasil e ver as famílias no Bento Freitas é um colírio para quem acredita que podemos crescer mais e mais. Com minha Canon vou registrando esta metamorfose e uma cena fisga o meu coração. Um pai pacientemente deixa seus filhos curtirem a sensação de ver o jogo grudado na tela. Uma mistura de orgulho e felicidade deve comandar as batidas do coração dele neste momento. Quantas vezes ele mesmo já não deve ter feito esta proeza? Raramente eu vejo o jogo grudado na tela. É só em ocasiões especiais e eu geralmente estou com muita gana. Dá vontade de entrar em campo...


Na contra mão, vejo a nova Arquibancada fechada, isolada, inerte, cabisbaixa a implorar a glória de sentir o pulsar da Torcida Xavante novamente. Foi um parto sua construção. Liberada aos trancos e barrancos, lotou na estrondosa vitória contra o Vasco da Gama e curtiu o jogo diante do CRB quando ganhamos também. Faltam detalhes para o seu uso pleno e o prazo dado era o suficiente não fosse o ruído na linha.



Felizmente, as bandeiras voltam a tremular na Baixada. E a Torcida Organizada “Comando Rubro Negro” liderou a festa. Um show! Nada se compara a um mar de bandeiras num estádio de futebol. De alma lavada, voltei para casa. Louco que chegasse o dia do novo jogo do G. E. Brasil. Não me importo se pelo Campeonato Gaúcho, Primeira Liga, Campeonato Brasileiro ou até amistoso. Eu quero é jogo. Mas tenho a minha condição absoluta. É ganhar, ganhar ou ganhar. E se o juiz “atrapalhar” e dar uma força para o adversário? Bem aí também me vou para a tela.

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