Uma euforia
estratosférica tomou conta de mim quando o juiz determinou o fim daquele jogo.
Não era uma partida qualquer e sim o início de uma nova era. O Santo André, a
Federação Paulista de Futebol, a CBF, o STJD, Aldo Rebelo/PCdoB, Manuela D’Avila/PCdoB
e tudo o que representava aquela grande injustiça praticada contra o G. E. Brasil
caíra por terra diante de sessenta mil torcedores do Fortaleza. Tendo o sol do
Ceará como testemunha, cozinhamos todo o mundo em banho-maria e não apenas
consagramos nossa participação triunfante na Série C de 2015 como demos um
salto de qualidade atestando mais uma vez a garra Xavante em busca de mais esta
taça.
A euforia de hoje teve
um preço muito alto. Lutamos contra grandes interesses e a “desorganização” da
CBF. Clubes uniram-se, tomando partido a bel prazer sem levar em conta a
posição defendida pelo clube gaúcho. Aliás, as forças do próprio Estado foram
homeopáticas para não dizer incompetentes. Numa demonstração dos interesses em
jogo, o próprio Ministro dos Esportes veio ao Rio Grande do Sul com a clara
determinação de soterrar a defesa do Brasil de Pelotas.
Penamos! Não só pelo
rebaixamento sumário, mas por tudo o que desaguou a partir daquela punição
descabida. A flauta adversária veio ao natural. Multiplicada ferozmente, exigiu
muita paciência, perseverança e doação dos Rubro Negros que, abraçado ao Clube,
prepararam-se para o que der e vier. Teve fogo amigo, como sempre ocorre nestas
horas e muitos detoram a Direção acusando-a de incompetente e outros despautérios
tão comuns nos campos de futebol.
“Santo André 2 X 3
Brasil: arrancada perfeita” destacava o site Xavante em 17.07.2011 sem imaginar
o inferno astral que aportaria na Baixada. Já no dia 29.07.2011 a notícia era: “Brasil
contraria especulações e é absolvido pelo STJD” dando uma tranquilidade
questionável diante da zoeira estabelecida na cidade d’A Maior e Mais Fiel. Evidentemente
que tudo isso atrapalhou a campanha do Time em campo e da própria Torcida nas
arquibancadas. A ansiedade, a angústia, a raiva e toda uma gama de sentimentos
baixos rondavam o coração do Torcedor mais aguerrido, mais participativo e mais
apaixonado do Rio Grande do Sul quando a paulada final chegou em 18.09.2011. “Brasil
1 X 1 Santo André: disputa vai para os tribunais” adubava de vez o bate-boca
entre os contra e os a favor das decisões administrativas tomadas no início da
competição. Claro que sobrou para a emprensa também, visto que muitos têm um pé
atrás ante chamadas e manchetes de jornais e rádios da terrinha.
Com tudo isso, o ano do
Centenário foi marcado por tribulações, incertezas e uma decepção só superada
pela imolação sofrida com a perda de Milar, Régis e Giovani. Mesmo
esquartejados, partimos de vez para o enfrentamento. Munidos de documentos, fé
e dignidade deixamos as quatro linhas e encaramos os engravatados, as togas e
tudo o mais que atravessasse o caminho de nossos sonhos. A pendenga ainda corre
na Justiça e, além da esperança de um dia sermos recompensados por tamanho
esbulho, temos a grata satisfação de ver um dos maiores representantes das
falcatruas do futebol brasileiro trancafiado em cadeias de além-mar e pedindo
penico para ser extraditado para a terra do tio San. Decerto que José Maria
Marin pretende curtir sua fortuna nos Estados Unidos porque aqui no Brasil terá
Romário no seu cangote.
Daí a importância daquele
trilar de apito do sr. Renan Roberto de Souza que levou o jogo até os cinquenta
minutos do segundo tempo. Esse acesso à Série B do Campeonato Brasileiro de
2016 é, antes de tudo, o “alma lavada” de André Araujo e Ricardo Fonseca. O
primeiro sofreu o revés, o escárnio por fatos e atos combinados em cafés de São
Paulo e o segundo pela coragem de, mesmo sabendo que sofreria punições, botou a
boca no trombone e trouxe à tona coisa que o FBI e a polícia da Suiça vieram a
comprovar mais tarde. É como dizem alguns experts: “futebol é uma caixinha de
surpresas”.
Pois é! Um novo tempo
chegou. Patamar nacional, estádio novo, Categorias de Base, dez mil Sócios e
festa; muita festa para coroar os próximos anos. Tudo isso seguindo a doutrina
Rogerio Zimmermann de “um jogo de cada vez”. Bem, aí a coisa fica difícil porque
quem vai convencer a Torcida Xavante a “dar uma calmada”?