em
31/07/2014
Acabaram mais rápido do que surgiram as parcas esperanças
que alguns tinham de o futebol brasileiro passar por algum tipo de
reformulação. Bastaram 20 dias após o humilhante 7 a 1 para a CBF, os clubes e
a TV Globo, emissora que detém os direitos de transmissão do Campeonato
Brasileiro, se mobilizarem (ou se esconderem) para deixar tudo como está:
razoável para essas entidades, mas péssimo para torcedores, jogadores, árbitros
e jornalistas.
A CBF agiu rápido e não deixou dúvidas sobre seu desprezo
a respeito de todas as críticas feitas à seleção. Contratou Dunga, o homem que
não convocou Paulo Henrique Ganso e Neymar em 2010, para comandar um projeto
cujo objetivo anunciado é dar espaço para os jovens jogadores. Maior
contra-senso, impossível.
No futebol de clubes, a
incompetência provoca agonia. “Por erro da CBF, STJD tira título do Brasília“, diz a manchete
da ESPN Brasil, que com simplicidade dá um tapa na cara
do torcedor. É chocante, mas o sistema de registro da CBF continua
não funcionando, mesmo depois do imbróglio envolvendo Portuguesa e Fluminense
no ano passado. Estamos tão acostumados que não conseguimos mais nos
surpreender em ver o STJD, que é um braço da CBF, mudar um resultado baseado em
um erro da burocracia da própria confederação. Vamos nos surpreender, no
entanto, se o mesmo critério for utilizado para punir o Botafogo, um clube do Rio de Janeiro.
Em São Paulo, o metrô está a
serviço da TV Globo, em detrimento do torcedor. Nenhuma manchete levou
este título, mas os fatos são cristalinos. Há anos o futebol brasileiro
amarga o horário das 22h (que já foi 21h45), inexistente em países como
Inglaterra, Alemanha, França e Itália, por conta da programação global. Os
transtornos ocorridos no Itaquerão não foram nenhuma novidade, mas mobilizaram
a diretoria do Corinthians. Como não há federação ou liga para proteger o
interesse dos clubes e dos torcedores, o de jogar em um horário civilizado, o
time alvinegro não procurou a Globo. Buscou o governo do Estado, que
aceitou estender o funcionamento do metrô. Quem resumiu a história foi o
corintiano que fez umapetição pública ao metrô. “Acho que não é o horário ideal. Mas
a Globo paga (e muito) para os clubes, então, acho que esse é o lado mais
difícil de mudar.” A emissora, dona do futebol brasileiro, segue impávida.
No front que parecia mais
promissor, a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, os clubes procuram não
deixar espaço para reformas. Estão tratando de esvaziar a LRFE e, como afirmou o Bom Senso F.C., ocultar
sob a bandeira da reforma a transformação da legislação em mais um simples refinanciamento de suas dívidas, que provavelmente não serão
pagas, como nunca foram.
Os donos do status quo não darão sossego ao futebol
brasileiro. Eles precisam que o produto continue respirando por aparelhos para
seguir sob seu domínio. A nós resta a resignação.
A presidente
Dilma Rousseff e os presidentes dos clubes.
Mudar tudo para
não mudar nada? (Foto: Roberto
Stuckert Filho/PR)
Nenhum comentário:
Postar um comentário