Este sentimento de
grande final, a partida do ano, o último jogo na verdade é uma ilusão. Uma
canção de ninar para o nosso coração que bateu freneticamente dezenas de vezes
acima da média em mais um ano de futebol. Cada jogo carrega a sua história e
até num amistoso pode acontecer o lance que marcará a vida de alguém para
sempre.
Como pode ser a partida
do ano se já estamos pensando no próximo campeonato? Coração entra em férias?
Torcedor dá um tempo? Claro que não. Agora, que a peleia é especial não tem
dúvidas. Vale Taça. Vale passagem para outra competição importante. Vale
vitória num clássico. Vale arregimentação.
Nesta hora perdemos a
razão. O que conta é a paixão, o fanatismo, o querer mais e mais ganhar de quem
vier pela frente. Esquecemos o que foi alcançado e colocamos todas as fichas no
jogo da vez. Céu e inferno na balança da nossa irracionalidade. Justiça e negação
no fio da navalha. Qual será o resultado?
É por isso que não
existe o último jogo. Nossa válvula de escape nos leva em direção à esperança
e, por isso mesmo, a vitória sempre é possível. Agora, por que esta ânsia? Por
que este nervoso? Por que este proceder afoito como se o mundo fosse acabar?
Esta é a magia para
quem torce por um clube de futebol. Vivemos de momento. A alegria e a tristeza
habitam o mesmo coração e isto nos tira do plumo.
Sou Xavante. Negar não
nego. Fui marcado a ferro e fogo; banhado na chuva; escaldado no sol; polido ao
vento, iluminado em noites de luar. Cada jogo, para mim, é único, incomparável,
soberano. Por melhor que seja a partida, já penso na próxima. Sem essa de
último jogo. Eu quero mais e mais porque meu sonho não cabe em meu coração.
Quero gritar campeão daqui, dali, do Continente. Posso ser visionário, surreal,
sem noção. Que importa, eu quero mais.
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