Enfim, o grande dia chegou. O Centenário do G. E. Brasil é uma realidade. Cenas voltam à tona e a emoção toma conta de todos nós Xavantes. Relembramos Breno e Salustiano como um grande irmão e há partir daí passamos a viajar por este século de glórias. Na roda viva do tempo, ciclos repetem-se como um relógio e o primeiro Campeão Gaúcho vai escervendo a sua História.
Em seu primeiro jogo do G. E. Brasil, muitos tiveram a graça de serem levados por um pai, uma mãe, um irmão, o tio ou o avô... Eu costumo dizer que fui criado a campo e desde que me conheço por gente sou Xavante. Sou de uma época em que íamos ao jogo que tivesse na cidade (Brasil, Pelotas ou Farroupilha). Minha turma era grande e um tentava "converter" o outro. Muito cedo desistiram de querer fazer a minha cabeça, pois eu já a havia perdido pelo nosso Xavante querido.
Realmente, Breno Corrêa da Silva e Salustiano Brito deram o pontapé inicial neste jogo centenário. A eles, toda a honra e toda a glória. Todavia, mesmo com toda a gana, toda a raiva e toda a raça com que se empenharam na tarefa Divina recebida, jamais imaginariam o desenrolar desta contenda. O novo Clube cresceu, e no dia 7 de setembro de 1917, com apenas seis anos de carreira esportiva, ganha o seu primeiro título de Campeão da Cidade. Esta conquista foi apenas o prenúncio das grandes façanhas que nosso Rubro Negro viria a aprontar, pois com o Bi de 1918 e o Tri-Campeão Citadino em 1919, conquista definitivamente a Princesa do Sul. Uma multidão passa a acompahar os jogos do Rubro Negro e a situação fuge do controle com a Massa definitivamente identificada com o novo Clube. Sabidamente, hoje o G. E. Brasil não é um clube que tem uma torcida e sim "Uma Torcida que tem um Clube".
Somos conhecidos de norte a sul do País e no Interior do Estado indiscutivelmente nossa fama arrebata a glória de ser "A Maior e a Mais Fiel". Divergentes que somos, ao longo deste primeiro Centenário, tivemos cerca de sessenta e duas (62) "Torcidas Organizadas". Isto prova que sempre queremos mais e jamais acomodamo-nos na mesmice do tudo pronto.
Milhares de anônimos construíram esta História no berro e na raça e não importa se o jogo é contra o Arealense ou contra o Flamengo de Zico, sempre haverá um coração Xavante a pulsar como se o jogo fosse de Copa do Mundo. Temos centenas de jogadores consagrados pelas conquistas dentro de campo mas humildemente lembramos a todo instante de Marcola, mais que uma lenda, parte de nós. Este negro franzino, trabalhador e cachaceiro conquistou-me de vez no dia em que eu o vi caído aos pés de nosso alambrado a bradar como um sinal Divino: "Rubro-Negrooooô! Rubro-Negrooooô!". Nunca mais fui o mesmo e acho que este foi o meu verdadeiro batismo.
A organização desta Torcida de tantas façanhas e de tantos nomes, começou a auto-identificar-se em grupos quase que por acaso na década de 50 quando Pedro Karini, um fanático torcedor, passou a levar uma faixa em todas as competições em que o G. E. Brasil participava. Com autoria de Sérgio Luís Cassal de Andréa, esta “tira” dizia profeticamente: “A MAIOR E A MAIS FIEL TORCIDA DO INTERIOR”. Expressão forte, logo caiu no gosto popular e até hoje identifica a torcida mais atuante no Interior do Rio Grande do Sul. Por tudo isto, para homenagear nosso Clube temos obrigatoriamente que parabenizar nossa Torcida, construtora da grande Nação Xavante. Parabéns Torcida Rubro Negra! Hoje e sempre "A Força do Interior".
Xavante Munhoso
Sete de Setembro de 2011
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