A sombra da capital que impede o pleno crescimento do futebol do interior
É fato que nosso estado conta com
dois times na capital, times que são gigantes no futebol brasileiro e mundial,
ambos campeões mundiais, nada contra isso... é benéfico para imagem do futebol
gaúcho e ajuda manter a vitrine aberta.
O problema está na centralização de
esforços, coberturas jornalísticas, patrocínios e proteção por parte da
federação gaúcha ao times "grandes". O interior pena com a falta de
recursos e com um apoio tímido da FGF.
A desigualitaria distribuição das
verbas de televisão e a falta de uma política de incentivo de patrocínios a
times do interior por parte da federação, é uma das explicações para termos
apenas dois representantes na série A do campeonato nacional. Enquanto dois
times dividem mais 60% da verba da televisão, os outros 10 dividem as migalhas
para tentar fazer futebol e honrar com seus compromissos financeiros.
O futebol é um setor da economia,
emprega profissionais de várias aéreas e tem grande importância para o
desenvolvimento regional. Uma divisão mais justa, que vise recompensar os
esforços de times que lutam na série C e B, traria mais equilíbrio ao
campeonato e daria um fôlego maior a times que a anos vem nadando contra a
correnteza.
Ipiranga e São José na C, Brasil e
Juventude na B, times que lutam a anos por um calendário cheio, que buscaram um
cenário nacional, mas que vem grêmio e inter, mesmo que jogando com seus times
alternativos, reservar, transição, sub 23... receberer de cota, dez ou doze
vezes mais que eles.
A imprensa da capital, limita -se a
esses dois times, o interior com menos cobertura, menos visibilidade, encontra
maior dificuldade de buscar patrocinadores... e quando os encontra, os valores
oferecidos são pífios! Exemplo o Banrisul, que mesmo sendo um banco do
"estado" oferece aos times do interior 10% ou menos do que paga a
cada time da capital.
Não parece haver um interesse da FGF
nem da imprensa estadual, no desejo de ter 4 ou 5 times gaúcho representando o
estado em uma série A, ao contrário, dão a entender que esse posto deve ser um
privilégio dos dois grandes da capital. A fórmula, a divisão das verbas, a
escalas de arbitragem, as datas dos jogos...tudo pensado e calculado para um
dos times da capital ser campeão estadual! Enquanto times do interior são
coadjuvantes de um filme com final já escolhido.
Uma divisão mais justa das verbas, um
campanha de incentivo a patrocinadores, que dessem mais vantagens e
visibilidade a empresa que se dispusesse a patrocinar um time do interior,
traria um equilíbrio maior ao campeonato Gaúcho e proporcionaria um alívio
financeiro e uma maior capacidade de investimento em clubes do interior, que
mesmo sem o apoio devido e esperado de sua federação, mantém futebol o ano
inteiro e disputam competições nacionais, pudessem alcançar voos maiores e dar
mais representavidade e força ao futebol gaúcho.
Mas infelizmente, falta união aos
clubes do interior, pois sem eles não sai campeonato algum! Se houvesse um
entendimento entre equipes a força de negociação seria bem maior. Essa sombra
da capital, impede a passagem de luz para os times do interior, a imprensa
gaúcha vende para o resto do país que aqui metade o estado é gremista e a outra
metade é colorada! Isso dificulta e muito que um time do interior apressa para
o cenário nacional.
Salvo o Grêmio Esportivo Brasil que tem uma história de luta e grandes vitórias no cenário nacional, a mais de 4 décadas e o Juventude que a Parmalat tirou do limbo, outras equipes não conseguem sair dessa sombra, o que vai asfixiando e matando a mingua o futebol do interior gaúcho. Com a difusão dos meios digitais e a cobertura em tempo real dos maiores campeonatos mundiais e as barreiras financeiras impostas a times locais, fica praticamente impossível fazer futebol, e times que outrora fizeram grandes embates contra gigantes, hoje fecham as portas ou caem no esquecimento.
Inter SM, Guarani de Bagé, Bagé,
Farroupilha, Glória da Vacaria, Esportivo... cito esses exemplos entre outros
tantos que foram celeiros de grandes jogadores, campeões estaduais, times
respeitados e amados por suas comunidades e reconhecidos por todos! E hoje, são
apenas muros que sustentam portões fechados, portões esses que guardam uma
história rica, mais esquecida pelos avanços da modernidade.
Não entendo essa visão da federação,
espero que aja uma reformulação, que os demais clubes, instituições
centenárias, sejam tratadas com o respeito que merecem! Do contrário, o futebol
do interior seguirá a mingua, fechando clubes, deixando torcidas órfãs e
causando desemprego e desilusões entre os profissionais da bola.
- Emerson Novelini torcedor xavante.