Em tempos de internet a
imbecilidade humana não desgruda de corpos atrasados e almas vadias.
Só isto pode justificar o
que dois ou três “torcedores” do Avaí F. C. fizeram contra um ônibus que trazia
Torcedores do G. E. Brasil na viagem de retorno logo após o jogo em que o time
catarinense saiu vencedor por dois a zero.
Florianópolis é uma terra
belíssima com praias convidativas e gente prá lá de alegre e hospitaleira.
Literalmente acampamos na
Praia do Campeche e a recepção que tivemos foi digna de um povo educado, alegre
e receptivo.
Aquele mar azul esverdeado é
uma coisa de outro mundo e jamais vou esquecer.
Com água límpida, sal a
gosto e a temperatura como todo banhista gosta, foi um convite irresistível e
de cara dei uns mergulhos para assinar minha rápida estada por lá.
À tardinha fomos para o
Estádio da Ressacada cheio de esperanças, pois a vitória apesar de difícil era
possível.
Que engano; aos trinta e
dois minutos do primeiro tempo o juiz e o bandeirinha anularam um gol legítimo
do Brasil. Um a zero ali seria a consagração e a história do jogo decerto que
seria contada de outra maneira.
Desde o início, o estádio
inteiro só ouvia o canto da Torcida Xavante. Como sempre, a maior e mais fiel
do Interior gaúcho estava presente fazendo a festa com muito grito e batucada.
Samba de primeira como é nossa marca registrada.
O gol do Brasil mal anulado
deu um safanão, claro, mas não quebrou o ânimo dos Xavantes que de imediato
passaram a tecer os tradicionais elogios ao “homem de preto”. Eram 32 minutos e
cada vez mais a esperança da vitória consagradora era certa.
Terminou o primeiro tempo e
a copa do estádio lotou de Xavantes ávidos por uma boa cerveja geladinha. Até aí
ninguém pensava em afogar as mágoas e sim aproveitar para calibrar o gogó para
a parte final da peleia.
Coisa estranha isto visto
que aqui em Pelotas é proibida a venda de bebidas alcoólicas dentro dos
estádios. Proibição inócua visto que os amantes da loirinha enchem a cara fora
do estádio e não dá nada.
Recentemente a Assembleia
Legislativa gaúcha aprovou um projeto de lei que libera a venda de bebidas
alcoólicas em estádios do RS, mas o governador vetou e agora está todo o mundo
esperando a Assembleia derrubar o veto para fazer a festa novamente.
Báh! Mas chega de rodeios e
vamos aos fatos acontecidos nas terras de Hercílio Luz em sete de março de dois
mil e dezenove pela Copa do Brasil.
Mal começou o segundo tempo
e o lateral do Brasil deu uma furada desgraçada resultando em seguida no
primeiro gol do Avaí.
Foi aí que deu para perceber
a torcida do time da casa. Praticamente mudinha desde o início, explodiram na
comemoração do gol achado.
Mesmo perdendo por um a
zero, a Torcida Xavante tomou fôlego e passou a incentivar mais ainda o Time
que lutava bravamente em busca da vitória.
Mas a incredulidade se fez
presente quando o zagueiro Nirley foi expulso após uma voadora num jogador do Avaí.
Vi o lance de frente e aí até minha alma sentiu que a vaca já já iria pro
brejo.
Não deu outra. Aos doze
minutos os catarinenses marcaram o segundo gol e agora só os mais empedernidos
acreditavam ainda que dava para empatar e fazer o crime nos pênalts.
A maior e mais fiel curtia
um misto de dever cumprido por acompanhar o Time em mais um jogo e uma raiva
compreensiva contra o juiz algoz que anulara aquele que seria o gol salvador do
Brasil.
Terminada a partida chegou a
hora de recolher as faixas enquanto os tambores Xavantes ainda embalavam a
Massa que se fez presente.
Parecia que tudo tinha
terminado ali e Copa do Brasil para nós agora só no ano que vem.
A espera de praxe para a
torcida visitante sair do estádio foi exigida pelo policiamento responsável
pela segurança. É uma coisa chata, mas plenamente compreensível nos tempos de
agora.
Enfim partimos. De cabeça
inchada, mas já pensando no próximo jogo do G. E. Brasil.
Na estrada tudo corria
normalmente num trânsito calmo e tranquilo. Alguns dormiam enquanto outros
remoíam a derrota amarga.
De repente, um estouro.
“Quem caiu?”, alguém perguntou. “Foi uma mochila”, respondeu outro. Procura
daqui, procura dali e nada de anormal dentro do ônibus.
Paramos à beira da BR-101.
Todos desceram e constataram o inacreditável.
Alguns imbecis apedrejaram o
ônibus. Foram de uma gana e crueldade sem tamanho. Atiraram direto no
motorista. A intenção era diabólica mesmo. Coisa de quem já entregou a alma para
o Diabo há muito tempo.
Decerto que este ato
horrível foi planejado muito antes do jogo porque a peleia transcorreu dentro
da zoeira normal e aceitável quando duas torcidas se encontram num estádio a
lutar por seus times.
Acredito que isto foi
vingança. Vingança covarde visto que cometida contra pessoas que nada fizeram
contra esses ordinários travestidos de “torcedores do Avaí”.
De resto é agradecer a Deus.
Um milagre nos salvou e estamos prontos para a próxima peleia.
Não mais pela Copa do
Brasil. É Gauchão. Campeonato raiz como diz a mídia do momento.
São Luiz, Pelotas e
Veranópolis estão no nosso caminho e precisamos de toda energia para enfrentar
esses adversários gaudérios.
Se na Copa do Brasil éramos
franco atiradores agora a responsabilidade é muito maior.
Ainda mais que o G. E.
Brasil é o atual Vice-Campeão Gaúcho. Não dá para errar mais e três vitórias
são necessárias para passar à próxima fase. Depois veremos como fica.