Quando Breno Corrêa da Silva
e Salustiano Brito, inconformados com o adiamento do treino da equipe de
futebol formada por funcionários da Cervejaria Haertel – o Sport Club Cruzeiro
do Sul – fundaram o G. E. Brasil evidentemente não pensaram no que esta decisão
influenciaria o futuro esportivo da Princesa do Sul. Concentrados apenas em sua
paixão pelo futebol queriam mais era correr atrás de uma bola como a maioria
dos brasileiros prefere desde criança.
Mas aquele rompante juvenil
não ficou acampado na várzea que lhe deu origem e, no dia sete de setembro de
mil novecentos e onze formalizou aquele que viria a ser o mais poderoso clube
da Zona Sul e um dos principais do Rio Grande do Sul. Tendo Dario Feijó como
primeiro presidente abriu uma escalada onde dezenas de abnegados marcariam seus
nomes numa História brilhante e apaixonante.
Adir
Cunha, André Araújo, Alberto Gigante, Antônio Carapeto Fernandes, Antônio
Ferreira Martins, Augusto Simões Lopes, Basileu Campello, Bento Mendes de Freitas,
Breno Antônio Nunes, Carlos Giusti, Carlos Marino Louzada, Claer Augusto Borda,
Cláudio Fabrício Montanelli, Cláudio Milton Cassal de Andréa, Clóvis Gotuzzo
Russomano, Dario da Silva Tavares, Delorges Antônio Horta Duarte, Érico
Ribeiro, Flávio de Souza, Frederico Zambrano Siqueira, Giovanni Mattéa, Hamilton
Santos, Hélder Lópes, Heleno Aires Coelho, Hipólito J. do Amaral Ribeiro, Humberto
Santo, Humberto Zachia Alan, Ildefonso Simões Lopes, Ivânio Branco de Araújo, José
Carlos Lima Schuch, João Zabaleta, José Antônio Zaquia Alam, José Delgrande
Domingos de Assis, José Francisco Dias da Costa, José Gomes Tavares, José João
Bainy, José Mario Manfrin, José Rahal, Júlio de Castilhos, Juvenal Dias da
Costa, Lélio José Robe, Luís Leivas Massot, Manoel Ayres Filho Maneca, Manoel
de Sá Cordeiro, Manoel Farias Guimarães, Manoel Giampaoli da Silva, Manuel Luíz
da Rocha Osório, Marcílio Carvalho, Orlando Brisolara Azevedo, Paulo Vignolo
Silveira, Pedro Elba Zabaleta, Pedro Noronha de Mello, Rafael Iório Brandi, Rogério
Souza Moreira, Selmar dos Santos Pintado, Sílvio Barbedo, Solon Ferreira de
Brito, Sylvio Balverdú, Torquato Nunes Garcia, Ubirajara Pinto Martinez, Vicente
Russomano, Wanderley Álbio da Silva e Wilson Francisco Brito Wasielieski
sedimentaram o Clube do Povo enfrentando obstáculos mil até chegar aos dias
atuais.
Hoje
Ricardo Fonseca soma-se a estes valorosos guerreiros completando uma lista de
sessenta e cinco Torcedores que vestiram literalmente a Camisa do Brasil rumo
ao convívio dos grandes clubes nacionais numa busca sem parar. Apesar de
algumas derrotas, natural em se tratando de um clube de futebol, o G. E. Brasil
crava o seu nome na história com feitos deveras fascinantes. No meio de tantos
méritos, atrevo-me a citar alguns: Troféu Estímulo – (ofertado
pela LPF em reconhecimento ao esforço dos atletas – 1913); Primeiro Título de
Campeão da Cidade – 1917; Campeão Gaúcho – 1919; Torneio Rio-São Paulo-Rio
Grande do Sul – 1920; Paulo Viola cria o Distintivo do G. E. Brasil – 1930; Estádio
Bento Freitas – 1943; Brasil 5 X 3 Pelotas – “Eles são uns Xavantes!” – 1946; Vitória
contra a Seleção do Uruguai em Montevidéo – 1950; Excursão às Américas – 1956; Penta-Campeão
Gaúcho – Futebol de Salão – 1963, 1966, 1967, 1968 e 1969; Torneio Seletivo –
1977; Campeão Gaúcho de Juniores – 1984; Campeonato Brasileiro de 1985; Uma
curva da BR-392 põe à prova a Torcida Xavante – 2009; Identidade Xavante –
Livro em homenagem ao Centenário do G. E. Brasil – 2011; Ricardo Fonseca assume
a Presidência do Brasil – 2012; Campeão da Divisão de Acesso – 2013; Campeão do
Interior – 2014; Acesso à Série B do Campeonato Brasileiro – 2015; e “Vai ter
estádio, sim!” – 2016.
Evidentemente que, cada gol,
cada tijolo das velhas arquibancadas, cada nome confirmado na presidência do G.
E. Brasil teve o sopro inigualável do Torcedor Xavante. Nada é obra do acaso e
sim a mais pura intenção de partir para a luta em busca de um espaço sonhado
por aqueles que um dia largaram tudo para criar o seu próprio clube. Sim porque
o G. E. Brasil realmente é nosso. Do Torcedor do bairro, do centro, da esquina,
da indústria, do café famoso, do boteco e de todo e qualquer lugar. Ricos e
pobres, brancos e pretos fervilham numa paixão desenfreada, avassaladora, que a
todos une e iguala.
Hoje estamos noutro patamar.
As glórias do passado já não nos bastam e é preciso buscar novos desafios. Esta
é a descomunal tarefa de Ricardo Fonseca. Avançar mais e mais sem comprometer o
que ele e outros conquistaram.
O Brasil é um clube de
futebol, todos nós sabemos e é assim que queremos continuar sendo. Mas tem um
mundo voraz a empatar os sonhos de quem não tiver a devida competência para
evoluir sem perder seu próprio brilho. Sem sangrar sua identidade.
Vejo que estamos no caminho
certo. Não falo em futebol dentro das quatro linhas por que este é efêmero e
traiçoeiro. Aliás, Dino Sani já dizia: “Em futebol se ganha, se empata e se
perde”. Santa verdade!
Refiro-me a feliz iniciativa
do G. E. Brasil aderir ao Profut; à reorganização das Categorias de Base; à
heroica reconstrução do Estádio Bento Freitas; à busca constante por um quadro
social digno do tamanho da Torcida Xavante; à captação de recursos através das
leis de incentivo aos clubes esportivos; à Timemania; à Loteca; à valorização
do quadro diretivo e dos funcionários que se doam diariamente para manter em pé
o clube de nosso coração; ao acerto com credores; enfim, à saúde financeira do
Clube através de recursos via patrocínios e investimentos em novos atletas,
além, claro, de um gerenciamento profissional dos recursos tenazmente buscados.
São essas ações que, em
última análise, vão dar o suporte necessário para as conquistas dentro de
campo. Um passo a passo básico para chegarmos a tão falada estruturação. Algo
imprescindível para um enfrentamento de igual para igual com os clubes de porte
médio a grande das principais competições brasileiras e num futuro não muito
longe, latino-americanas.
Olhar o Clube do alto,
valorizando sua História, aprendendo com os erros e apostar nas qualidades e nos
pontos fortes. Trazer cada vez mais para dentro do Estádio a Torcida. Coração
determinante de tudo que acontece no Bento Freitas.
Este é o caminho, este é o
futuro e esta é a grande missão do atual e dos próximos presidentes. Não às
dificuldades; não aos medos; não à apatia. Sim, sempre sim ao arrojo, ao
planejamento, à congregação com a Torcida Xavante. Guerreira como é, decerto
colocará o G. E. Brasil no mais alto do pódio.
Campeão Segundona Gaúcha - 20.07.13
Campeonato Brasileiro - Série C
Festa da Chegada a Série B - 18.10.15