terça-feira, 29 de novembro de 2016

Lastimável esta notícia

Lastimável esta notícia. Não tem como não sentir novamente tudo o que passamos. Nós Xavantes temos a obrigação de, além da consternação, agirmos de forma exemplar e eficiente para apoiar a Chapecoense.

É incrível como nós TORCEDORES às vezes nos degladiamos nos estádios ou nas esquinas da vida e só numa tragédia dessas sentimos a irmandade natural que Deus pôs entre nós. Infelizmente, é assim que o ser humano aprende. Pouco a pouco, morte a morte, tragédia a tragédia compreendemos que somos todos irmão; todos uma só família. A família dos amantes do futebol, independente da cor clubística, sofre uma barbaridade e precisa achar forças não só para a própria sobrevivência, mas principalmente para a sobrevivência da Chapecó e de sua grandiosa Torcida.




Felipe Coimbra:
"Ai a gente acorda e se depara com uma terrível notícia, parece ta voltando a 2009,que pena,que tragédia a esse grande time do futebol brasileiro que enche o torcedor do interior de orgulho e de esperança de que sim é possível conquistar os sonhos e jogar de forma gigante contra todos os times do país e do mundo,já vi na baixada varias vezes a Chape jogando contra o xavante,sempre fiquei admirado com o crescimento meteórico do time,o meu rubro negro seguiu o exemplo,se organizou e também hoje chegou onde está, mais o destino cometeu esse crime,só um torcedor que ja passou por isso sabe, força Chapecoense,e que teu guerreiro Índio Conda se erga e que das cinzas teu coração volte a bater,tenho certeza que a grande nação Xavante vai estar torcendo e mandando uma energia pra vcs! Que dia triste!"
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Wagner Oliveira:
Meu time é verde, a Chapecoense é verde, o Atlético Nacional também é verde. Hoje, o mundo todo é verde. Um verde que uniu todas as torcidas do mundo, que recolheu todas as lágrimas das pessoas, que abraçou o esporte mais querido do mundo para uma única causa: solidariedade.
As pessoas não vão no estádio apenas para ver futebol. Vão ao estádio para sorrir, celebrar, passar boas lembranças a quem lutou e derramou cada gota de suor para conseguir um único objetivo. O futebol tem a mania de despertar sentimentos difíceis de serem demonstrados no dia a dia. Tem a mania de nos dar alegrias e comemorações. As melhores festas e espetáculos do mundo foram organizadas pelo futebol.
E sobre festas, não existiu uma festa tão bonita como a que ocorreu no Atanasio Giradort e na Arena Condá nessa noite. Esse dia 30 de novembro de 2016, será sempre marcado por uma data em que o futebol deu esperanças para a humanidade, uniu os povos e promoveu uma atitude que deveria ser registrada nos livros de história.
Eu sou um torcedor do Goiás. Eu vi meu time perder a final de uma Sul-Americana e derramei muitas lágrimas naquele dia. Depois daquilo, não quis nunca mais chorar em uma decisão, principalmente se tratando dessa competição em específico. A Chapecoense me impediu. Me fez chorar mais do que nunca. Foi essa Chape, inclusive, que me deu uma certeza na minha vida: viverei de futebol até o dia da minha morte.
É difícil entender o porque da queda desse avião. Logo o avião que carregava os jogadores mais guerreiros desse país. Porém, agora eu já entendi o motivo. Esses guerreiros precisavam partir para dar uma luz ao futebol, uma luz ao mundo. Conquistar a América era pouco, Deus quis que eles conquistassem o mundo.
Obrigado, Chapecoense. Para sempre te admirarei, para sempre te aplaudirei e para sempre usarei verde.



A dor maior é da Chapecoense mas o luto é de todos.



segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Rescaldo positivo de 2016 para o Brasil e a Torcida Xavante

Claramente manifestado em todas as rodas, o objetivo maior do ano para o G. E. Brasil era a manutenção do Clube na Série B do brasileirão. De um lado, aqueles que acreditam sempre e acham que o Xavante vai ganhar todas, independente de adversário porque o Brasil é melhor e pronto. De outro, os pé-no-chão que sabem diferenciar paixão de organização, estrutura, competência e essas mumuinhas que muitas e muitas vezes fazem a diferença dentro das quatro linhas. Não nego que estou no primeiro grupo e às vezes pago o preço. Mas, no meio desse turbilhão tinha ainda os secadores, alguns da “emprensa” pelotense e os que não enxergam o crescimento firme e contínuo dos últimos cinco anos. Duvidam por qualquer dá cá aquela palha. Classificam o plantel como fraco, alegam não termos estádio e multiplicam as qualidades dos outros times.
De certa forma os secadores, a “emprensa” pelotense e aqueles torcedores mais exigentes tinham razão. Depois de iniciar o Campeonato Gaúcho com derrota e uma sequência de empates, o Brasil ganhou a primeira partida somente na quinta rodada e conseguiu a classificação para as etapas finais no último jogo da fase classificatória. Foi suado. Do abismo infernal cheirando a rebaixamento a perto de repetir as façanhas anteriores quando foi Bi-Campão do Interior deixando de disputar a final no “detalhe” costumeiro que separa os times de Interior daqueles poderosos das capitais.
Um sonoro dois a zero no Paraná Clube marcou o início do G. E. Brasil no Campeonato Brasileiro - Série B de dois mil e dezesseis. Este resultado já fez alguns anunciadores do apocalipse botar as barbas de molho porque o Time Xavante já saiu ganhando a primeira partida na competição nacional, mostrando que defenderia sua vaga contra tudo e contra todos.
Mas teve o auê da nova Arquibancada. Fica pronta; não fica; quando vai ser a inauguração? E aquele libera, não libera das metálicas? Tudo a fomentar o imaginário dos facebookianos, blogueiros e participantes do Forum Xavante. Incrível as trocentas alternativas, mas dinheiro que é bom, neca. Num feijão com arroz produtivo, Ricardo Fonseca,”O Presidente”, conduziu o Clube serenamente fazendo jus a mais uma reeleição. De dois mil e doze a dois mil e dezoito, se não bater o record na administração do G. E. Brasil ficará muito próximo.
Afora os resultados em campo, tivemos uma estrondosa vitória capitaneada pela construtora Porto 5. No dia quatro de novembro finalmente a primeira parte do novo Bento Freitas foi inaugurada. Em festa, o módulo Milton da Silva Peil, acolheu os Torcedores com chopp, refrigerante, pipoca e até churrasco. Fui um dos primeiros a chegar. Sem imaginar o drama vivido pela Direção e Comissão de Obras, peguei minha Canon e comecei a disparar o flash e a filmar o grande momento. Meu coração disparava de alegria sem saber que outros corações quase explodiam numa agonia descomunal. Inebriado pela bebida, pelos abraços dos amigos e pela felicidade do momento não percebia o que acontecia nas entrelinhas e no sorriso freado daqueles que mais batalharam para a conquista ora oficializada. A Obra estava pronta, vistoriada, entregue e inaugurada. O que faltava? Foi na explosão e no choro de Perceu e demais integrantes da Comissão de Obras que tudo se esclareceu. Faltava a liberação pela CBF. E esta aconteceu “aos quarenta e cinco do segundo tempo” como muitos diziam com lágrimas nos olhos. Que drama! “Força e vontade”, diz o nosso Hino e a recompensa veio através de um telefonema: “Está liberada! Está liberada!” gritavam. Choro e riso se confundiam atestando a felicidade geral da Nação Xavante.
Após a vitória contra o Paraná, perdemos por um a zero para o Atlético/GO lá no Serra Dourada e, apesar do resultado negativo, deu para ver claramente que o Time tinha condições de fazer um bom campeonato. Para animar de vez, os comandados de Rogério Zimmermann fizeram oito pontos na corrida. Dois a zero no Bragantino, um a um com o Goiás, um a zero no Paysandu e um a um com o Luverdense colocava o Brasil nas principais colocações da tabela com onze pontos.
Daí veio aquele três a zero para o Criciúma que nos deu um baita safanão. Pensam que a Torcida Xavante desanimou? Que nada! Quem tem Garra Xavante, Xavabanda e Máfia Xavante, não para de cantar porque nossas charangas sustentam a batida os noventa minutos. E foi sempre assim. Jogo a jogo, festa a festa, aqui no Bento Freitas ou nos estádios dos adversários. O Brasil nunca joga sozinho e em qualquer estado sempre vai ter aquele grito: “Eeeeêe! Rubro Negro vem aí. Eeeeêe! Rubro Negro vem aí.”. Festa, cerveja e churrasco, é com os Xavantes; em qualquer tempo e em qualquer lugar. E isto é fácil de explicar. Além das diversas “Organizadas” aqui na Princesa do Sul, temos Torcedores espalhados Brasil afora. Num País gigante, só as maiores cantam em qualquer lugar. E isto nós fazemos través dos Núcleos Onda Xavante, Invasão Xavante, XaSerra, Xasc, Xapa, Xapar, XavanRio, XaSampa, XaMinas, Xago e República Xavante o que garante a onipresença da Torcida Xavante. Talvez eu tenha esquecido de citar algum Núcleo e desde já peço desculpas.
E os pontos não paravam de chegar: Brasil um a zero no Tupi; Ceará três, Brasil zero (putz!); Sampaio Corrêa um, Brasil um; Brasil zero a zero com o Náutico; Brasil dois a um no Bahia; Londrina um, Brasil zero; Brasil dois a zero no Joinville; Vasco dois, Brasil zero; Brasil dois a dois com o Vila Nova/GO; Oeste um, Brasil um; CRB um, Brasil dois; e aquele Brasil três a zero no Avaí para fechar o primeiro turno com trinta pontos acalentando o sonho de Série A do maluco Xavante Munhoso.
O segundo turno começou com o Brasil tocando mais dois a zero no Paraná Clube. Eu estourava de felicidade e tentava convencer a todo o mundo de que o caminho para a Série A estava garantido. No fundo, sabia que a missão era muito difícil, mas fazia um contra-ponto aos “corneteiros” e “conformistas”. Aliás, isso merece algumas laudas à parte, mas vou deixar prá lá.
Brasil zero, Atlétigo/GO um em pleno Bento Freitas não foi fácil de aceitar, mas é do jogo e Bragantino zero, Brasil dois me deixou nas nuvens. Depois veio o Goiás e o Brasil fez valer a mística da Baixada e tocou dois a um num time que tinha fortes pretensões de voltar a Série A. O empate em um a um com o Paysandu lá no Mangueirão também foi um baita resultado e tudo corria nos conformes. Estávamos com quarenta pontos. Faltando mais cinco para atingir a pontuação necessária para garantir a permanência na Série B segundo o prognóstico dos entendidos do assunto. E eu nem aí, continuava a querer mais, muito mais.
Aí veio uma sequência de nove jogos com pouca pontuação e isto, para quem queria a Série A, foi um balde de água fria. Luverdense um, Brasil zero; Brasil um, Cricúma dois; Tupi um, Brasil um; Brasil dois a um no Ceará; Brasil um a um com o Sampaio Corrêa; Náutico dois, Brasil zero; Bahia um, Brasil zero; Brasil zero, Londrina um; e Joinvile um, Brasil um. Quarenta e seis pontos na trigésima terceira rodada. Faltavam ainda mais cinco, mas o campeonato embolou na parte de cima e o Brasil havia perdido fôlego. Claro que eu estava querendo demais para um grupo de Atletas que vinha no seu limite. Ao garantirem a pontuação necessária para a permanência na Série B de dois mil e dezessete possivelmente aconteceu um relaxamento natural, uma sensação de dever cumprido, ocasionando a queda de rendimento.
Mas futebol é uma caixinha de surpresas como dizem os entendidos e Eduardo Martini, Weldinho, Cirilo, Leandro Camilo, Marlon, Leandro Leite, Washington, Diogo Oliveira (Marcos Paraná), Felipe Garcia, Ramon (Gustavo Papa) e Jonatas Belusso (Nem) fizeram a festa em cima do Vasco da Gama. Numa tarde ensolarada, feliz e com um bom futebol, ganharam por dois a um; dois golaços. O primeiro foi feito por Diogo Oliveira e o segundo por Marcos Paraná. Ao final da partida a reação da Torcida Xavante foi de arrepiar. Reagindo a uma ação de um jogador vascaíno, o Estádio inteiro cantou: “Ooooooooooô! Tomate cru Vasco! Tomate cru Vasco! Tomate cru Vascoooooooôo! Ooooooooooô! Tomate cru Vasco! Tomate cru Vasco! Tomate cru Vascoooooooôo!”
Pela terceira vez no ano, o Brasil foi a Goiás e dessa vez perdeu por três a um para o Vila Nova/GO. Em seguida empatou com o Oeste no Bento Freitas em um a um. E no dia dezenove de novembro ganhou do CRB por um a zero jogando pela última vez na Baixada neste abençoado ano de dois mil e dezesseis.
Fechando o campeonato, foi a Santa Catarina enfrentar o Avaí. Com um empate de um a um, o G. E. Brasil terminou o Campeonato Brasileiro – Série B de dois mil e dezesseis com cinquenta e quatro pontos. Indiscutivelmente uma grande campanha atestando o acerto da Direção e da Comissão Técnica em apostar todas as fichas nesses Guerreiros que vestiram a Camisa Xavante com brio gravando, com certeza seus nomes na História do G. E. Brasil.
Além de garantir a participação do Brasil no Campeonato Brasileiro – Série B de dois mil e dezessete esse Time marcou quarenta gols, obteve quatorze vitórias e doze empates. Felipe Garcia com treze gols e Ramon com nove foram os artilheiros. E, mais uma vez, a Torcida Xavante deixou a sua marca indo a todos os jogos no Bento Freitas e em todos os outros estádios onde a Equipe Rubro Negra jogou.
E o fim do ano está chegando. Que ano! Como muitas vezes falei na minha eterna exaltação ao G. E. Brasil. Estou muito satisfeito com o resultado final e aproveito para parabenizar Ricardo Fonseca, nosso Presidente. Desde já, desejo a ele e a toda a Diretoria um Feliz Natal e Próspero Ano Novo. Sei que Ricardinho não vai ter tempo de descansar porque, corajoso e determinado como ele é, já tem uma nova Gestão pela frente. Que a Luz Divina e o sucesso continue a abençoá-lo.

Minha gratidão também à Comissão de Obras. Muito obrigado! O trabalho de vocês foi algo nunca visto na Princesa do Sul e o futuro há de honrá-los na eterna lembrança dos corações Xavantes. Estendo este agradecimento à construtora Porto 5 e aqueles doaram suas quotas de participação no terreno que propiciará a construção do novo Bento Freitas. Este berço que acalenta nossos sonhos e permite aos Torcedores Xavantes viverem a plena felicidade durante uma partida de futebol tendo como protagonista maior o G. E. Brasil.



sábado, 19 de novembro de 2016

Corrupção

“Hoje eu tenho a percepção de que se não houver combate a corrupção, tudo será corroído em relação ao ‘projeto Brasil’. A corrupção está na raiz de todos os males, como hospitais, saguão, fila, falta de professor, assalto em uma esquina… Em cada item existe corrupção, fraude nisso ou naquilo. Eu, por ser pessoa com visão do governo de dentro, desenvolvi essa percepção. E estou falando isso, que só agora está em evidência, há pelo menos quatro anos.

Não tem nada mais importante a ser combatido no Brasil que não seja a corrupção. Principalmente a corrupção na administração pública, contratos, construções e grandes obras. Vejo isso como principal. O Brasil está gastando dois ‘brasis’ para sustentar um Brasil.” - Jorge Barbosa Pontes (ex-diretor da Interpol no Brasil e delegado da Polícia Federal aposentado)
https://republicadecuritibaonline.com/2016/10/19/ex-diretor-da-interpol-sugere-transformar-lava-jato-em-divisao-fixa-da-pf/

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Dezenove de novembro, Dia da Bandeira e o que vejo? O verde, o amarelo, o azul e o branco tomados pela corrupção política num País com partidos faz de conta$.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Platão ou Aristócles, disse

"O destino dos bons que não fazem política é ser governado pelos maus que fazem".

O golpe é bem mais complexo que uma briga entre esquerda e direita

Raptei esta matéria do site www.ocafezinho.com conforme link devidamente destacado ao fim da mesma. A meu favor, devo dizer do meu desencanto aos partidos e políticos do nosso Brasil brasileiro. Sem mais nhenhenhem, vamos ao texto:



É estarrecedor o primarismo de alguns "jornalistas" ao reduzir o que ocorre no Brasil e no mundo a velha, mofada e ultrapassada peleja de esquerda vs direita. Se não for primarismo, é má fé mesmo.
O Comunismo teve seu fim decretado em 1989, com a queda do muro de Berlim. A partir dali a podre União Soviética ruiu e explodiu em dezenas de pedaços, jogando na lata do lixo tudo o que tinha aprendido em geografia.
O Capitalismo cantou vitória até 2008, quando uma fraude financeira espetacular nos USA quebrou o mundo e quase o trouxe à falência global. A partir dali as agências de rating mostraram a sua cara de serviçais dos interesses financeiros e a falta de regulamentação no mercado provou ser um dos maiores erros do berço do capitalismo.
A Esquerda extrema morreu. A Direita extrema se ridicularizou e faliu. Ambos jazem em covas não muito profundas, mas estão enterrados enquanto modelos econômicos de valia no mundo moderno.
Hoje em dia, o comunismo da China compra bancos e tem 4 deles entre os 10 maiores do mundo. Esse mesmo comunismo tem Bolsa de Valores e dança a ciranda do mercado financeiro como gente grande. Seu PIB rivaliza o dos USA e cresce a taxas invejáveis, independente dos problemas que possam ser apontados na sustentação desse crescimento. Os índices financeiros da comunista China determinam a economia mundial.
Nos USA, o prejuízo do desastre capitalista da fraude de 2008 foi socializado. O governo socorreu fartamente a iniciativa privada incompetente e criminosa com bilionárias verbas públicas, fazendo inveja ao nosso BNDES. De olho no aumento da pobreza USA, a administração Obama lançou o maior dos programas de medicina socializada do mundo: o Obamacare. Esse programa está estimado em US$1,3 trilhões (segundo a Money) para a próxima década - o PIB do Brasil vai ser gasto em saúde pública (nosso SUS) nos próximos 10 anos.
Eis a falência da discussão reduzida a esquerda vs direita. Dói ler artigos de "jornalistas" de ambos os extremos rebaixarem os problemas atuais a esta disputa bolorenta.
A discussão hoje é bem mais profunda, mas o tema central é muito simples de ser identificado. Diz respeito ao fracasso do Neoliberalismo como política econômica de distribuição de riquezas.
O Neoliberalismo, implantado com vigor nas eras Reagan e Thatcher, trabalhou na premissa de que ao incentivar o setor privado, sem qualquer ou com mínima interferência do governo, este criaria um ambiente econômico de fartura e crescimento para todos.
A transferência de dinheiro público (nossos impostos) ao setor privado sem qualquer regulamentação se provou um equívoco, pois os donos da iniciativa privada o usaram para aumentar suas fortunas pessoais. Descobriram que com a globalização (outra falácia), os mercados financeiros do mundo estavam à disposição para uma lucrativa especulação. Ficaram mais ricos as custas dos mais pobres.
O resultado do Neoliberalismo está disponível em números: nunca a concentração de riqueza foi tão acentuada na história do mundo. A organização não-governamental britânica Oxfam, baseado em dados do banco Credit Suisse relativos a outubro de 2015, mostrou que a riqueza acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial agora equivale, pela primeira vez, à riqueza dos 99% restantes. Eis o resultado prático de décadas de neoliberalismo.
Recentemente, o Neoliberalismo recebeu críticas de um de seus maiores defensores, o Fundo Monetário Internacional (FMI), em artigo publicado por três economistas da instituição. "Em vez de gerar crescimento, algumas políticas neoliberais aumentaram a desigualdade, colocando em risco uma expansão duradoura", argumentaram seus autores. O artigo pode ser lido aqui.
Com o aumento da desigualdade social, passamos a conviver com mais pobreza, menos educação, menos saúde, mais violência, menos moradia, mais miséria, mais protestos, mais manifestações, mais crise e todos aqueles problemas sociais que estamos fartos de saber. O mundo se tornou um lugar mais injusto e perigoso. E os 99% vivem isso na pele em menor ou maior grau, enquanto o 1% desfruta de suas regalias conquistadas com as verbas públicas – dinheiro dos 99%.
Portanto, senhores “jornalistas”, a discussão a ser abordada hoje em dia é sobre distribuição de riquezas – não é sobre esquerda e direita. O tema central é: que tipo de Economia precisamos ter para redistribuir as riquezas de forma mais justa.
Redistribuir riquezas de forma mais justa significa reduzir muito a política neoliberal que encheu o setor privado de dinheiro sem cobrar resultados econômicos. O problema aqui reside mais uma vez no setor financeiro. Este setor pegou as benesses do Neoliberalismo e saiu emprestando aos governos de diversos países para com esse dinheiro público (de graça) gerar mais dinheiro ainda e aumentarem absurdamente seus lucros. E saiu emprestando para todo mundo – e os governos saíram gastando em programas sociais diversos para combater o aumento da desigualdade social.
Os programas de combate à desigualdade social incluíam desde obras de infraestrutura, programas de empréstimos para Educação, programas de auxílio à aposentadoria, de moradia, de saúde socializada, etc. São dívidas contraídas juntos as entidades financeiras do mundo e aplicadas em programas que, na sua maioria, visam a sanar problemas do passado e agora. Muitos desses programas ignoraram o futuro ou simplesmente deram errado e aumentaram sobremaneira a dívida pública dos países.
A Trading Economics, no seu banco de dados, afirma que o quadro de dívida pública dos países do G7 chegou em 2015 ao seguinte:
  1. Japão – 229% do PIB
  2. Italia – 132 % do PIB
  3. USA – 104% do PIB
  4. Espanha – 99% do PIB
  5. França – 98% do PIB
  6. Canadá – 92% do PIB
  7. Região do Euro – 91% do PIB
  8. Reino Unido – 90% do PIB
  9. Alemanha – 72% do PIB
  10. Índia – 67% do PIB
O Brasil exibe uma dívida pública de 66% do PIB. A China 44% do PIB. A Rússia 17% do PIB. A lista completa pode ser vista aqui.
Ao ultrapassar 100% do seu PIB, um país atesta que a sua capacidade de gerar riquezas é inferior à sua capacidade de honrar compromissos. Não há como sua Economia pagar o que pegou emprestado para melhorar a sua Economia, salvo a exceção em que o dinheiro foi gasto em programas que permitirão o aumento de seu PIB mais à frente – o que não corresponde ao caso dos países mais endividados. A dívida do Japão, por exemplo, tem um componente pesado de previdência social para atender uma população envelhecida que não se renova.
Observem que o G7, considerados os países mais ricos do mundo, formado por Canadá, França, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, estão todos endividados de forma avassaladora, com a exceção a Alemanha. Esses países não dispõem de uma Economia capaz de saldar essas dívidas e a perspectiva é que não tenham como no futuro.
Reparem também que os países do recém-criado BRICS não compartilham essa inadimplência toda com o G7. Brasil, Índia, China e Rússia estão com dívidas públicas administráveis. No momento, suas respectivas Economias têm capacidade de honrar compromissos e suas respectivas dívidas são em prol de programas que visam o crescimento de seus PIBs – por exemplo, o programa de Pré-sal no Brasil.
E para quem esses países devem essa impagável dívida? Para o setor financeiro (Bancos e Fundos) e para outros governos, em diferentes moedas. Essa generalização toda desemboca nos maiores bancos do mundo, os quais estão por trás do setor financeiro credor, e representam a maioria dos que são classificados no 1% acima já mencionado.
Segundo a consultoria Brand Finance e a revista especializada The Banker, os maiores Bancos do mundo em 2015 são:
  1. Wells Fargo – USA
  2. ICBC – China
  3. HSBC – UK
  4. Banco da Construção da China – China
  5. Citi – USA
  6. Bank of America – USA
  7. Chase – USA
  8. Banco da Agricultura da China – China
  9. Bank of China – China
  10. Santander – Espanha
Sem capacidade para aumentar suas respectivas Economias, os governos dos países endividados colocam em risco a riqueza do 1% tão generosamente aumentada pelos anos de ouro do Neoliberalismo. E esse pessoal de forma alguma aceita reduzir sua criminosa margem de lucro (?) para redistribuir a riqueza do mundo.
O que fazer? Resposta: avançar sobre a capacidade de geração de riqueza de países/continentes economicamente em ascensão.
Tomando foco no Brasil, ao final de 2015, meses antes do dia da consumação do golpe no país, a economia brasileira era descrita pelos seguintes dados (fontes: PNAD, IPEA, IBGE, BC):
1) as reservas internacionais líquidas do Brasil são de US$ 377 bilhões (eram de apenas US$ 16 bilhões em 2002). Elas superam, com folga, toda a dívida externa do país, que é de US$ 333,6 bilhões, sendo que apenas 30% disso a curto prazo;
2) o Brasil é credor do FMI - o Brasil é credor externo líquido em US$ 42,7 bilhões;
3) a dívida pública líquida era 36% do PIB e a bruta 66% do PIB (em 2002 a dívida líquida era de 60% do PIB);
4) os investimentos externos produtivos (IED) no Brasil foram de US$ 75 bilhões em 2015, sendo equivalentes a 4,5% do PIB;
5) o Brasil tem o 7o. maior PIB mundial (era o 13o. em 2002);
6) o PIB per capita fechou em US$8.670 (era de US$2.800 em 2002);
7) a taxa de inflação está caindo e deverá fechar o ano, segundo o Banco Central, perto do teto da meta em 2016, ficando próxima de 6,5% no acumulado do ano. Para 2017, já se prevê uma taxa de inflação perto do centro da meta (de 4,5%);
8) o salário mínimo fechou em de R$824, equivalente a cerca de US$368 (era de US$158 em 2002);
9) o déficit externo, em transações correntes, fechou em 3,32% do PIB (caiu dos 4,31% de 2014) e continua caindo; e
10) o Superávit comercial foi de US$19,7 bilhões em 2015, já acumulou US$32,4 bilhões de janeiro a agosto de 2016, sendo que estimativas apontam que o mesmo poderá chegar a US$50 bilhões neste ano.
Dificilmente um cenário ruim, ainda mais quando comparado aos países endividados do G7.
Alguns “jornalistas” vendem esse cenário como “terra arrasada”, país quebrado, etc. Há problemas sim com a tendência de piora de alguns índices, mas nada que não possa ser corrigido ou que o país não tenha condições econômicas de assim fazer.
Eis que surge a encomenda do golpe no Brasil.
O setor financeiro enxerga no cenário atual, nos investimentos estratégicos realizados e nas possibilidades econômicas do Brasil, detentor de mais de 50% da economia na região, uma fonte de geração de receita para tapar o buraco da farra financeira que patrocinou aos países do G7 – agora sem qualquer garantia de retorno. A mesma perspectiva também ocorre em relação ao continente africano, hoje em disputa ferrenha com a China.
Não somente é necessário adquirir as fontes de riqueza do país alvo, como também reduzir ao máximo seus gastos em programas sociais e trabalhistas. Essa receita toda deverá ser migrada para o setor financeiro em risco de calote. Deverá ser transferida para as economias dos países esgotados. Deverá ser usada para gerar riquezas aos grandes devedores do mundo.
Então, a questão central é a seguinte: com equacionar o poder do 1% com as necessidades do 99%. Isso não necessariamente desemboca numa discussão ideológica de esquerda vs direita. E levar para essa disputa é retroagira aos tempos de guerra fria.
O fato é: a continuar essa exploração indevida e sem controle, sem espaço para o social sem ser na forma de esmola, o confronto interno será inevitável. Esse confronto não será, apesar de possível, necessariamente uma guerra civil.
Virá na forma do aumento da violência do 99% em cima de si mesmo e, transpostas as barreiras de segurança, em cima do 1%. Testemunharemos mais assaltos, mais roubos, mais crimes e mais mazelas sociais de que tanto tememos e que também afetará, consequentemente, o 1%.
Aceitar que nossos “jornalistas” não reportem isso é inadmissível numa era que envolve o descontrole da informação, a ponto de colocar tudo ao alcance de todos via Internet; a redefiniçao dos mercados econômicos com novas fontes de geração de receita e a crise ambiental que bate a nossa porta.
O Jornalismo deve a si mesmo esse alerta. Ou morreu de fato.